Filme do Dia: Frost/Nixon (2008), Ron Howard



Frost/Nixon (EUA/Reino Unido/França, 2008). Direção: Ron Howard. Rot. Adaptado: Peter Morgan, baseado em sua própria peça. Fotografia: Salvatore Totino. Música: Hans Zimmer. Montagem: Daniel P. Hanley & Mike Hill. Dir. de arte: Michael Corenblith, Brian O´Hara & Gregory Van Horn. Cenografia: Susan Benjamin. Figurinos: Daniel Orlandi. Com: Frank Langella, Michael Sheen, Sam Rockwell, Kevin Beacon, Matthew Macfadyen, Oliver Platt, Rebecca Hall, Toby Jones.

David Frost (Sheen) é um apresentador de televisão que, não levado muito a sério,  decide provocar um salto na sua carreira ao buscar produtores que banquem uma entrevista com o ex-presidente norte-americano Richard Nixon, pouco após sua renúncia.  Numa de suas viagens conhece Rebecca (Cushing), que se torna sua companheira.  Após 3 anos, a série de entrevistas finalmente ocorre, com Nixon recebendo mais de meio milhão de dólares pela empreitada. A equipe de produção demonstra desgosto pela atitude por demais cordial de Frost em 3 das 4 entrevistas. Na última, entretanto, após exaustivas pesquisas, ele consegue encurralar Nixon, que afirma se encontrar consciente de ter decepcionado toda uma nação e ser um político sem futuro.

Embora o fato de representar eventos e personagens da história recente, tais como A Rainha (2006), de Stephen Frears, com o mesmo Sheen, em interpretação aliás bastante semelhante, aqui se centra menos na evocação dos bastidores de uma batalha sobre popularidade, que do confronto, relativamente amistoso, mas intenso, entre o presidente e seu algoz.  As chances de interesse dramático se tornam mais reduzidas, o que acabam rendendo bons momentos quando esses efetivamente ocorrem, tal como o clímax da confissão de Nixon. Para reforçar certo realismo “documental”, ainda existem ocasionais inserções dos personagens dando seus depoimentos retrospectivamente para a câmera. Langella conseguiu uma interpretação nuançada que, com o relativo distanciamento com que tudo é observado, tende a crescer por sua contenção. Ainda que cacoetes típicos do personagem célebre retratado não tenham sido esquecidos, o puro mimetismo, tão louvado nesse tipo de caracterização, não parece ter sido, felizmente, o maior objetivo de sua caracterização. Sua montagem picotada, menos sugere algo de reflexivo, do que a urgência do tempo. Porém, o filme se preserva de habituais medidas milimétricas com relação, por exemplo, ao momento da última e mais esperada entrevista, que caracterizam o suspense habitual do cinema clássico. Langella e Sheen haviam vivido os mesmos papéis na peça em que o filme é baseado. Imagine Ent./Papillon Prod./Relativity Media/Studio Canal/Working Title Films para Universal Pictures. 122 minutos.

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