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Mostrando postagens com o rótulo 1930

Filme do Dia: A Idade do Ouro (1930), Luis Buñuel

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  A   Idade do Ouro ( L’Âge d'or , França, 1930). Direção: Luis Buñuel. Rot. Original: Luis Buñuel &  Salvador Dalí. Fotografia: Albert Duverger. Música: Luis Buñuel & Georges Van Parys. Montagem: Luis Buñuel. Dir. de arte: Pierre Schild. Com: Gaston Modot, Lya Lys, Caridad de Laberdesque, Max Ernst, Josep Llorens Artigas, Lionel Salem, Germaine Noizet Embora nessa segunda incursão de Buñuel pelo surrealismo no cinema (novamente com colaboração de Dali no roteiro) uma certa continuidade no enredo tome proporções maiores que em Um   Cão Andaluz , o cineasta parece bem menos interessado nessa que em detonar com algumas das convenções burguesas que particularmente abominava. Nesse sentido, embora o filme seja uma expressão perfeita de alguns instintos humanos mais básicos quando não recalcados, parece questionável sobrepor um teor  político sobre um tom marcadamente idiossincrático e anarquicamente anti-humanista. Entre os personagens que são insultados ou sofrem violência

Filme do Dia: Wara Wara (1930), José María Velasco Maidana

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  W ara Wara (Bolívia, 1930). Direção: José María Velasco Maidana . Rot. Adaptado: José María Velasco Maidana & Antonio Diaz Villamil, baseado na obra teatral La Voz de la Quena , de Antonio Diaz Villamil. Fotografia: Mario Camacho, José Jimenez & José María Maidana. Cenografia: Arturo Borda. Figurinos: Martha de Velasco & Alicia de Diaz Villamil. Com: Juanita Tallansier G., Martha de Velasco, Arturo Borda, Emmo Reyes, José Maria Melasco Maidana, Guillermo Viscarra Fabre, Damaso E. Delgado, Raul Montalvo, Juan Capriles, Humberto Viscarra M. Em meio a uma animada comemoração inca, Arawicu possui pressentimentos funestos. Ele afirma para o grupo que os deuses choram a rivalidade de seus descendentes, Huáscar e Atahuallpa, e que a ira divina propiciará que inimigos, provenientes do mar, abatam-se e provoquem a tragédia de seu povo. Curaca Calicuma se desgosta diante da visão pessimista de Arawicu e o envia à prisão. Wara Wara, filha de Calicuma, leva comida a um faminto Araw

Filme do Dia: Travessuras Árticas (1930), Ub Iwerks

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  T ravessuras Árticasctic Antics (EUA, 1930). Direção: Ub Iwerks. Dizem que Iwerks implementou o padrão que seria seguido pelas animações da Disney e essa animação parece ser a comprovação disso. Mesmo ainda destituída de cores, importa menos qualquer pretensão narrativa mais fechada, do que apresentar uma série de animais polares – incluindo um Mickey albino! – em coreografias, nas quais o movimento dos mesmos parece ser ditado antes pelo ritmo de sua trilha musical. Quando se fala em séries não se deve secundarizar o efeito, tal como nos musicais de Busby Berkeley, em que coreografias de pingüins, morsas ou o que seja, evoluem, e o   efeito “abstrato” que tal dimensão pode sugerir, menos pela representação gráfica do que resulta da coreografia coletiva, como em Berkeley , que pela recusa de personagens principais ou de uma trama narrativa mais conseqüente. Tampouco é incomum que tais grupos deixem de possuir elementos “anômalos” ao padrão homogeneizador – no caso dos pingüins, doi

Filme do Dia: Mariutch (1930), Dave Fleischer

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M ariutch (EUA, 1930). Direção: Dave Fleischer. Imigrante italiano se despede choroso de sua Mariutch apenas para descobrir que a mesma se apresenta em um espetáculo de vaudeville. Como é habitual na série, ocorre uma interrupção da ação, mais ou menos em sua metade, para que se acompanhe a letra e a canção, aqui prenunciada pela voz de um narrador. O número que Mariutch se encontra em vias de se apresentar sugere ser nada menos que de strip-tease , o que juntamente com os prolongados beijos molhados do casal quando de sua despedida demonstra o quão mais ousados tais desenhos eram do que se tornariam ao longo da década com a imposição do padrão Disney de animação e a vigência do Código Hays . Fleischer Studios para Paramount Pictures. 6 minutos e 50 segundos.    

Filme do Dia: (Segunda Versão) Sem Novidades no Front (1930), Lewis Milestone

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  (Segunda Versão)  S em Novidades no Front ( All Quiet on the Western Front , EUA, 1930). Direção Lewis Milestone. Rot. Adaptado Walter Anthony, C. Gardner Sullivan, Del Andrews, George Abbott & Maxwell Anderson, a partir do romance de Erich Maria Remarque. Fotografia Arthur Edeson. Montagem Edgar Adams. Dir. de arte Charles D. Hall & William R. Schmidt. Com Lew Ayres, Louis Wolheim,   John Wray, Arnold Lucy, Ben Alexander, Scott Kolk, Owen Davis Jr., Walter Rogers, William Bakewell, Russell Gleason, Slim Summerville, Beryl Mercer, Marion Clayton. Kantorek (Lucy) rapidamente convence seus pupilos, por si sós já demasiado motivados, a se alistarem e partirem para a frente de combate na França, durante a I Guerra Mundial. Um destes jovens é Paul (Ayres). Rapidamente este idealismo é posto à prova quando a Segunda Companhia, a qual servem ele e vários de seus conhecidos,   treinam sob o comando do ex-carteiro – a quem inicialmente e esporadicamente fazem questão de não le

Filme do Dia: Sem Novidades no Front (1930), Lewis Milestone

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  S em Novidades no Front ( All Quiet on the Western Front , EUA, 1930). Direção:  Lewis Milestone. Rot. Adaptado: George Abbott, Del Andrews, Maxwell Anderson & Walter Anthony baseado no romance de Erich Maria Remarque. Fotografia: Arthur Edeson &  Karl Freund. Música: David Broekman, Sam Perry & Heinz Roemheld. Montagem: Edgar Adams, Edward L. Cahn &  Milton Carruth. Dir. de arte: Charles D. Hall & William R. Schmidt. Com: Lew Ayres, Louis Wolheim, John Wray, Slim Summerville, Ben Alexander, William Bakewell, Russell Gleason, Walter Rogers, Beryl Mercer. Paul Baumer (Ayres) se entusiasma, como os outros alunos de sua classe, com a defesa apaixonada do alistamento militar proferido pelo professor. Juntamente com todos de sua turma resolve alistar-se, para o desespero da mãe (Mercer) e a felicidade do pai. Passam antes por um rápido treinamento sob o comando do sargento Himmelstoss (Wray), conhecido de todos como carteiro, mas que não deixa que o fato de ser conhe

Filme do Dia: O Morcego (1930), Yasuji Murata

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  O  Morcego ( Manga: Komori , Japão, 1930). Direção: Yasuji Murata. Rot. Original: Chuzo Aoji, a partir de seu próprio argumento. Houve um tempo em que os pássaros guerrearam com as bestas. Os morcegos ficaram do lado dos pássaros, porém quando esses deram mostras de perderem para as bestas, aproximaram-se das últimas. Com um acordo de paz firmado, as estratégias espúrias dos morcegos vieram à tona e tais animais, de tão envergonhados que ficaram, resolveram sair somente à noite. Talvez o que seja mais curioso nessa fábula moral, infelizmente com cartelas destituídas de tradução e virtualmente impossível de se compreender a trama sem o auxílio de sinopses externas à imagem, seja a ausência de personagens principais, função que aparentemente flerta com um outro personagem – tal como é o caso do rato que faz do gato seu cavalo – mas sem se deter nele. Além da presença de imagens incomuns na animação ocidental, tal como um guerreiro cortado em dois, por mais que posteriormente seu co

Filme do Dia: Tormenta (1930), Arthur Serra

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  T ormenta (Brasil, 1930). Direção e Rot. Original: Arthur Serra. Fotografia: Igino Bonfioli. Montagem: Pedro Piacenza. Com:  Álvaro Santelmo, Alda Rios, Waldy Braga, Severino Peixoto,  Victorio Nunes, Carlos Neron. Em Ouro Velho, Daniel (Santelmo), o filho de   Jacques , enraivecido com o grupo de amigos, liderado por Julio Guimarães (Neron),   que leva o pai de volta a um antigo vício, a jogatina, ameaça-os e tem como consequência    tiros por Julio, e um pai gravemente ferido. Esse, músico amador, quer deixar uma última composição sua para piano e, quando sente um último sinal de vida, corre para avançar sua composição, morrendo em meio ao esforço. Daniel se torna desgostoso da vida. Um dia que ameaça chover forte, Álvaro (Nunes) pede para pernoitar com a irmã Lucia (Rios). Enquanto Daniel passeia a cavalo com Álvaro, Lucia (Rios) aproveita a sua saída para fazer uma limpeza caprichada na casa. Daniel agradece a moça, que se encontra noiva, mas que afirma se tratar de um interess

Filme do Dia: Marrocos (1930), Josef von Sternberg

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  M arrocos ( Morocco , EUA, 1930). Direção: Josef von Sternberg . Rot. Adaptado: Jules Furthman , baseado na peça Amy Jolly , de Benno Vigny. Fotografia: Lucien Ballard & Les Garmes. Montagem: Sam Winston. Dir. de arte: Hans Dreier. Figurinos. Travis Banton. Com: Gary Cooper , Marlene Dietrich, Adolphe Menjou, Ullrich Haupt, Eve Southern, Francis McDonald, Paul Porcasi. A cantora de cabaré Amy Jolly (Dietrich) desperta o amor do milionário solteirão La Bessiere (Menjou) à caminho do Marrocos. Indiferente e descrente dos homens, no entanto, ela o ignora como ignora a todos. A situação muda de figura quando conhece o legionário Tom Brown (Cooper). O amor que se inicia entre ambos é interrompido pelo envolvimento amoroso de Brown com a mulher (Southern) de seu superior, Caesar (Haupt), que ordena que ele parta em perigosa missão. Dividido entre ir na missão ou desertar com Jolly, acaba partindo. Solitária, Jolly cede aos mimos de La Bessiere, com quem noiva. No dia que celebram o n

Filme do Dia: The Shindig (1930), Burt Gillett

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  T he Shindig (EUA, 1930). Direção: Burt Gillett. Como em outras animações de Mickey em preto&branco dessa época, o entusiasmo pelo uso do som faz menos com que os filmes se tornem extremamente dialogados tais como os seus contemporâneos filmados em ação ao vivo, presas das limitações técnicas na captação do som, do que fazer da música e da dança de seus personagens antropormofizados – aqui se trata de um baile para a bicharada com a presença também de Minnie, Clarabela e Horácio. Há uma dimensão mais sexualidaza na relação entre Minnie e Mickey que sofreria com a nova moral imposta pelo Código Hays – aqui, em diversos momentos enquanto toca piano, não deixa de também puxar a calça de sua namorada. Gillett foi diretor de inúmeras animações como as da série colorida do Gato Félix. Walt Disney  Prod. para Columbia Pictures. 7 minutos e 5 segundos.

Filme do Dia: Mulher...e Nada Mais (1930), Malcolm St. Clair

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  M ulher...e Nada Mais ( Montana Moon , EUA, 1930). Direção: Malcolm St.Clair. Rot.Original: Sylvia Thalberg, Frank Butler & Joseph Farnham. Fotografia: William H.Daniels. montagem: Carl Pierson & Leslie F.Wilder. Dir. de arte: Cedric Gibbons. Figurinos: Adrian. Com: Joan Crawford, Johnny Mack Brown, Dorothy Sebastian, Ricardo Cortez, Benny Rubin, Cliff Edwards, Karl Dane, Lloyd Ingraham. A socialite Joan (Crawford) decidida a retornar a Nova York após breve temporada no “exótico” Montana, onde a família possui um rancho, encontra-se casualmente com o cowboy Larry (Brown) e uma paixão fulminante surge entre ambos. Porém Joan não resiste em sair com seus esnobes amigos, dentre eles o playboy Jeff (Cortez), que é escorraçado por Larry. Indignada com o que ocorreu, Joan parte de volta de trem para Nova York, mas o trem sofre um assalto e Joan é sequestrada por ninguém menos que Larry. Tolo e rotineiro cowboy cantante -ao menos sob visada retrospectiva, já que aparentemente é

Filme do Dia: Maria do Mar (1930), José Leitão de Barros

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  M aria do Mar (Portugal, 1930). Direção: José Leitão de Barros. Rot. Original: José Leitão de Barros & António Lopes Ribeiro. Fotografia: Salazar Dinis & Manuel Luís Vieira.  Montagem: José Leitão de Barros. Com: Rosa Maria, Oliveira Martins, Adelina Abranches, Alves da Cunha, Perpétua dos Santos, Horta e Costa, Maria Leo, António Duarte. Maria (Maria) é filha do capitão de barco de pesca Falacha (da Cunha) que fica malvisto no povoado após um naufrágio em tempo ruim matar todos os pescadores com exceção dele próprio. Maria apaixona-se, no entanto, por Manuel (Martins), filho de Aurélia (Abranches). Quando casam as escondidas e depois vão buscar abrigo em casa das respectivas famílias, não são aceitos. Conseguem um lugar para viver e tem uma filha, que vem a ser atacada por um cão raivoso. O medo que a criança morra faz com que as famílias de ambos deixem de lado suas diferenças. Se é fato que sua tênue linha narrativa se vê algo contemplada ao final do filme, pode-se afi

Filme do Dia: Terra (1930), Alexander Dovjenko

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  T erra ( Zemlya , URSS, 1930). Direção, Rot. Original e Montagem: Alexander Dovjenko. Fotografia: Daniil Demutski. Dir. de arte: Vassily Krichevski. Com: Stepan Shkurat, Semyon Svashenko, Nikolai Nadensky, Yulyia Solntseva, Ivan Franko, Pyotr Masokha, Vladimir Mikhaljov, Nikolai Mikhaljov, Luka Lyashenko. Basil (Svashenko) decide revolucionar a pequena aldeia trazendo um trator motorizado para os camponeses, que sofrem todos os tipos de reveses pelo atraso em que vivem e dependência dos fazendeiros. O sucesso de sua empreitada provoca a fúria dos fazendeiros. Em uma noite em que comemora solitariamente os avanços na colheita agrícola pela comunidade, Basil é morto pelo fazendeiro Semyon (Nadensky). Seu pai, Opanas (Shkurat), indignado, consegue trasnformar o cortejo fúnebre do filho em um ato pela vida, esperança e transformação da realidade social da comunidade. O estilo panteísta de Dovjenko , em que o ciclo da vida e da morte ganha destaque, assim como sua poética das imagens

Filme do Dia: I´m Afraid to Come Home in the Dark (1930), Dave Fleischer

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I ´ m Afraid to Come Home in the Dark (EUA, 1930). Direção: Dave Fleischer. Se algumas das estratégias aqui utilizadas em nada são dessemelhantes a episódios produzidos muito tempo depois, nessa longeva série - aqui se tratando já do décimo oitavo episódio) que seria posteriormente levada adiante pelos Famous Studios em 1947, após 9 anos de encerrada a original – noutros, fica evidente se tratar de um outro momento, em termos de criação artística e também de moralidade. Produzida em p&b e traços básicos, boa parte da ação transcorre como que numa moldura de uma tela de cinema, sendo o efeito onipresente da auto-reflexividade incorporado na forma de gag,   de maneira mais sutil por uns poucos realizadores posteriores como Tex Avery. Da mesma forma, o tema aqui em questão é do marido que retorna para casa somente na manhã seguinte e tem que se defrontar com os reclamos da esposa. A canção (composta em 1907, onde aparentemente também se situa o universo aqui retratado), de fato,

Filme do Dia: Gente no Domingo (1930), Robert Siodmak & Edgar G. Ulmer

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G ente no Domingo ( Menschen am Sonntag , Alemanha, 1930). Direção: Robert Siodmak & Edgar G. Ulmer. Rot. Adaptado: Billy Wilder, a partir de reportagem de Curt Siodmak.  Fotografia: Eugen Schüfftan. Música: Otto Stenzeel. Dir. de arte: Moritz Seder. Com: Erwin Splettstösser, Brigitte Borchert,Wolfgang von Waltershausen, Christl Ehlers, Annie Schreyer. O motorista de táxi Edwin vive com a modelo Annie, com quem sempre está às turras e planeja passar o domingo na praia com o amigo Wolfgang, que faz um pouco de tudo. Wolf leva consigo sua nova namorada. Christl, mas ao lhe resistir os avanços, volta sua atenção para a melhor amiga dela, Brigitte, com quem se afasta e tem um momento de intimidade. Christl tampouco deixa que Edwin a toque. Quando retornam na embarcação que é uma espécie de pedalinho, flertam com duas garotas que se encontram em dificuldades por terem deixado cair o remo na água. A segunda-feira chega. Auto-proclamando-se um filme sem atores, certamente se bene

Filme: Sal para Svanetia (1930), Mikhail Kalatozov

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S al para Svanetia ( Jim Shvante (marili Svanets ), URSS, 1930). Direção: Mikhail Kalatozov. Rot. Adaptado: Mikhail Kalatozov, a partir do artigo de Sergei Tretyakov. Fotografia: Shalva Gegelashvili & Mikhail Kalotozov. Dir. de arte: Davit Kakabadze. Esse documentário encenado, impressionante em suas imagens épicas do esforço de toda uma população em torno da escassez do sal – tópico que, na verdade, só vem a ser aprofundado com o filme já bastante avançado, pode ser considerado legítimo herdeiro de uma tradição documental então recente que remete direto a Flaherty ( Nanook, o Esquimó ), afastando-se desse na composição das imagens, demasiado épicas e empostadas como as da ficção soviética contemporânea, notadamente Eisenstein , e negando qualquer concessão à alegre trivialidade que por vezes acompanha igualmente a rotina do esquimó de Flaherty . Aliás, a ausência do humor é uma característica notável, mesmo em se tratando de uma comunidade marcadamente tradicional. A respo

Filme do Dia: La Paloma (1930), Dave Fleischer

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L a Paloma (EUA, 1930). Direção: Dave Fleischer. Sendo uma das primeiras, senão a primeira, série sonora da indústria cinematográfica, Screen Songs e sua estratégia de enfatizar determinada canção com sua letra – no caso aqui a célebre canção-título de origem mexicana – acabaria por se tornar antiquada quando do surgimento de sua concorrente de influência avassaladora, a Silly Simphonies , sendo praticamente pouco lembrada e não tida em grande conta, o que não deixa de ser algo injusto tendo em vista senão este episódio alguns outros (como I’m Afraid to Come Home in the Dark ). Como naquele, ainda que de forma menos insistente, o personagem é observado através da própria moldura da tela de cinema e no seu maior momento de criatividade, as notas musicais de seu protagonista seresteiro se transforma numa escala/escada que permite que sua dama desça do balcão, numa evocação hispânica de Romeu e Julieta . No final,o herói é simplesmente devorado por um peixe que é devorado, por sua

Filme do Dia: Sangue de um Poeta (1930), Jean Cocteau

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  S angue de um Poeta ( Le Sang d´un Poète , França, 1930). Direção, Rot. Original e Montagem: Jean Cocteau. Fotografia: Georges Périnal. Música: Georges Auric. Dir. de arte: Jean-Gabriel D´Aubonne & Jean d´Eaubonne. Figurines: Coco Channel. Com: Enrique Rivero, Elizabeth Lee Miller, Pauline Carlton, Odette Talazac, Jean Desbordes, Ferdinand Dichamps, Féral Benga. Um poeta terá que passar por vários ritos para conquistar a imortalidade. Mesmo já apresentando aqui muitos dos efeitos visuais que sofisticaria em produções posteriores a esse filme – considerado juntamente com Um Cão Andaluz e A Idade do Ouro , ambos de Buñuel – como a melhor expressão do surrealismo no cinema, está longe de conseguir o mesmo resultado daqueles. Também produzido pelo Visconde Noilles e com narrativa talvez ainda mais obscura do que as livres associações dos filmes de Buñuel , é prejudicado pelo tom auto-indulgente e auto-elegíaco, repositório de clichês românticos, com que o universo artísti

Filme do Dia: O Piquenique (1930), Burt Gillett

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O Piquenique ( The Picnic ,   EUA, 1930). Direção: Burt Gillett. Esse curta, ainda que em p&b, no qual  Mickey e Minnie vão para um piquenique e levam também Pluto –aqui o cachorro de Minnie – enfrentando a chuva  e os animais que carregam toda a comida após um breve momento de diversão e dança demonstra a tendência que a animação pós-cinema sonoro enveredou, sendo Disney o modelo mais bem sucedido a apresentar a trilha a ser seguida por outros produtores, não tanto em termos dos traços dessa animação ainda um tanto toscos (o modelo de qualidade eram as Silly Simphonies ) ou na presença de uma certa dose de manifestações "eróticas" que se tornariam crescentemente dessexualizadas após o Código Hays, mas na soma de música, antropomorfização de animais longe de fazer menção ao universo social mais concreto (caso da série de Félix da década anterior) e um enredo mínimo, acrescentando posteriormente as cores. Aqui o número musical cantado pela dupla de ratos é seguido pe

Filme do Dia: Lábios Sem Beijos (1930), Humberto Mauro

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L ábios Sem Beijos (Brasil, 1930). Direção: Humberto Mauro. Rot. Original: Adhemar Gonzaga. Fotografia e Montagem: Humberto Mauro. Com: Lelita Rosa, Paulo Morano, Didi Viana, Gina Cavalieri, Augusta Guimarães, Alfredo Rosário.           Um grupo de mulheres da alta sociedade carioca está interessada em encontrarem seus pares. Lelita (Rosa), uma decidida feminista, apaixona-se por Paulo (Morano), que conhecera quando esse invadira o táxi em que se encontrava. Logo ficará abalada quando toma conhecimento que Didi (Didi), também se encontra encantada pelo mesmo homem. Furiosa com Paulo, rompe o namoro. Casualmente, no entanto, quando sai para passear com Didi e é abordada por um malfeitor, descobre que o noivo de Didi é outro rapaz, de mesmo nome. Lelita sela seu retorno com Paulo em cima de uma árvore, de onde se escondem de um boi que os perseguira.            Primeiras incursão de Mauro no cinema carioca, meia década após ter iniciado sua carreira, tendo sido convidado de