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Mostrando postagens com o rótulo Documentário

Filme do Dia: Manhattan Medley (1931), Bonney Powell

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  M anhattan Medley (EUA, 1931). Direção: Bonney Powell. (segunda resenha) Aparentemente bastante autoconsciente do ciclo recente de sinfonias urbanas que teve Nova York como modelo, esse curta revisita tanto motivos monumentais que já haviam sido ressaltados por suas antecessoras ( Manhatta , Twenty-Four Island ) como o transatlântico e os arranha-céus (inclusive o Empire State então recém-edificado, como igualmente a ideia de uma metrópole em constante mutação, voltando as imagens de retroescavadeiras em meio a construções que já haviam chamado atenção de Flaherty em seu curta de quatro anos antes, quanto apresenta, em aberto contraste, visões mais prosaicas da vida urbana, tal como fará seu contemporâneo A Bronx Morning , de Jay Leyda. Tal como no exemplo mais célebre do ciclo, Berlim, Sinfonia de uma Metrópole (1927), de Walter Ruttman, emula-se algo como um dia na metrópole moderna, indo da escuridão do amanhecer a escuridão da noite, adentrando no terreno da vida noturna e do

Filme do Dia: O País das Pornochanchadas (2022), Adolfo Lachtermacher

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  O País da Pornochanchada (Brasil, 2022). Direção ,  Rot. Original e Montagem Adolfo Lachtermacher. Sua estrutura é responsável pelo que traz de melhor e – ao mesmo tempo – de pior neste documentário, pois ela é elaborada a partir de uma “fala do eu”, associando a pornochanchada a sua vinculação pessoal-afetiva de seu realizador, filho de um realizador do gênero, e também participante como ponta numa delas, como ele mesmo apresenta. Mas ao mesmo tempo busca ser uma investigação sobre o gênero a partir da fala de especialistas ou pessoas vinculadas ao ciclo de filmes. No primeiro quesito se encontra Hernani Heffner. No segundo, o ator-produtor Carlos Mossy. Os Homens Que Eu Tive é citado entre os títulos do gênero, o que talvez não seja exatamente o caso. Há um comentário que corre todo o risco de ser uma intervenção datada, quando se compara à época das pornochanchadas com o ministro da educação de Bolsonaro Abraham Weintraub e sua evocação bizarra de uma cena de Cantando na Chu

Filme do Dia: Ready Any Good Meters Lately (1947), John Waterhouse

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  R eady Any Good Meters Lately (Reino Unido, 1947). Direção: John Waterhouse. Com: Richard Masssingham. Curta de propaganda que adverte para a necessidade de racionamento de combustível no pós-guerra. Massingham (também realizador de curtas similares, como Coughs and Sneezes ) vivencia várias situações para exemplificar a necessidade de racionamento, a mais memorável delas sendo entrar em uma banheira não muito cheia de água completamente vestido, que é também a primeira imagem do filme.   Massingham é entrevisto no sofá de sua casa completamente rodeado por lembretes suspensos que indicam “observe os seus medidores”, assim como o que o disco na vitrola repete sem parar, subtítulo dessa produção que não chega sequer a desenvolver estratégias de uma maior tentativa de contato com o público, como a do narrador que interage diretamente com os atores e cenas apresentadas tal como em Coughs and Sneezes . COI/Ministry of Fuel and Power/Public Relationship Films. 1 minuto.

Filme do Dia: The Queen of Basketball (2021), Ben Proudfoot

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  T he Queen of Basketball (EUA, 2021). Direção Ben Proudfoot. Fotografia Brandon Somerhalder. Música Nicholas Jacobson-Larson. Montagem Stephanie Owens & Ben Proudfoot. Documentário sobre um destaque no basquetebol feminino estadunidense dos anos 1970, a carismática Lucy Harris. Além de ter todos os elementos valorativos para um tributo revisionista, mulher e negra, Lusia “Lucy” Harris, ainda foi capturada pela voga militante da época. Então, conseguiu ajudar a implantar um time de basquete feminino na universidade para onde foi, e se tornou a única negra no time. Desde o início já prevemos se tratar dela, quando fala dela em terceira pessoa. Além dos depoimentos da própria Lucy, abundam imagens de arquivo de jogos e reportagens televisivas. Ela participou da primeira equipe feminina a jogar uma olimpíada, em Montreal. No terço final do curta vem a já esperada parte mais dolorosa de uma trajetória resumida em sorrisos por Lucy: a impossibilidade de crescimento profissional quand

Filme do Dia: A História Não Contada dos Estados Unidos - A Segunda Guerra Mundial (2012), Oliver Stone

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  A História Não Contada dos Estados Unidos – A Segunda Guerra Mundial ( The Untold History of United States. Chapter 1: World War Two , EUA, 2012). Direção Oliver Stone. Rot. Original Matt Graham, Peter Kuznick & Oliver Stone. Música Craig Armstrong. Montagem Alex Márquez. O que já se observa neste primeiro dos dez episódios da série é a relativa pobreza de recursos inversamente proporcional ao interesse de Stone pela história – ele admite, logo ao início, que foi estudioso da disciplina, em uma das poucas imagens que não são de arquivo do episódio. E   surpreende entre as primeiras imagens de arquivo a placidez com que o criador da bomba atômica, Robert Oppenheimer, se deixa capturar por uma câmera, conversando com assessores e adentrando, queira ou não, na imagética do show business . E as imagens da contagem final antes do disparo de uma experiência com uma bomba atômica. Abordando a Guerra Civil Espanhola, Stone observa que nenhuma nação ocidental enviou tropas para apoiar o

Filme do Dia: Saudações, Cubanos! (1963), Agnès Varda

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  S audações, Cubanos! ( Salut les Cubains , França/Cuba, 1963). Direção Agnès Varda. Fotografia Per Olaf Csongova, J. Marques & Agnès Varda. Montagem Janine Varneau. Varda (influenciada pelo contemporâneo La Jetée ?, lançado no ano anterior) transforma seu registro da revolução cubana, em uma soma de vários registros fotográficos. Uma experiência interessante, tratando-se de alguém com formação em fotografia. E a ganhar seu ápice, quando praticamente sincroniza a voz de um cantor cubano às fotos tiradas em sequência de frações de segundos do mesmo a cantar. Estendendo o gesto, com menor precisão, a seus passos de dança. Trata-se de Benny Moré, que logo Varda chocantemente irá nos situar ter morrido antes da conclusão deste curta – em decorrência de problemas vinculados ao seu alcoolismo, detalhe extraído de seu perfil. Outro momento de proeminência criativa de montagem, é o da chegada de um grupo de músicos, a executarem números “que talvez sejam uma rumba”, e a reação da pop

Filme do Dia: Alberto Cavalcanti (1970), Alfredo Sternheim

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  A lberto Cavalcanti (Brasil, 1970). Direção , Fotografia e Montagem Alfredo Sternheim. Documentário com gosto de “serviço público” de burocrático que é. Os filmes que Cavalcanti realizou para a vanguarda francesa são meramente citados e apresentadas algumas fotos. O realizador é entrevistado e afirma, de modo constrangedor, que o que ganhava como arquiteto era a mesma quantia da faxineira de seu apartamento, resolvendo então ser decorador. E seria um ótimo espaço para se aprender um pouco mais sobre a produção de Cavalcanti na França, para além do seu mais famoso Nada Além das Horas . E o mesmo vale para sua produção na Escola Documental Britânica, onde sequer se enfatiza o quão valoroso foi o trabalho de Cavalcanti para incrementar esteticamente esta produção, sobretudo através do uso original do som. O primeiro filme do realizador que aparece cenas é North Sea . De forma sutil, Cavalcanti dera a entender, pouco antes, que quem ditara os rumos aos quais se encaminharia o document

Filme do Dia: Retorno à Normandia (2007), Nicolas Philibert

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  R egresso à Normandia ( Retour en Normandie , França , 2007). Direção e Montagem: Nicolas Philibert. Fotografia: Katell Dijan. Nesse documentário, Phillibert (de Ser e Ter ) reencontra trinta anos após o elenco amador que protagonizou Eu, Pierre Rivière, Que Degolei Minha Mãe, Meu Irmão e Minha Irmã (1976), de René Alio. Alguns dos motivos que o levaram a ir atrás dos participantes da produção surgem logo ao início - o próprio Phillibert havia trabalhado enquanto técnico na produção, no início de sua carreira – outros ele deixa para o final – seu pai, assim como o próprio autor do livro a partir da biografia do próprio Rivière, Michel Focault, haviam feito pontas no filme que acabaram não chegando à versão final. Ao final, Philibert rende sua homenagem, incluindo sua participação não sonorizada no filme. Curiosamente, dado o relativo estado de conservação da cópia que foi aproveitada as imagens do filme dos anos 1970 para essa produção e a ausência de uma dissonância muito grande e

Filme do Dia: Boris Karloff: The Man Behind the Monster (2021), Thomas Hamilton

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  B oris Karloff: The Man Behind the Monster (EUA, 2021). Direção Thomas Hamilton. Rot. Original Thomas Hamilton & Ron MacCloskey. Fotografia Bruce Heinsius. Música Laura Forrest Hay. Montagem Anuree De Silva & Folasade Oyeleye. Maquiagem Jessica Fulmer & Peyton Yoder. Típico documentário hagiográfico que inicia com a associação de ícones do cinema enquanto personagens-monstros fatalmente associados a seus atores originais, nos filmes de terror da Universal (Claude Rains e o Lobisomem, Bela Lugosi e Drácula e, tema do documentário, Karloff e Frankenstein). Partindo para o momento final de sua carreira, e também de renascimento desta, com sua participação ao início de As Três Máscaras do Terror (1963), de Mario Bava. Guillermo Del Toro fala de sua influência deste filme sobre seu Chronos e um filme, que sua filha, de forte semelhança física com ele, Sara Karloff, fala que o pai indicara aos filhos, sua dublagem em Como o Grinch Roubou o Natal , curta dirigido por Chuc

Filme do Dia: Véio (2005), Adelina Pontual

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  V éio (Brasil, 2005). Direção: Adelina Pontual. Fotografia: Jane Malaquias. Música: Tomaz Alves de Souza. Montagem: João Maria. O universo literal do artista naïf sergipano é o de suas esculturas talhadas em madeira,  que respeitam igualmente o ciclo da vida, virando destroços e sendo substituídas por novos e com quem habitualmente conversa. Na sua fala, reflexões bastante peculiares sobre vida, morte, arte, etc. Pontual utiliza a montagem e a composição da imagem para observar com maior precisão a relação de uma obra entre outras – uma família ou um enterro, por exemplo – demonstrando que, como em sociedade, tais peças só podem ser compreendidas em seu conjunto. E igualmente para perceber sua inserção no próprio cenário natural que lhe dá entorno.|REC Prod. Associados/Chá Cinematográfico. 17 minutos e 32 segundos. 

Filme do Dia: L'Inde Fantôme: Dream and Reality (1969), Louis Malle

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  L ’Inde Fantôme: Dream and Reality (França, 1969). Direção: Louis Malle. Rot. Original: Guy Bechtel & Louis Malle.  Fotografia: Etienne Becker. Montagem: Suzanne Baron. Uma das surpresas agradáveis que acompanha a trajetória de quem assiste sequencialmente os episódios dessa série produzida para a TV, nesse que é seu quarto episódio, é que uma vez mais o risco de se cair em algo próximo dos documentários padrões ou reportagens extensas sobre locais “exóticos”, com sua estrutura segmentar de tópicos tidos como interessantes, vislumbrada sobretudo no segundo ( Things Seen in Madras ) felizmente se arrefece. E aqui, como o título já pode encaminhar uma hipótese de suspeita, trabalha-se com a divisão possível de ser pensada então, entre sonho e realidade, como se objetividade e subjetividade pudessem ser separadas. E com uma imersão nessa experiência de uma forma mais profunda, do que meramente fruto de um momento de catarse coletiva (como, uma vez mais, Things Seen in Madras ), co

Filme do Dia: Mulheres de Cinema (1976), Ana Maria Magalhães

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M ulheres de Cinema (Brasil, 1976). Direção e Rot. Original: Ana Maria Magalhães. Fotografia: José Antônio Ventura. Montagem: Gustavo Dahl. Aurora Fúlgida é a primeira a ter seu perfil destacado. Proveniente da Romênia, seu pseudônimo se encontra certamente associado a um chamariz erótico-parnasiano que a acompanha desde seu primeiro pepel no cinema em Lucíola (1917). Na Primavera da Vida (1926), filme tampouco sobrevivente de Humberto Mauro lança a diáfana Eva Nil, eulogizada pela revista Cinearte antes mesmo da estreia do filme. Embora filha de Pedro Comello e musa do Ciclo de Cataguazes, nasceu no Cairo. Após Barro Humano (1929), de Adhemar Gonzaga, outro filme perdido, abandona a carreira, mesmo após insistentes pedidos de Gonzaga. O documentário inclui sua carta de despedida quase uma antecipada, guardadas as infinitas proporções, do que fará Garbo tempos depois. Humberto Mauro se refere a Carmen Santos meio século após como “Dona Carmen”. As cenas do filme não mais existente de

Filme do Dia: A Verdadeira Glória (1945), Garson Kanin

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  A Verdadeira Glória ( The True Glory , EUA/Reino Unido, 1945).  Direção: Garson Kanin. Rot. Original: Paddy Chayefsky. Música: William Alwyn. Montagem: Robert Carrick, Bob Clarke, Jerry Cowan & Robert Verrell.  Dir. de arte: Roger K. Furse. Documentário que, fazendo uso das técnicas do filme de compilação, que haviam tido grande difusão após a série de longas dirigida por Frank Capra Why We Fight , aborda o avanço e posterior vitória das tropas aliadas na Europa. Com uma montagem impressionante em termos de velocidade e que consegue, inclusive, contornar as diferenças que acompanham material filmado por mais de 1.400 cinegrafistas diferentes, o filme provavelmente deve muito de sua dinâmica, que inclui uma original incorporação na banda sonora de depoimentos de diversos soldados e até civis que vivenciaram o conflito, a co-direção não creditada do britânico Carol Reed. O ritmo alucinado da montagem, que só encontra paralelos na história do cinema na produção ficcional soviéti

Filme do Dia: Noturno (1966), Alfredo Sternheim

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  N oturno (Brasil, 1966). Direção: Alfredo Sternheim. Fotografia: Rudolf Icsey. Montagem: Máximo Barro . Espécie de sinfonia urbana condensada, apresentando a noite da grande metrópole paulistana e o nascimento de um novo dia. Se a ênfase parece ser na diversidade de atividades que acompanham a urbe incessante em variados aspectos, do lazer ao trabalho – vida noturna, terminal rodoviário, futebol, corrida de carros, boliche, trabalho industrial em uma siderúrgica, escola de arte – o que poderia sugerir às odes à modernidade que representavam as sinfonias urbanas do período mudo (notadamente a mais célebre, Berlim, Sinfonia de uma Metrópole ), o efeito aqui parece ser inverso. A utilização de uma trilha musical predominantemente não assertiva e tendendo ou a melancolia (tema erudito) ou ao distanciamento (jazz moderno), associado a ausência de rostos ou pessoas aproximadas, sempre observadas mais a distância em suas atividades, constroem um retrato eminentemente asséptico e – ainda q

Filme do Dia: George Stevens: A Filmmaker´s Journey (EUA, 1984), George Stevens Jr.

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  G eorge Stevens: A Filmmaker’s Journey (EUA, 1984). Direção e Rot. Original George Stevens Jr . Música Carl Davis. Montagem Catherine Shields. Seu filho teve a sorte de produzir este tributo ao pai quando boa parte das estrelas que brilharam em seus filmes – há um outro sabor se observar uma cena de dança fenomenalmente fluida, ao mesmo tempo repleta de uma pantomima de forte significado narrativo em  Ritmo Louco , e depois ter os comentários dos dois participantes da cena, ninguém menos que Ginger Rogers &  Fred Astaire . Ou pouco antes se observar cenas de A Mulher que Soube Amar , seu primeiro sucesso, e os comentários da estrela do filme, Katharine Hepburn. E as impressionantemente excêntricas imagens de Gunga Din , primeira produção na qual fez imagens amadoras em 16 mm dos bastidores das filmagens. E que parece trazer ainda marcas de sua experiência com a comédia muda (foi quem capacitou o cinema conseguir filmar os olhos expressivos de Stan Laurel com uma película

Filme do Dia: A História Não Contada dos Estados Unidos - Paz Desperdiçada e a Nova Ordem Mundial (2012), Oliver Stone

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  A    História Não Contada dos Estados Unidos – Paz Desperdiçada e Nova Ordem Mundial ( The Untold History of the United States. Chapter 9: Bush & Clinton – Squandered Peace and New World Order , EUA, 2012). Direção Oliver Stone. Rot. Original Peter Kuznick, Matt Graham & Oliver Stone. Música Craig Armstrong & Adam Peters. Montagem Alex Márquez.   Inicia lembrando um curto período entre o final da década de 1980 e idos da seguinte que o mundo encontrava-se em situação praticamente destituída de grandes conflitos, com o final de vários deles vividos ao longo de vários anos (Nicarágua, Afeganistão, Irã x Iraque). Traz cenas dos filmes ficcionais O Resgate do Soldado Ryan , Pearl Harbour – ambos para discutir a exaltação americana em sua participação na Segunda Guerra, inclusive no quesito de maior fragilidade, quando foi atacado em seu próprio território. O pai de Bush representa um passado convenientemente esquecido e varrido para baixo do tapete na história americana,

Filme do Dia: Videogramas de uma Revolução (1992), Harun Farocki & Andrei Ujica

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  V ideogramas de uma Revolução ( Videogramme einer Revolution , Alemanha/Romênia, 1992). Direção e Rot. Original: Harun Farocki & Andrei Ujica. Montagem: Egon Bunne. Documentário que talvez seja menos sobre os eventos que findaram por depor e, posteriormente, assassinar, em tribunal sumário, o ex-ditador Nicolau Ceausescu e sua mulher, Elena que, a partir de imagens exclusivamente de arquivo, efetuar comentários sobre a natureza das imagens. E são uma variedade diversas de imagens, desde as oficiais igualmente captadas por outros ângulos até as colhidas clandestinamente, pelas frestas da janela e apenas posteriormente, com a revolução em curso, no meio das ruas (tal como a dinâmica dos que filmaram a Primavera de Praga como posto em No Intenso Agora ). O momento do discurso de Ceausescu em que explode a revolta é particularmente dissecado. Quando o tirano observa que há algo diferente em meio a impressionante multidão, sua fala é suspensa, a câmera treme, o som vem a ser cortado