Filme do Dia: Bagdad Café (1988), Percy Adlon
Bagdad Café (Out of Rosenheim, Al. Ocidental/EUA,
1988). Direção: Percy Adlon. Rot. Original: Eleonore Adlon,
Percy Adlon & Christopher Doherty. Fotografia:
Bernd Heinl. Música: Bob Telson. Montagem: Norbert Herzner. Dir. de arte: Bernt
Amadeus Capra & Byrnadette DiSanto. Cenografia: Byrnadette DiSanto.
Figurinos: Regine Bätz & Elizabeth Warner. Com: Marianne Sägebrecht, CCH
Pounder, Jack Palance, Christine Kaufman, Monica Calhoun, Darron Flagg, George
Aguilar, G. Smokey Campbell.
No
meio do deserto do Mojave, a alemã Jasmin (Sägebrecht) desiste de acompanhar o
marido em uma apocalíptica viagem pelos EUA e busca refúgio em um motel de
beira de estrada, o Bagdad Café. Lá divide seu espaço com um grupo de
excêntricos e desencantados com a vida como o cenógrafo aposentado de Hollywood
e pintor amador, Rudi Cox (Palance), a anti-social Debby (Kaufman) e a
mal-humorada proprietária Brenda (Pounder) e sua família. Aos poucos Jasmin,
com seu jeito doce e reservado, cativa a todos, inclusive a própria Brenda,
igualmente recém-separada do marido, o obcecado Sal (Campbell), que passa a
observa-la de longe. Tudo se dá através dos números de magia, que aprende
através de um manual. Ela e Brenda tornam-se a atração da região, chamando a
atenção de todos os caminhoneiros que por lá trafegam. No plano pessoal, Jasmin
desperta a paixão do solteirão Rudi, que a transforma em modelo de seus quadros
naïfs. O sucesso dura pouco, pois Jasmin
é denunciada por se encontrar excedendo o seu prazo como turista. Ao ir embora,
leva consigo toda a esperança que habita o motel. Porém algum tempo depois retorna,
para a felicidade de todos, menos de Debby, que abandona o local, insatisfeita
com tanta harmonia. Rudi a pede então em casamento.
Essa
comédia, que faz parte de uma trilogia que Adlon realizou com Sägebrecht, não
só é a mais famosa como a melhor da mesma. Ainda que se ressinta do tom
excessivamente sentimental e condescendente para com seus personagens e de um
humor extremamente esquemático para se tornar crível, o filme ainda consegue
ter ao menos uma dimensão de humor de que se ressentem as outras duas
produções. Para tentar acobertar sua própria fragilidade, o filme usa e abusa
de ângulos distorcidos, filtros que dão o tom hiper-realista da fotografia
(próxima da que outro alemão retratou em um filme que também foi locado em
cenários semelhantes, Paris, Texas) e a canção que se tornou um grande
sucesso, Calling You. Para todos os personagens o cineasta apresenta
alguns cacoetes básicos que lhes darão uma dimensão próxima do universo dos
quadrinhos. Assim o filho de Brenda, Salomo passa o tempo inteiro tocando o Prelúdio
em C Maior do Cravo Bem Temperado de Bach (interpretado pelo próprio
ator), outro residente passa o tempo todo jogando bumerangue, Rudi pintando
Jasmin, Debby lendo, etc. Não falta um
tom subliminarmente lésbico na relação entre as duas amigas, que se separam do
marido no mesmo momento, realçado pela indagação final de Rudi sobre o
casamento de ambos, que Jasmin retruca candidamente que irá consultar Brenda.
Curiosamente, Adlon tem na sua filmografia o muito denso Os Cinco Últimos Dias
(1979), que retrata os últimos dias
de um grupo de terroristas alemão condenados à morte. A versão americana é
cerca de 10 minutos mais curta que a alemã. BR/HR/Polemele Film/Pro-ject
Filmproduktion. 95 minutos.
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