Filme do Dia: El Despojo (1960), Antonio Reynoso
El
Despojo (México, 1960). Direção: Antonio Reynoso. Rot. Original: Juan Rulfo.
Fotografia: Rafael Corkidi. Montagem: Xavier Rojas.
Camponês oprimido, assassina o patrão e abandona
o local em que morava-trabalhava com a mulher e um filho enfermo. Atravessam
áreas desérticas e pequenos povoados, onde não recebem solidariedade de outros
populares. Findam por enterrar o filho que não resiste.
Curta seminal para o estabelecimento do cinema
moderno e de preocupações sociais na cinematografia mexicana. Como outra
produção-chave da produção moderna mexicana (La Formula Secreta) também
é vinculada ao escritor Juan Rulfo e dialogando também com a modernidade cinematográfica europeia em
termos de elaboração estilística e resistência a uma entrega fácil dos
elementos de sua fábula, assim como evidente ambiguidade em relação aos mesmos
– a exploração sexual da esposa pelo patrão, o retorno ao momento em que o
camponês é atingido por uma bala já próximo do final do curta. Chega a ser
tocante a percepção de quanto a tentativa de desfolclorizar figuras
regionalistas tradicionais, tal como observadas pela cinematografia padrão até
então se tornam um eixo comum dessa produção latina do período. Assim, esse
curta evoca as primeiras realizações do Cinema Novo brasileiro, e sua descrição
do camponês matando seu senhor imediatamente evoca Deus e o Diabo na Terra do Sol, da mesma forma que a caracterização
de tipos populares pretende se afastar o máximo possível de produções icônicas
como Maria Candelaria, assim como
Rocha pretendia fazê-lo de filmes como O Cangaceiro. Suas imagens da aridez da terra e a dura iluminação, por sua
vez, afastam-se do pictórico de Gabriel Figueroa para o filme de Emílio Fernandez
e aproxima-se da de filmes como Vidas
Secas, de Nélson Pereira dos Santos ou La Tierra Quema, de Raymundo Gleyzer. Cinefoto. 11 minutos e 54 segundos.
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