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Filme do Dia: Guernica (1950), Alain Resnais & Robert Hessens

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  G uernica (França, 1950). Direção: Alain Resnais & Robert Hessens. Rot. Adaptado: a partir do poema de Paul Éluard.  Fotografia: Henry Ferrand.  Música: Guy Bernard. Montagem: Alain Resnais. Esse curta documental que inicia com uma voz over (a cargo de Jacques Pruvost) quase tão distanciada quanto a do narrador de Las Hurdes (1932), sobre uma foto fixa que mais lembra o esqueleto devastado de uma maquete da cidade que dá nome ao título logo após o bombardeio-experimento deflagrado pela força aérea alemã (algo que não chega a ser citado pelo filme). Logo, no entanto, a voz masculina fria e distante cede a uma voz feminina (pela atriz Maria Casares) que declama um poema de Éluard. Nessa transição o filme perde, ao jogar no mesmo campo semântico voz feminina, arte e humanismo em contraposição à voz masculina, distanciamento emocional e fotografia, que aqui é observada como um retrato cru que pretensamente a arte alumiará com a expressividade própria de cada meio (poesia, pintura,

Filme do Dia: Toda a Memória do Mundo (1956), Alain Resnais

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  T oda a Memória do Mundo ( Tout la Mémoire du Monde , França, 1956). Direção: Alain Resnais. Rot. Original: Rémo Forlani. Fotografia: Ghislain Cloquet. Música: Maurice Jarre. Montagem: Claudine Merlin, Alain Resnais & Anne Sarraute. Por mais que exista um teor algo institucional em praticamente todos os curtas que Resnais realizou no período – um deles, menos conhecido e talvez dos mais interessantes, inclusive sendo efetivamente uma obra de encomenda para uma indústria, Le Chant du Styrène – não se pode negar o arrojamento formal dos mesmos, no caso em questão sobretudo em seus primeiros minutos, onde o cotidiano da Bibliotèque Nationale francesa é observado a partir de ângulos inusitados e com direito aos virtuosos travellings por seus corredores que de tão fluentes mais parecem duvidar da existência de um maquinário relativamente pesado que os efetuou. Ou ainda destacando as belas abóbodas do teto da biblioteca e suas estátuas. Passado algum tempo, acaba prevalecendo, no en

Filme do Dia: Van Gogh (1948), Alain Resnais

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V a n Gogh (França, 1948). Direção e Montagem: Alain Resnais. Rot. Original: Gaston Diehl & Robert Hessens, a partir da ideia do primeiro, baseada na história de vida do pintor. Fotografia: Henry Ferrand. Música: Jacques Besse. Várias produções já buscaram tirar partido do caráter único da obra pictórica de Van Gogh. Em alguns casos ficou-se com a evocação dos tons de sua paleta ( Sede de Viver ) ou mesmo a busca da reprodução mimética de seus quadros (um dos episódios de Sonhos , de Kurosawa ). Noutras, a própria estética do realizador é utilizada como principal componente visual como no longa de animação Com Amor, Vincent . Aqui, a trajetória biográfica do artista surge a partir de sua própria obra e estritamente preso a ela, em termos visuais. Tendo realizado uma série de curtas sobre pintores aos quais renegaria pouco após, Resnais talvez consiga o seu primeiro enfrentamento criativo digno de nota, conseguindo pela primeira vez algum reconhecimento crítico (o filme ganhar

Filme do Dia: Hiroxima, Meu Amor (1959), Alain Resnais

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H iroxima, Meu Amor ( Hiroshima Mon Amour , França/Japão, 1959). Direção: Alain Resnais. Rot. Original: Marguerite Duras. Fotografia: Michio Takahashi & Sacha Vierny. Música: Georges Delerue & Giovanni Fusco. Montagem: Jasmine Chasney, Henri Colpi & Anne Sarraute. Dir. de arte: Esaka, Antoine Mayo & Petri. Figurinos: Gerard Collery. Com: Emmanuelle Riva, Eiji Okada, Stella Dassas, Pierre Barbaud, Bernard Fresson.         Em Hiroxima, 14 anos após a explosão nuclear que a destroçou por completo, uma francesa, Elle (Riva), casada, torna-se amante de um japonês, Lui (Okada), igualmente casado. Na maior parte dos encontros, Elle recorda-se do primeiro amor que viveu, igualmente em 1945, na sua provinciana Nevres. O objeto de seu amor foi um alemão (Fresson), o que provocou desonra para ela e sua família e a morte para o alemão. Seu amante japonês, ainda que constantemente escorraçado por Elle, sempre retorna e busca saber algo mais do passado dela.         Extrem

Filme do Dia: Melô (1986), Alain Resnais

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M elô (Idem, França, 1986). Direção: Alain Resnais. Rot. Adaptado: Alan Resnais, baseado na peça de  Henri Bernstein. Fotografia: Charles Van Damme. Música: M. Philippe-Gérard. Montagem: Albert Jurgenson. Com: Sabine Azéma , Pierre Arditi, André Dussollier,   Fanny Ardant, Jacques Dacqmine, Catherine Arditi.                  Pierre (Arditi) e sua esposa Romaine (Azéma) - carinhosamente apelidada pelo marido de Dimanche recebem o amigo de longa data de Pierre, Marcel (Dussollier). Embora Marcel enfatize que eles parecem possuir uma felicidade que não lhe acompanha, apesar da fama - é um violonista de renome internacional - Romaine sente-se grandemente entusiasmada por ele, marcando um encontro no seu apartamento, fazendo questão que seu marido não seja convidado. No dia seguinte, os dois ensaiam no apartamento de Marcel, que após repudiá-la como vulgar num primeiro momento, pede que vá com ele para uma boate. Quando se encontram em clima romântico na boate, surge Pierre. Mesmo a

Filme do Dia: O Ano Passado em Marienbad (1961), Alain Resnais

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O  Ano Passado em Marienbad ( L´Année Dernière à Marienbad , França/Itália, 1961). Direção: Alain Resnais. Rot. Adaptado: Alain Robbe-Grillet, baseado no romance A Invenção de Morel , de Bioy Casares. Fotografia: Sacha Vierny. Música: Francis Seyrig. Montagem: Jasmine Chasney & Henri Colpi. Dir. de arte: Jacques Saulnier. Cenografia: Jean-Jacques Fabre, Georges Glon & André Piltant. Com: Delphine Seyrig , Giorgio Albertazzi, Sacha Pitoëff, Françoise Bertin, Luce Garcia-Ville, Héléna Kornel, François Spira. O que menos importa no filme é o enredo. Antes a forma como se configuram diversos tempos narrativos, flashbacks e flashbacks dentro de flashbacks que compõem a talvez mais intrigante tessitura já realizada com a montagem cinematográfica. As situações levam ao (re) encontro entre uma mulher (Seyrig) e um homem (Albertazzi), que alega ter desfrutado de sua companhia em outro local e a presença do provável marido da mulher (Pitoëff) nas imediações. Utilizando interpre

The Film Handbook#100: Alain Resnais

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Alain Resnais Nascimento : 03/06/1922, Vannes, Morbihan, França Morte: 01/03/2014, Paris, França Carreira (como diretor): 1946-2014 F igura de proa no desenvolvimento do cinema modernista, Alain Resnais parece recentemente retrocedido ainda mais em uma pretensiosidade hermética que leva em pouca conta as demandas do público mais amplo. Ao lidar repetidamente com os efeitos da memória e da imaginação sobre as paixões humanas, sua abordagem intelectual e quase abstrata da trama e de seus personagens previne o envolvimento emocional. Tendo já realizado filmes em 8 mm quando criança, Resnais se graduou em uma escola de cinema e se voltou para a produção de filmes amadores em 16 mm, muitos dos quais retratos documentais de artistas. Sua primeira obra profissional foi no mesmo campo, incluindo documentários sobre Van Gogh, Gaughin e o Guernica  de Picasso; mais indicativos de seu posterior desenvolvimento, no entanto, foram Noite e Neblina / Nuit et Brouillard   (que contrapõe em se
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" "Fazer filmes é bom, mas ver filmes é muito melhor" Alain Resnais