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Mostrando postagens com o rótulo Cinema Direto

Filme do Dia: Faces de Novembro (1964), Robert Drew

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  F aces de Novembro ( Faces of November , EUA, 1964). Direção: Robert Drew. Esse sensível curta-metragem de Drew procura menos ser fiel ao estilo de um tema, sobre o qual se tem acesso privilegiado aos bastidores do evento, como Primárias e Crise: Por Trásde um Compromisso Presidencial que observar, com um toque de poesia a reação aos funerais de Kennedy. A inclusão de certos planos como os de gotas de chuva no asfalto remetem ao precursor desse estilo, Joris Ivens com seu A Chuva , ainda que no caso em questão tal descrição de elementos poéticos do cotidiano se dá em conjunção com um dos momentos mais tensos da história americana, provocando um efeito intrigante. Em sua maior parte, está mais interessado em colher as impressões nos rostos anônimos que acompanham a cerimônia do que se deter sobre o staff presidencial, sendo tal efeito bastante evocativo dos curtas sobre partidas de futebol produzidos pelo Canal 100 no Brasil, no seu interesse tão ou maior (principalmente aqui) em

Filme do Dia: Em Jacskon Heights (2015), Frederick Wiseman

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  E m Jackson Heights ( In Jackson Heights , EUA, 2015). Direção e Montagem: Frederick Wiseman. Fotografia: John Davey. O veterano realizador do cinema direto se detém sobre a comunidade do Queens, condado de Nova York, que se arvora em ser a mais cosmopolita do mundo, com 167 línguas faladas e se a diversidade é ressaltada a todo momento pelo documentário – ainda que em alguns casos, de forma bem mais restritiva, como é com os muçulmanos, provavelmente por restrições impostas ao próprio realizador – e vai além da questão étnica, como é o caso do amplo espaço que se acompanha demandas da comunidade gay e transgêneros, tampouco se deixa de frisar, igualmente em amplo espaço, uma das questões que inquieta fortemente os pequenos comerciantes locais: o crescente interesse econômico por parte das grandes corporações pelo local, pela saturação de Manhattan e Brooklyn. Como Wiseman permanece fiel a suas estratégias estilístico-narrativas não é de se espantar que a fala pública, em grupos,

Filme do Dia: Crise: Por Trás de um Compromisso Presidencial (1963), Robert Drew

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  C rise: Por Trás de um Compromisso Presidencial ( Crisis: Behind a Presidential Commitment , EUA, 1963). Direção: Robert Drew. Fotografia: Gregory Shuker O filme enfoca a crise política em que o governo americano entra em conflito com o governador do Alabama, George Wallace sobre a decisão federal de integrar dois universitários negros, Vivian Malone e James Hood, que querem ingressar na universidade do estado. O retrato que Drew obtêm da crise é impressionante seja pela falta de dispersão – praticamente nada foge do foco em questão – seja, e principalmente, pela privilegiada visada aos bastidores do mais alto escalão governamental norte-americano, numa transparência   das estratégias políticas para administrar uma crise como provavelmente nunca foi ou voltará a ser flagrado por câmeras de cinema. Nesse sentido, surpreende-se as tensões e incertezas de John Kennedy estampadas em seu próprio rosto, observa-se a elaboração passo-a-passo de como driblar a oposição do governador Wallac

Filme do Dia: Jane (1962), D.A. Pennebaker

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  J ane ( Jane , EUA, 1962). Direção: D.A. Pennebaker. Fotografia: D.A. Pennebaker,  Richard Leacock, Gregory Shuker & Abbott Mills. Montagem: Nell Cox, Nancy Sen & Eileen Nosworthy. Nos bastidores para uma peça a ser estrelada por Jane Fonda, Pennebaker constrói mais um de seus filmes, em que menos interessa o glamour   do show-bizz, universo recorrentemente habitual em sua filmografia em delineamento então, que a tensão do processo, deixando a descoberto a face humana dos mitos. Aqui, o oponente aos retratados, a companhia teatral, e particularmente a sensível e insegura atriz em início de carreira é o ácido e criterioso crítico do Herald Tribune. Embora a proposta inicial do filme, ao menos enquanto esboçada por um narrador off seja a de uma contraposição equivalente entre Fonda e o crítico, algo semelhante aos bastidores das campanhas de Humphrey e Kennedy em Primárias , pouco se entrevê do mesmo e não se chega a filmar sua reação imediata à peça, com exceção de um solit

Filme do Dia: Grey Gardens (1975), Ellen Hovd, Albert Maysles, David Maysles & Muffie Meyer

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G rey Gardens (EUA, 1975). Direção: Ellen Hovde, Albert Maysles, David Maysles & Muffie Meyer. Fotografia: Albert & David Maysles. Montagem: Susan Froemke, Ellen Hovde & Muffie Meyer. Se os documentários realizados pelos Irmãos Maysles vinculados a concertos de rock ou personalidades da música ( Monterey Pop , Don’t Look Back ) assim como a um lado menos glamoroso da cultura norte-americana ( Caixeiro-Viajante ) se encontram mais fortemente próximos dos princípios do Cinema Direto, esse documentário que, ainda mais que Caixeiro-Viajante , apresenta um lado melancólico e oposto ao Sonho Americano – mãe e filha pertencentes a família de Jacqueline Bouvier Kennedy que vivem em condições de semi-miserabilidade em sua mansão em ruínas – também compartilha o caráter observacional daqueles. Ao contrário deles, no entanto, constrói o perfil das duas senhoras, ameaçadas de sofrerem intervenção das autoridades sanitárias, tal o grau de desleixo em que se encontra a propried

Filme do Dia: Lonely Boy (1962), Wolf Koenig & Roman Kroitor

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L onely Boy (Canadá, 1962). Direção: Wolf Koenig & Roman Kroitor. Fotografia: Wolf Koenig. Montagem: Guy L. Coté & John Spotton. Nesse documentário curto se segue as apresentações e a histeria das fãs de Paul Anka, jovem cantor canadense romântico, antecipando a perspectiva de documentários longos como Don’t Look Back (1965), mesmo que o clima de “intromissão” na intimidade dos eventos filmados pareça ser mais parcimonioso que nos documentários mais identificados com o cinema direto, ainda que flagrando ocasionalmente o ídolo somente de cueca nos camarins. Koenig&Kroitor parecem já fazer uma discreta sátira precoce das estratégias do cinema direto, assim como de seu ídolo pré-fabricado, que não se furta de revelar o quanto transformou seu próprio corpo, dos cabelos ao nariz, para se ajustar ao perfil de galã juvenil. A histeria maciça das fãs antecipa a dos Beatles. National Film Board of Canada. 27 minutos.

Filme do Dia: Meet Marlon Brando (1965), Albert Maysles & David Maysles

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M eet Marlon Brando (EUA, 1965). Direção e Fotografia: Albert Maysles & David Maysles. Montagem: Catherine Zwerin. Os Irmãos Maysles, no auge de seus documentários curtos e longos sobre personalidades, acompanham entrevistas concedidas por Marlon Brando , pretensamente para divulgar seu último filme, Morituri , mas que acabam servindo mais como passaporte para que Brando desfie seu charme para com as entrevistadoras mais jovens e belas ou, em alguns breves momentos, apresente um discurso “sério” sobre a defesa de minorias como os índios ou negros norte-americanos – a determinado momento ele interrompe uma entrevista para a TV francesa para indagar de uma transeunte negra se o governo americano está fazendo algo pela população negra do país. Ainda que possa se filiar a uma corrente do Cinema Direto que explora o culto às personalidades, sobretudo do mundo do entretenimento, tais como Jane (1962), de Robert Drew e Don’t Look Back (1967), de Pennebaker , sua pretensão aqui é b

Filme do Dia: Caixeiro-Viajante (1969), Albert Maysles, David Maysles & Charlotte Zwerin

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C aixeiro-Viajante ( Salesman , EUA, 1969). Direção: Albert Maysles, David Maysles & Charlotte Zwerin. Fotografia: Albert Maysles. Montagem: Charlotte Zwerin & David Maysles. Esse documentário, um dos marcos do Cinema Direto norte-americano, acompanha 5 vendedores de bíblia em suas duras jornadas de trabalho, sob o sol ou sob a neve. Ao contrário de outros luminares associados ao movimento, como Wiseman , que se especializou em efetivar panoramas críticos de instituições como hospitais psiquiátricos, hospitais, escolas ou o sistema penal, aqui se depara sobretudo com situações e personagens peculiares. Há uma evidente tensão e melancolia que vão em extrema oposição ao que é recitado nas reuniões de vendedores, uma mescla entre um discurso de  auto-ajuda pré-fabricado, tentativa de impor um otimismo inexistente e prédicas que mal conseguem disfarçar sua dimensão puramente econômica e liberal através de um discurso moral e até religioso – como é o caso de um dos vendedore

Filme do Dia: Titicut Follies (1967), Frederick Wiseman

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T iticut Follies (EUA, 1967). Direção: Frederick Wiseman. Fotografia: John Marshall. Montagem: Frederick Wiseman & Alyne Model. Esse controvertido documentário, um dos mais célebres títulos dirigidos por Wiseman , nome referencial no Cinema Direto americano, é menos sobre os efeitos da doença mental em pacientes internados em um manicômio do estado de Massachusetts como pensam alguns que – tema obsessivo e único da carreira do realizador – sobre o poder regulador das instituições sobre os indivíduos. Numa época em que análises sobre o hospital psiquiátrico enquanto Instituição Total e práticas e teorias associadas a anti-psiquiatria começam a florescer em diversas partes do mundo, Wiseman detém seu habitual olhar frio – que apenas agudiza ainda mais o tema a ser destacado do que se tivesse apelado para recursos sentimentais ou mais ordinariamente manipulativos – sobre sujeitos que sofrem um processo intenso de “despersonalização” de si mesmos. Nesse sentido,   mesmo o r

Filme do Dia: Law and Order (1969), Frederick Wiseman

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L aw and Order (EUA, 1969). Direção, Rot. Original e Montagem: Frederick Wiseman. Fotografia: William Brayne. Documentário produzido para a TV e que segue, de forma mais radical que alguns de seus antecessores, tais como aqueles sob a égide de Robert Drew ( Primárias , Por Trás de um Compromisso Presidencial ) e mais próximo talvez, em seu radicalismo observacional de filmes contemporâneos como Caixeiro-Viajante , dos Maysles Mesmo que maciçamente focado em seu estilo observacional tal como aquele – e que aqui diz respeito a pessoas que tem suas residências invadidas pela polícia ou sofrem alguma acusação policial, mas também momentos em que a polícia se apresenta como mediadora de conflitos ou como reforço assistencial, como é o caso da pequena garota negra que se perdeu de seus responsáveis – o filme, tal como o dos Maysles , não se escusa em fazer uma forte incisão pela montagem. Bem mais forte, em sua carga ideológica, que a presente no filme dos Maysles. Naquele, observa-