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Filme do Dia: Cabra Marcado para Morrer (1984), Eduardo Coutinho

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  C abra Marcado para Morrer (Brasil, 1984). Direção: Eduardo Coutinho . Fotografia: Fernando Duarte & Edgar Moura. Música: Rogério Rossini. Montagem: Eduardo Escorel. Esse documentário de Coutinho é não só um dos melhores do gênero, como um dos melhores filmes do cinema nacional em todos os tempos. Partindo em 1981, para reencontrar os membros do elenco do filme homônimo que reconstituía em ficção o assassinato do líder das Ligas Camponesas de Sapê, município da Paraíba, João Pedro Teixeira, morto a mando de latifundiários locais, em 1962, o cineasta consegue um pungente painel da realidade brasileira, sobretudo a dos camponeses nordestinos, em que política, memória, subjetividade e cinema se entremeiam com efeito ímpar. Iniciado em 1964, no Engenho Galileia, em Pernambuco, contando com a participação de Elizabeth Teixeira, viúva de João, a produção do filme foi interrompida com o golpe militar de alguns meses depois. Através do retorno da produção ao local, no entanto, não só

Filme do Dia: Últimas Conversas (2015), Eduardo Coutinho

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Ú ltimas Conversas (Brasil, 2015). Direção e Rot. Original: Eduardo Coutinho. Montagem: Jordana Berg. Uma série de entrevistas realizadas com estudantes que estão concluindo o nível secundário de estudos é o tema desse que é um documentário póstumo de Coutinho , finalizado por João Moreira Salles. Fazendo uso de dispositivo semelhante ao presente em seus últimos filmes, há uma câmera fixa que flagra depoimentos de pessoas que falam para Coutinho sobre questões envolvendo seus desejos mais prementes, a maior parte relacionados visceralmente com as figuras parentais. Como se trata de estudantes de escolas públicas há um perfil que sublinha em geral um contato mais próximo com a mãe, a ausência ou completo desconhecimento da figura paterna.   Mesclando lágrimas e histrionismo, às vezes nos mesmos depoimentos, Coutinho ouve sonhos, desabafos, incertezas e também silêncios – no caso de um dos depoentes, existe um visível constrangimento dele próprio com as lacunas de seu discurso.   A mol

Filme do Dia: Teodorico, o Imperador do Sertão (1978), Eduardo Coutinho

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T eodorico, o Imperador do Sertão (Brasil, 1978). Direção: Eduardo Coutinho. O que resiste de mais fascinante nesse documentário em média-metragem produzido para o Globo Repórter é o quanto a onipresença em termos de imagem e de som de um coronel tradicional do sertão nordestino brasileiro acaba representando igualmente seu domínio avassalador sobre a população miserável e sem instrução que trabalha para ele. Da religião à cultura, das práticas cotidianas ao comércio local, da política ao aprendizado profissional, tudo de certa forma passa ou passou pelas mãos desse homem que não apenas defende a ideia de um homem para várias mulheres (utilizando como exemplo os animais de sua fazenda) como ainda apresenta uma miscelânea de fotos de mulheres nuas que guarda em uma de suas paredes, ao mesmo tempo se emocionando quando fala de sua mulher, no momento da produção gravemente doente. Como posteriormente se tornará notório em boa parte das realizações documentais posteriores de Coutinho

Filme do Dia: Boca de Lixo (1993), Eduardo Coutinho

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B oca de Lixo (Brasil, 1993). Direção: Eduardo Coutinho. Fotografia: Breno Silveira. Música: Tim Rescala. Média metrage m que aborda pessoas que retiram sua sobrevivência do lixo que catam em um grande aterro situado em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro. Esse interessante documentário de Coutinho parece se enocntrar a meio termo entre Cabra Marcado para Morrer (1984) e uma produção crescentemente focada estritamente no depoimento tal como O Fim e o Princípio (2005). Do filme anterior ainda persiste uma certa manipulação com a montagem, ainda que em bem menor monta, quando se trata justamente do eixo de elaboração do outro, como quando os depoentes falam de algo ou alguma coisa e as imagens sobre o qual se referem acabam sendo inseridas – e aqui até mesmo a música de Roberto Carlos, torna-se   tema de um breve exercício de montagem que, ao som da música em questão, parece convidar o espectador a incluir seus personagens e ambiente sem o olhar sociológico, ex

Filme do Dia: Edifício Master (2002). Eduardo Coutinho

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E difício Master (Brasil, 2002). Direção: Eduardo Coutinho. fotografia: Jacques Cheuiche. montagem: Jordana Berg. No condomínio-titulo, situado em Copacabana,  o documentário apresenta uma rica e variada diversidade de tipos humanos que falam sobre aspectos de suas vidas, assim como descrevem como é viver no bairro. Procurando centralizar todas as atrações para as narrativas dos moradores, o cineasta tenta afastar-se de qualquer outro elemento, seja a trilha sonora ou efeitos rebuscados de montagem. O resultado, entre cômico e trágico, catártico ou calculado, sempre é marcado pelo humano e universal que está reproduzido nas falas mais diversas. De uma senhora que relembra a época “barra pesada” do prédio ao porteiro, que sonha constantemente com o pai adotivo que acredita ser seu verdadeiro pai, da sociofobica que não consegue encarar a câmera ao aposentado que delira emocionado ao som de My Way , do ex-tecnico de futebol que caiu no ostracismo ao tirar a roupa em protesto à

Filme do Dia: Moscou (2009), Eduardo Coutinho

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M oscou (Brasil, 2009). Direção: Eduardo Coutinho. Fotografia: Jacques Cheuiche. Montagem: Jordana Berg. Coutinho filma a magia teatral, a partir dos ensaios para a montagem de uma peça de Tchecov que não chegará a ser estreiada sob a direção de Enrique Diaz com um grupo teatral de Belo Horizonte. E, talvez o efeito mais fascinante do filme seja perceber a eclosão dessa magia justamente a partir de cenários ainda em construção. Ou seja, o quanto a força do imaginário do texto nos leva a considerar o mimetismo realista do mundo produzido pelo cinema como retórico e mesmo desnecessário (aproximando-se, por esse viés, de Dogville e Manderlay de VonTrier). O cinema capta tudo com sutileza, mas sem se apagar por completo. A determinado momento, a partir de um simples close em três das personagens femininas se dirigindo para um interlocutor/câmera, têm-se um momento de grande intensidade, que muito deve ao texto, mas talvez ainda mais ao silêncio e ao maravilhoso trabalho de expre

Filme do Dia: As Canções (2011), Eduardo Coutinho

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A s Canções (Brasil, 2011). Direção: Eduardo Coutinho. Fotografia: Jacques Cheuiche. Música: Valéria Ferro. Um grupo de selecionados interpreta canções que marcaram suas vidas. A maior parte desses selecionados é de pessoas de idade bem avançada, via de regra as canções estão vinculadas a uma relação afetiva heterossexual (apenas em dois casos, um homem e um jovem associam as canções com a mãe idosa, lembrando sua infância e ao pai já morto), e em um número considerável de casos tais canções acabam dizendo respeito a relações não concretizadas de todo por motivos diversos, nos quais a figura da mulher se refere a uma ausência masculina. As interpretações são marcadas pela intensidade e “entrega” ao momento que tem caracterizado a filmografia do realizador, que já gestou talvez obras em que tal entrega ganhava um viés mais passível ao ridículo, ou mesmo era menos intensa, como em muitos dos exemplos de Edifício Master . Aqui, blindadas de certo modo pela revelação do que aparenteme

Filme do Dia: O Fim e o Princípio (2005), Eduardo Coutinho

O Fim e o Princípio (Brasil, 2005). Direção: Eduardo Coutinho. Fotografia: Jacques Cheuiche. Montagem: Jordana Berg. Narrativas de pessoas idosas no sertão nordestino que revelam para o documentarista, conhecido por seu potencial em trabalhar com figuras anônimas e extrair delas algo de singular e tocante, reflexões sobre a morte, o amor, o passado e o futuro em que o horizonte da morte passa a se tornar uma realidade cada vez mais próxima. Ainda que os “personagens” não tragam em seus depoimentos nada de extraordinário, e talvez justamente por isso, o filme se torna um poético retrato de um mundo bastante marcado pela experiência “concreta” dos mesmos, representação ao mesmo tempo menos permeável a leituras limítrofes de experiências emocionais extremas ou da caricaturização involuntária dos “personagens” como em Edifício Máster . Entre as cenas mais interessantes, a que uma garota traça os limites da propriedade de sua família, numa dimensão cartográfica semelhante ao projet
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Fragmentos de uma resposta a uma mensagem de uma amiga

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na verdade estou tão passado que não tô nem conseguindo me concentrar para preparar as aulas da semana, que normalmente faço hoje. ainda estava tentando compreender a morte do Philip Seymour Hoffman, para mim o ator mais talentoso da sua geração nos EUA, quando Cris me mandou uma mensagem perguntando se eu tava sabendo. (...) talvez se fosse no Brasil de outra época se exibisse "Cabra Marcado para Morrer" na Globo, como uma forma até da gente repensar que país é esse e o quanto aqueles sonhos acalentados na época do processo de redemocratização acabaram naufragando nas ondas do mercado. Hoje em dia, com os imperativos comerciais que existem, acho muito pouco provável. Ele próprio foi funcionário da Globo por muitos anos e realizou um Globo Repórter sensacional que conheci agora recente, chamado  (sic) "Teodorico, O Imperador do Sertão", que está no you tube.

Morre Eduardo Coutinho

nossa! que domingo mais triste para o cinema! ainda não havia sequer digerido a morte de Hoffman e agora soube que Eduardo Coutinho foi assassinado! http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/02/cineasta-eduardo-coutinho-e-morto-facadas-no-rio.html