Filme do Dia: A Rainha (2006), Stephen Frears
A Rainha (The Queen, Reino Unido/França, Itália, 2006). Direção: Stephan
Frears. Rot. Original: Peter Morgan. Fotografia: Afonso Beatto. Montagem: Lucia
Zuchetti. Dir. de arte: Alan MacDonald, Matthew Broderick & Franck Schwarz.
Cenografia: Tina Jones. Figurinos: Consolata Boyle. Com: Helen Mirren, Michael
Sheen, James Cromwell, Sylvia Syms, Alex Jennings, Helen McCrory, Roger Allam,
Tim McMullan.
Em 1º de setembro de 1997, o mundo, e
particularmente a Inglaterra, é supreendida com a morte da Princesa Diana.
Enquanto o então recém-empossado primeiro-ministro trabalhista Tony Blair
(Sheen) procura conciliar uma estratégia de maior visibilidade e participação
da família real no evento junto ao choque coletivo nacional, Príncipe Philip
(Cromwell) parte para o Castelo de Balmoral com Elizabeth II (Mirren), Charles
(Jennings), a Rainha-Mãe (Syms) e os filhos de Diana. A pressão social,
impulsionada pelo clamor coletivo e a mídia deixam Elizabeth, acostumada a
regras morais rígidas em que a vida privada e a exposição à mídia não fazem
parte da agenda, confusa. Blair, por sua vez, que poderia tomar partido no
desgaste da monarquia, fortalecido que foi com o episódio, fazendo declarações
à imprensa logo quando soube do mesmo, prefere utilizar de cautela, para
espanto de sua mulher, Cherie (McCrory), nenhum pouco simpática à família real.
Elizabeth II dobra-se aos imperativos da ocasião e aos conselhos de Blair e
seus assessores e vindo a público fazer um pronunciamento de pesar, além de
descer do carro diante do palácio de Buckinghan, algo que não ocorria desde a
II Guerra Mundial.
Melhor filme de Frears desde Ligações Perigosas, beneficia-se de ir
além dos habituais filmes sobre celebridades calcados apenas no mimetismo dos
traços superficiais que compõem os retratados. Mais interessante é pensa-lo
enquanto o confronto entre dois mundos. De um lado uma aristocracia engessada
por seus próprios costumes, mas que possui princípios morais à toda prova, em
figuras como a própria Elizabeth II. Do outro uma nova sensibilidade política,
indissociável da mídia e carente de
ações dramáticas e lágrimas, tudo que a tradição da família real não pode
suprir. O filme teria toda predisposição a traçar um retrato caricato da
família real. Ele carrega sim na contraposição entre a antipatia impertinente
de Philip, o mais caricato entre os aristocratas, de um lado, e o discurso
anti-monárquico mais rasteiro da plebéia desengonçada que é a esposa de Blair,
com Tony como fiel da balança, capaz de uma sensibilidade insuspeita em
reconhecer os valores da monarca. Essa, por sinal, e talvez por isso mesmo,
consegue fugir da caricatura e ganhar uma densidade pouco usual para dramas
ocorridos há tão pouco tempo da produção desse filme. Entrecortado com inúmeras
imagens documentais, Mirren ganhou uma quantidade enorme de prêmios por seu
papel, incluindo o de melhor atriz no Festival de Veneza. Bim
Distribuizone/Canal +/France3 Cinéma/Granada Film Productions/Pathé Pictures
Int./Pathé Renn Prod./Scott Rudin Prod. 97 minutos.
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