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Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#23: Cinema Marginal

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  Cinema Marginal  (Brasil). Um grupo de jovens realizadores - na verdade, dois grupos, um baseado em São Paulo e outro no Rio de Janeiro - que reagiu contra a direção mais comercial que o Cinema Novo  estava tomando no Brasil - que é seu movimento em direção a um "Cinema Novo Rico". Também chamado udigrudi  por Gláuber Rocha , uma brincadeira com o termo inglês "underground", cinema maldito , e  cinema do lixo , o movimento do cinema marginal se inicioiu em 1967 com A Margem , de Ozualdo Candeias, filmado na região da Boca do Lixo e ao longo das margens do poluído Rio Tiête em São Paulo. A Margem foi protagonizado por dois casais: uma prostituta negra e um decadente homem de classe média, e uma mulher loura com um homem que coleta lixo. Ainda que o filme de Candeias proporcione o modelo para o cinema "marginal", apresenta seus protagonistas de forma simpática. Por outro lado, O Bandido da Luz Vermelha (1968) do paulista Rogério Sganzerla , radicalizou a

Filme do Dia: Nosferato no Brasil (1971), Ivan Cardoso

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N osferato no Brasil (Brasil, 1971). Direção: Ivan Cardoso. Rot. Original e fotografia: Ivan Cardoso. Com: Torquato Neto, Scarlet Moon, Daniel Más, Helena Lustosa. Seja na Hungria do século XIX (em p&b) ou no Rio de Janeiro dos anos 70, Nosferato (Neto) ataca várias mulheres, nesse filme considerado referência no cinema experimental nacional. Filmado em Super-8 com câmara na mão, não possui nenhuma preocupação de narrativa clássica ou apresentar verossimelhança (as cenas em que Nosferato mata um rapaz, percebe-se que a tábua que ele utiliza para matá-lo não chega nem perto de encostar na vítima) em suas cenas de violência (embora uma beleza, que mescla selvageria e lirismo, evocativa do próprio ato sexual, seja presente nos constantes ataques às mulheres) e a Budapeste do século XIX é visivelmente o próprio Rio dos anos 70. A mais bela cena é a que Nosferato ataca uma vítima no banco traseiro de um carro, enquanto a conotação sexual de seus atos encontra-se presente seja num

Filme do Dia: Orgia ou o Homem Que Deu Cria (1970)

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O rgia ou o Homem Que Deu Cria (Brasil, 1970). Direção: João Silvério Trevisan. Fotografia: Carlos Reichenbach. Montagem: João Batista de Andrade. Música: Ibañez de Carvalho. Cenografia: Walcir Carrasco. Com: Pedro Paulo Rangel, Ozualdo Candeias, Fernando Benini, Sérgio Couto, Janira Santiago, Jean-Claude Bernardet, Marcelino Buru, José Fernandes, Neusa Mollon, Jairo Ferreira, Cláudio Mamberti. Pobre agricultor mata o pai (Candeias) e sai em direção à cidade, encontrando diversos tipos com os quais pretende desbravar o Brasil como um homem que violenta e assassina um homossexual, um escritor (Bernardet) que se enforca após queimar seus livros, um travesti, um anjo, um rei, um padre, duas prostitutas, dois índios, um homem grávido. Na travessia até chegar à cidade eles encontram um local com mesa farta, onde o rei morre de indigestão. Mais adiante num cemitério, o homem grávido pare seu filho para a alegria geral. Enquanto todos festejam, os índios devoram a criança. O f

Filme do Dia: Bang Bang (1971), Andrea Tonacci

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B ang Bang (Brasil, 1970). Direção e Rot. Original: Andrea Tonacci. Fotografia: Thiago Veloso. Montagem: Roman Stulbach. Cenografia: Andrea Tonacci & Milton Gontijo. Com: Paulo César Pereio, Abrahão Farc, Jura Otero, Ezequiel Marques, José Aurélio Vieira, Thiago Veloso, Antônio Naddeo, Thales Pena, Milton Gontijo. Um homem (Pereio), uma mulher e uma quadrilha formada por uma mãe comilona, um filho cego que atira a esmo e outro narcisista. Não muito mais que isso é fornecido por esse filme sui generis de Tonacci que, mesmo enquadrado no estilo do que ficou conhecido como Cinema Marginal, muito se distancia dos clássicos Matou a Família e Foi ao Cinema e O Bandido da Luz Vermelha . Embora tenha em comum com o último o fato de canabalizar muitos elementos dos filmes de gênero americanos (a trilha sonora faz uso de compositores que produziram para o cinema americano como Andre Previn, Lalo Schiffrin e Henri Mancini), sinalizando para a influência em ambos de Godard, e can

Filme do Dia: Matou a Família e Foi ao Cinema (1969), Júlio Bressane

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M atou a Família e F oi ao Cinema (Brasil, 1969). Direção e Rot. Original: Júlio Bressane. Fotografia: Thiago Veloso. Montagem: Geraldo Veloso. Com: Márcia Rodrigues, Renata Sorrah, Antero de Oliveira, Vanda Lacerda, Paulo Padilha, Rodolfo Arena, Carlos Eduardo Dolabella, Guará Rodrigues. Um rapaz de classe média resolve matar os pais e ir assitir um filme no cinema. Duas garotas passam a se relacionar em uma casa de campo em Petrópolis. O assassino é vítima da tortura policial. Duas mulheres de classe média baixa possuem sua relação de amor condenada pela mãe de uma delas, que é assassinada pela própria filha. Um pai de família mata a esposa e o filho. As duas garotas da casa de campo matam uma a outra, num ritual de prazer e morte. Esse breve e sensível filme de Bressane pode ser considerado como uma das mais tocantes e originais realizações da cinematografia nacional, sendo um clássico do Cinema Marginal, ao lado de O Bandido da Luz Vermelha . Para tanto colaboram sua apa

Filme do Dia: A Família do Barulho (1970), Júlio Bressane

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A Família do Barulho (Brasil, 1970). Direção e Rot. Original: Júlio Bressane. Fotografia: Lauro Escorel & Renato Laclete. Música: Guilherme Magalhães Vaz. Montagem: Mair Tavares & Amaury Alves. Dir. de arte: Guará Rodrigues. Com: Maria Gladys, Wilson Grey, Helena Ignez, Grande Othelo, Poty, Guará Rodrigues, Kleber Santos. Uma “família” no qual um malandro e um mais frágil se relacionam com uma mulher debochada (Ignez). Os dois homens buscam, através de um homossexual (Othelo) conseguirem uma odalisca (Gladys) que irá resolver a vida deles. Porém, a odalisca se entende com a mulher debochada e partem ambas, voltando a situação inicial. Sem maiores preocupações narrativas, Bressane apresenta uma série de situações, a maioria das quais se repete ao longo do filme, fazendo uso de recursos diversos como a luz estourada semelhante ao efeito em negativo (explorada por Gláuber em sequências de Terra em Transe ), tela escura, fotos fixas que não possuem qualquer relação direta

Filme do Dia: Meteorango Kid, O Herói Intergalático (1969), André Luiz Oliveira

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Meteorango Kid, O Herói Intergalático (Brasil, 1969). Direção e Rot. Original: André Luiz Oliveira. Fotografia: Vito Diniz. Montagem: Márcio Cury e André Luiz Oliveira. Cenografia: José Wagner e Edson Grande. Com: Antônio Luiz Martins, Carlos Bastos, Milton Gaúcho, Antônio Vianna, Nilda Spencer, Ana Lúcia Oliveira, João Di Sordi, Sônia Dias, José Wagner, Manuel Costa Júnior.         No dia de seu aniversário, Lula (Martins), jovem estudante universitário que pretende fazer cinema lê revistas em quadrinhos em meio a pancadaria dos colegas, pensa em assistir um filme de Tarzan, fuma maconha com os amigos, transforma-se em super-herói à hora do almoço para enfrentar a caretice dos pais, vai ao enterro de um amigo homossexual que se suicidou e ao voltar para casa encontra, para seu desespero, a casa repleta de convidados.        Desde os alucinados planos iniciais que mesclam Janis Joplin e deambulação pelas ruas de Salvador à noite (aliás Joplin alimentou outros bons momentos d

Filme do Dia: A Mulher de Todos (1969), Rogério Sganzerla

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A Mulher de Todos (Brasil, 1969). Direção: Rogério Sganzerla. Rot. Original: Rogério Sganzerla, sobre o argumento de Egidio Eccio. Fotografia: Oswaldo Cruz Kemeny & Peter Overbeck. Montagem: Franklin Pereira & Rogério Sganzerla. Dir. de arte: Andrea Tonacci. Com: Helena Ignez, Jô Soares, Stênio Garcia, Paulo Villaça, Antônio Pitanga, Renato Corrêa de Castro, Telma Reston, Abrahão Farc.          Mulher de um ex-líder nazista e milionário, Doktor Plirtz (Soares), Ângela Carne-e-Osso (Ignez), é uma ninfomaníaca que se auto-define como o “máximo” e que viaja para a Ilha dos Prazeres, exercendo um fascínio dominador sobre todos os homens com quem convive. O que menos conta é o enredo nesse terceiro longa de Sganzerla, que mesmo longe de repetir a mesma inovação desconcertante de sua obra-prima, O Bandido da Luz Vermelha , demonstra que o seu talento estético para composições visuais sofisticadas, partindo praticamente do nada, permanece afiado. Com uma exuberante fotografia em

Filme do Dia: O Anjo Nasceu (1969), Júlio Bressane

O Anjo Nasceu (Brasil, 1969). Direção e Rot. Adaptado: Júlio Bressane, baseado no conto Comédia da Inocência . Fotografia: Thiago Veloso. Música: Guilherme Magalhães Vaz. Montagem: Mair Tavares. Cenografia: Guaracy Rodrigues. Elenco: Hugo Carvana, Milton Gonçalves, Norma Bengell, Maria Gladys, Carlos Guima, Neville D’Almeida.           Santamaria (Carvana) e Urtiga (Gonçalves) são dois marginais perigosos que, fugindo da polícia, invadem uma casa da classe média carioca, matando um homem e transformando a empregada e a dona de casa (Bengell) em reféns. Santamaria, que se encontra ferido na perna, acredita na chegada de um anjo e é mais violento, acreditando que sua violência o redimirá perante o anjo. Urtiga lhe segue como um cão fiel. Juntos, acabam matando as duas mulheres. Matam a seguir um homem para roubar um carro e também a mulher que presenciou o assassinato, após uma sessão de torturas. Santamaria indaga sobre o futuro de Urtiga após sua morte, mas esse se recusa em acredit