Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Ousmane Sembene

Filme do Dia: O Carroceiro (1963), Ousmane Sembene

Imagem
  O Carroceiro ( Boron Sarret , Senegal, 1963). Direção e Rot. Original: Ousmane Sembene. Fotografia: Christian Lacoste. Montagem: André Gaudier. Com: Ly Abdoulay, Albourah. Um dia na vida de um carroceiro (Abdoulay) que vive no subúrbio. Após suas orações e se despedir de sua mulher, dá carona a várias pessoas que encontra pelo caminho. Nega-se a sequer responder ao pedinte que lhe aborda quando descansa. Leva uma mulher grávida e seu marido ao hospital. Escuta e se emociona com o canto de um griô. Leva um homem com um recém-nascido morto para ser enterrado, mas o funcionário do cemitério afirma ao homem que ele deve ter a documentação necessária e impede o carroceiro de entrar. Enquanto o funcionário admoesta ainda ao homem, o carroceiro parte. Ele faz uma pausa à beira-mar e quando volta a se aproximar da carroça, depois de urinar, encontra um homem que lhe faz a insólita proposta de leva-lo ao centro da cidade, região  proibida aos carroceiros. Ele o leva, algo contrariado, mas com

Filme do Dia: Mandabi (1968), Ousmane Sembene

Imagem
M andabi (Senegal/França, 1968). Direção e Rot. Original: Ousmane Sembene. Fotografia: Paul Soulignac. Montagem: Gilbert Kikoïne & Max Saldinger. Com: Makhouredia Gueye, Ynousse N’Diaye, Isseu Nyang, Serigne Sow, Serigne N’Diayes,  Mustapha Ture, Farba Sarr, Moudon Faye, Mouss Diouf. Ibrahim Dieng (Gueye) é um senhor iletrado e desempregado que vive com dificuldades, alimentando-se e sendo cuidado por suas duas esposas (N’Diaye e Nyang) a partir de compras fiadas. Certo dia um carteiro (Faye) chega com uma missiva de um sobrinho (Diouf) de Ibrahim, que mora em Paris, com uma ordem de pagamento para Ibrahim. Rapidamente a notícia se espalha pelo bairro. Porém, quando Ibrahim vai tentar sacar a ordem, não possui identidade ou qualquer documento com foto. Na peregrinação para conseguir seus documentos é enganado por várias pessoas, incluindo o fotógrafo que pretensamente tira as fotos para o documento e um homem letrado a quem recorre, que lhe afirma ter assaltado e não lhe deix

Filme do Dia: Niaye (1964), Ousmane Sembene

Imagem
N iaye (Senegal, 1964). Direção e Rot. Original: Ousmane Sembene. Numa comunidade, família rapidamente se desintegra, após a matriarca, tida por si própria como de ascendência real, descobrir desgostosa que sua filha foi engravidada pelo próprio marido e que o filho, que havia ido combater junto ao exército francês na Indochina, retorna desequilibrado e sem sequer falar com ela. A velha se suicida. O filho mata o pai, enquanto a filha é relegada a atravessar o deserto apenas com seu filho, a quem ameaça abandonar ao solo árido, voltando atrás ao perceber as aves de rapina que sobrevoam o local. Terceiro curta do realizador, realizado após o primoroso  O Carroceiro , e comungando com aquele de um uso da banda sonora em que uma sonorização posterior traduz o que teriam sido os diálogos. Mas apesar desse elemento técnico-estético em comum, o filme se distancia bastante do anterior ao fazer uso de uma narrativa que ocorre no interior de um espaço comunal (mesmo que a relação submissa aos c

Filme do Dia: Guelwaar (1992), Ousmane Sembene

Imagem
G uelwaar (Senegal/França/Alemanha/EUA, 1992). Direção e Rot. Original: Ousmane Sembene. Fotografia: Dominique Gentil. Música: Baaba Maal. Montagem: Marie-Aimée Debril. Com: Mame Ndoubé Diop, Ndiawar Diop, Lamine Mane, Babacar Mbaye, Omar Seck,  Papa Momar Mbaye, Thierno Ndiaye Doss, Myriam Niang. Guelwaar (Doss), nome pelo qual ficou conhecido o ativista político Pierre Henri Thioune,   de fé cristã, assassinado por explicitar todo o conluio entre lideranças locais e a ajuda internacional para manter a população miserável na dependência, é enterrado equivocadamente em um cemitério muçulmano. Seu filho, Barthelemy (Ndiawar Diop), que se considera cidadão francês e reclama de tudo e de todos, sobretudo com o policial Gora (Seck), vai até a aldeia muçulmana onde o corpo foi enterrado. Enquanto isso, sua mãe   (Ndoubé Diop) chora as dores da perda do marido, assim como do sofrimento que ele lhe causou não poucas vezes, maldizendo igualmente seu filho aleijado e sua filha prostitut

Filme do Dia: Moolaadé (2004), Ousmane Sembene

Imagem
Moolaadé (Senegal/França/Burkina Faso/Camarões/Marrocos/Tunísia, 2004). Direção e Rot. Original: Ousmane Sembene. Fotografia: Dominique Gentil. Música: Boncana Naiga. Montagem: Abdellatif Raïss. Dir. de arte: Joseph Kpobly. Com: Fatoumata Coulibaly, Maimouna Hélène Diarra, Salimata Traoré, Dominique Zeïda, Mah Compaoré, Aminata Dão, Stéphanie Nikiema, Mamissa Sanogo. Num vilarejo muçulmano senagelês regido pela tradição e pela força do patriarcalismo, a ousada Collé (Coulibaly) consegue dividir a comunidade, com sua acolhida a quatro meninas que iam ser “purificadas” numa cerimônia de castração, algo que já havia suscitado quando decidira que sua filha adolescente, Amasatou (Traoré) não seria castrada. Ainda que Amasatou tenha sido prometida ao bem sucedido membro da comunidade recém-chegado de Paris, o casamento é proibido por seu pai, por conta da garota não ser purificada. Para refugiar as meninas, Collé invoca a Moolaadé, rito sagrado que impede as sacerdotisas de entrarem em

Filme do Dia: Ceddo (1977), Ousmane Sembene

Imagem
Ceddo (Senegal, 1977). Direção e Rot.Original: Ousmane Sembene. Fotografia: Georges Caristan. Música: Manu Dibango. Montagem: Florence Eymon. Com: Tabata Ndiaye, Moustapha Yade, Ismaila Diagne, Matoura Dia, Omar Gueye, Mamadou Dioumé, Makhouredia Gouye, Nar Modou, Ousmane Camara.          O rei dos Ceddo (Dia) faz um pacto com os muçulmanos, para o desagrado de boa parte de seus súditos, que sequestram  sua filha, a Princesa Dior (Ndiaye). Alguns pretendentes ao trono tentam libertar a princesa e são mortos. Enquanto isso, o Imã (Gueye) converte toda a tribo ao islamismo, batizando-os com nomes islâmicos, após aparentemente ter assassinado o rei. Algumas lideranças vão atrás de Dior, e essa retorna a aldeia assassinando o Imã, na frente de todos.         Sembene, pioneiro do cinema africano, investe em uma dramaturgia de contornos quase épico-teatrais, em que a fala ganha sempre uma dimensão que ultrapassa a individual, e os silêncios, por vezes de vários minutos (os primei