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Filme do Dia: Surfarara (1955), Vittorio De Seta

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S urfarara (Itália, 1955). Direção: Vittorio De Seta. Como nos outros curtas realizados no período, já nas primeiras imagens desse se percebe uma recorrência em termos temáticos (temas voltados para a cultura popular ou para profissões desempenhadas igualmente por populares na Sicília) e estilísticos (estilo observacional, ausência de voz over e entrevistas, utilização de cantos tradicionais, presença de texto sobre a imagem para situar o contexto do grupo em foco, filmado em cores e com uso de sistema anamórfico, aqui o francês cinepanoramic ). Pelo que se observa dos comentários escritos iniciais, o filme pretende igualmente ser um testemunho do trabalho de grande risco desempenhado por mineiros e que, via de regra, continua “obscuro” para boa parte da população, assim como as cenas no interior da mina terem sido filmadas a mais de 500 metros de profundidade. Também característico é o caráter de testemunho-denúncia algo abstrato, pois muito longe do engajamento de um documentário d

Filme do Dia: Parabola d'Oro (1955), Vittorio De Seta

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  P arabola d’Oro (Itália, 1955). Direção, Rot. Original e Fotografia: Vittorio De Seta. Já se inicia com duas recorrências que acompanham a série de curtas que dirigiu na Sicília, um letreiro explicativo, que procura dar uma contextualização ampla do local abordado, afirmando se tratar da Sicília central, enquanto observamos imagens de camponeses a colher o trigo. A outra recorrência, que trespassa ao menos em algum momento, todos os curtas, são os cantos tradicionais. Fazendo com que a trilha sonora convencional, enquanto elemento “exógeno” do que a imagem retrata, seja substituída por cantos provenientes da própria comunidade. Assim como pela ausência da voz over enquanto signatária habitual de um pacote de estratégias, e talvez uma das principais, a evocar a voz do saber de quem organiza as imagens de um documentário. E o filme parece emergir no tempo próprio desses trabalhadores e da atividade repetitiva que exercem, como o homem que instiga duas parelhas de cavalos a realizare

Filme do Dia: Pasqua in Sicilia (1955), Vittorio De Seta

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P asqua in Sicilia (Itália, 1955). Direção: Vittorio De Seta. Partindo de estratégias documentais de ponta à época, em estilo observacional-encenado, onde a presença de letreiros substitui a voz over com maior parcimônia (aqui fazendo uso sobretudo de transcrições do evangelho de Lucas), De Seta realiza uma produção documental em curta-metragem que se afasta do que era produzido na Itália, inclusive ao adotar fortes imagens em cores, onde se destaca o vermelho nas vestes, e o uso de lentes anamórficas para projeção em tela larga praticamente ausentes da produção ficcional e documental italiana do período – apesar de sua reclamação seguida de marginalidade em relação à cinematografia italiana. A pós-sincronização sonora, evidenciada no descompasso entre imagens e ruídos, prática habitual de então, torna-se também um instrumento de construção rítmica, através dos tambores ouvidos ao longo do curta. O motivo aqui é a encenação em aberto da Paixão em um vilarejo siciliano, ao qual se

Filme do Dia: Lu tempu di lu Pisci Spata (1955), Vittorio De Seta

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L u Tempo di li Pisci Spata (Itália, 1955). Direção, Rot. Original, Fotografia e Montagem: Vittorio De Seta. Como nos outros curtas que realizará no período, esse sendo o primeiro, De Seta faz uso de recursos estilísticos similares, abdicando da voz over que impregna o documentário clássico e buscando um estilo mais próximo do observacional com maior ou menor grau de encenação – evidentemente sem atores profissionais e realizada no local de moradia e ação dos mesmos – para a câmera. Os primeiros letreiros já anunciam que todos os sons registrados o foram no local e em seu ambiente verídico de realização. Os enquadramentos – como   o que flagra apenas a cabeça e chapéu de um homem a observar um barco a determinada distância, com a imensidão azul das águas do Estreito de Messina, a separar não apenas o objeto de olhar de quem o observa, duplicando o olhar do espectador, mas igualmente a Calábria da Sicília – são deslumbrantes e grandemente criativos. Os cantos de pesca já se anunc

Filme do Dia: Cartas do Saara (2006), Vittorio De Seta

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C artas do Saara ( Lettere dal Sahara , Itália, 2006). Direção e Rot. Original: Vittorio De Seta. Fotografia: Antonio Grambone. Música: Ismaël Lô. Montagem: Marzia Mete. Com: Djibril Kebe, Paola Ajmone Rondo, Fifi Cisse, Thierno Ndiaye. Assane (Kebe) é um refugiado senegalês que é salvo pela polícia italiana quando, juntamente com outros imigrantes, é jogado ao mar, próximo à costa. Quando se encontra em vias de ser deportado para seu país, foge e vai  de encontro a um parente que vive em situação de extrema penúria. Abandona-o para ir encontrar a prima Salimata (Cisse), hoje modelo. Porém, apesar de bem recepcionado, o fato de viver com um homem sem ser casada provoca o inconformismo de Assane que resolve partir para Turim, onde ouviu vagamente sobre condições de trabalho. Lá é auxiliado por uma professora de italiano, Caterina (Rondo), que consegue regularizar minimamente sua situação no país e transforma um jovem senegalês em seu irmão mais jovem. Porém, a violência sofrida na

Filme do Dia: Banditi a Orgosolo (1961), Vittorio De Seta

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Banditi a Orgosolo (Itália, 1961). Direção: Vittorio De Seta. Rot. Original: Vittorio De Seta & Vera Gherarducci. Fotografia: Vittorio De Seta, Marcello Gallinelli & Luciano Tovoli. Música: Valentino Bucci. Montagem: Jolanda Benvenuti. Figurinos: Marilú Carteny. Com: Michele Cossu, Pepeddu Cossu, Vittorina Pisano. Pastor de ovelhas que vive numa pobre região da Sardenha chamada Orgosolo, Michele (Michele Cossu) sofre uma reviravolta na sua vida quando um grupo de criminosos se hospeda temporariamente em sua choupana com um bando de porcos roubados. Com a polícia em seu encalço, Michele prefere partir com o irmão mais novo, Pepeddu (Pepeddu Cossu) para um outro local carregando seu rebanho. Quando se encontram próximos de lá chegar, o irmão começa a passar mal e o rebanho todo não aguenta a sacrificada trajetória. Michele retorna a cidade e sabe que a sua situação é crítica, pois além da polícia, ele deve pagar o que empenhou no rebanho ou perderá a própria casa. Desesp