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Filme do Dia: O Amor Existe (1960), Maurice Pialat

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  O   Amor Existe ( L’Amour Existe , França, 1960). Direção e Rot. Original: Maurice Pialat . Fotografia: Gilberte Sarthre. Música: Georges Delerue. Montagem: Kenout Peltier. De imediato, desde suas primeiras imagens, duas coisas chamam a atenção nesse curta de início de carreira do realizador: seu aparente deslumbramento com a possibilidade de expressão subjetiva de seu protagonista, algo que começava a se transformar numa coqueluche mundial e tinha na França um dos realizadores na vanguarda desse quesito então (Alain Resnais), mas que logo se demonstrará ser um logro, e a virtuosidade precisa de seus enquadramentos através de fluidos movimentos de câmera, ainda que não tão diretamente vinculados à memória como em Resnais . De forma que talvez possa parecer aos incautos insconscientemente inorgânico o curta mistura uma verve de memória nostálgica e pessoal, como os que passeia por locais outrora repletos de vida e hoje (no momento em que foram registrados pelo curta) fantasmáticos c

Filme do Dia: Maître Galip (1964), Maurice Pialat

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  M aître Galip (França, 1964). Direção: Maurice Pialat . Rot. Adaptado: A partir do poema de Nazim Hikmet. Fotografia: Willy Kurant. Ainda mais que em Pehlivan , centrado em tema único, esse curta de Pialat do momento inicial de sua carreira, também ambientado na Turquia, toma as palavras de um poeta como passaporte para olhares menos centrado ou mais dispersos sobre motivos vários. Complementa a poesia um canto tradicional e é da complexa tessitura entre o canto e sua música, a poesia e as imagens da primavera escaldante em Istambul que o curta trafega. Às crianças, entrevistas em meio a multidão em Pehlivian ,  observa-se com peculiar atenção, bem antes mesmo do narrador atentar para uma passagem do poeta que faz referência aos seus cinco anos de idade. Seus rostos miúdos surgem inicialmente valorizados apenas por si próprios. Posteriormente vinculados a passagem dos anos pelo poeta, como referido e aí, quando a idade adulta chega, é a preocupação com o trabalho que se torna pre

O Dicionário Biográfico de Cinema#71: Maurice Pialat

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  Maurice Pialat (1925-2003) n. Cunlhalt, França 1 960: L'Amour Existe  [ O Amor Existe ] (c). 1964: La Flêur de l'Âge, ou les Adolescentes . 1969: L'Enfance Nue  [ A Infância Nua ]. 1971: La Maison des Bois  (TV). 1972: Nous Ne Veillirons Pas Ensemble  [ Nós Não Envelheceremos Juntos ]. 1974: La Gueule Ouvert  [ Ferida Aberta ]. 1979: Passe Ton Bac d'Abord [ Antes Passe no Vestibular ]. 1980: Loulou. 1983: À Nos Amours [ Aos Nossos Amores ]. 1985: Police  [ Polícia ]. 1987: Sous le Soleil de Satan  [ Sob o Sol de Satã ]. 1991: Van Gogh . 1995: Le Garçu . 1997: Les Auto-Stoppeuses . O crítico francês Jean Narboni uma vez escreveu sobre a interpretação de Pialat como policial - em Que La Bête Meure [ A Besta Deve Morrer ] (69, Claude Chabrol ), que ela foi "massiva, abrupta e incrivelmente gentil." A descrição se aplica a obra de Pialat enquanto diretor, assim como parece se adequar ao bastante controverso realizador em pessoa. Ele podia ser confrontador e arr

Filme do Dia: Pehlivan (1964), Maurice Pialat

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P ehlivan (França, 1964). Direção e Rot. Original: Maurice Pialat . Fotografia: Willy Kurant.  Montagem: Bob Wade. Tradicional luta turca entre homens de corpos besuntados de óleo se dá diante de uma arquibancada com uma pequena multidão. Esse curta de Pialat , principalmente ao início, parece quase aderir a esses corpos que interagem enfiando a mão na parte traseira da calça do adversário como um dos gestos-chaves ou mesmo da frente – o que a voz over vem a comentar, justificando imagens anteriormente observadas de um dos contendores derramando o óleo por dentro da própria calça. Em paralelo ao exibicionismo masculino, como observação do comentador, existe apresentações de dança de mulheres e é curioso se observar o contraste entre o que, no caso masculino, é observado como um jogo, por mais que o contato entre os corpos traiam uma forte dimensão homo-erótica não explicitada (talvez Claire Denis tivesse conhecimento desse curta antes de realizar seu Bom Trabalho ) e, no caso fem

Filme do Dia: Sob o Sol de Satã (1987), Maurice Pialat

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S ob o Sol de Satã ( Sous lê Soleil de Satan , França, 1987). Direção: Maurice Pialat . Rot. Adaptado: Sylvie Danton & Maurice Pialat, baseado no romance de George Bernanos. Fotografia: Willy Kurant. Música: Henri Duttileux. Montagem: Yann Dedet. Dir. de arte e Cenografia: Kátia Vischkof. Figurinos: Gil Noir. Com: Gérard Depardieu, Sandrine Bonnaire, Maurice Pialat, Alain Arthur, Yann Dedet, Brigitte Legendre, Jean-Claude Bourlat, Jean-Cristophe Bouvet. Donissan (Depardieu) é um jovem padre atormentado que o padre mais velho Menou-Segrais (Pialat) pretende ajudar, mas que acaba sendo tentado pelo demônio. Demonstra-se disposto a salvar a alma da jovem Mouchette (Bonnaire), assassina de seu amante, o Marques de Cardignan (Arthur). Ao mesmo tempo, sua fama de homem miraculoso se torna grande quando traz de volta à vida uma criança dada como morta. Sua força espiritual lhe consome fisicamente e morre pouco depois. Adaptação que não esconde a aridez de sua fonte literária ou

The Film Handbook#145: Maurice Pialat

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Maurice Pialat Nascimento : 21/08/1925/Puy-de-Dôme, França Morte : 11/01/2003, Paris, França Carreira (como realizador): 1958-1995 Apesar de ter se tornado realizador relativamente tarde, nos últimos anos Maurice Pialat tem se estabelecido como um dos diretores mais importantes da França. De forma intrigante, seus filmes tem se tornado crescentemente sombrios enquanto ele próprio  tem de forma consistente passado da relativa obscuridade ao reconhecimento internacional. Anteriormente pintor e, ocasionalmente, ator (algumas vezes ele aparece em seus próprios filmes), Pialat se tornou inicialmente interessado por cinema no final dos anos 50, quando realizou uma série de curtas (incluindo o premiado L'Amour Existe ). Seu primeiro longa, no entanto, não seria realizado antes de 1968, após longo trabalho na televisão: já tendo estabelecido um estilo basicamente realista (através do uso de atores não professionais, uma observação penetrante das banalidades cotidianas, e discret