O Dicionário Biográfico de Cinema#204: Frank Langella



Frank Langella, n. Nova Jersey, 1938

Houve um longo período no qual Langella floresceu nos palcos americanos, mas parecia ansioso no cinema. Ele era bonito, mas havia um ar superior de desdém que matava qualquer esperança de charme. Seus filmes eram indistintos (ou pior) e sua carreira nunca parecia ganhar velocidade. Mas então, quando já havia passado bem dos 60, pareceu relaxar ou desistir de ser cuidadoso. O desdém se tornou autoridade impecável, e ele se transformou. Seu Nixon em Frost/Nixon (08, Ron Howard) é uma das grandes e misteriosas interpretações dos tempos modernos; não uma tentativa de imitar o presidente, mas um profundo comentário sobre ele, não obstante. Espera-se que a indústria do cinema possa encontrar grandes papéis para um ator que é um virtuoso.

Graduou-se na Universidade de Siracusa e transformou quase em um ponto de orgulho o que deu de si próprio ao teatro: interpretou um jovem Shakespeare em A Cry of Players, e ganhou Tonys por Seascape, de Edward Albee, Fortune's Fool, de Turgenev e Frost/Nixon, de Peter Morgan. Também foi indicado por seu Drácula, em 1977, famosa produção desenhada por Edward Gorey. Seus outros papéis notáveis incluem Scrooge em A Christmas Carol e More em A Man for All Seasons.

Fez sua estreia no cinema em papéis menos que simpáticos: como o amante bastante frio em Diary of a Mad Housewife [Quando Nem um Amante Resolve] (70, Frank Perry); The Twelve Chairs [Banzé na Rússia] (70, Mel Brooks). Foi o marido em La Maison sur les Arbres [Uma Casa sob as Árvores] (71, René Clement); desamparado contra Mitchum em The Wrath of God [A Divina Ira] (72, Ralph Nelson); realizando uma coisa nunca feita antes ou desde então, um erro grave em The Mark of Zorro [A Marca do Zorro] (74, Don McDougall). 

Então, contra seus melhores julgamentos, fez o filme de Dracula (79, John Badham). Concordamos que foi sexy, mas frio e ofuscado por Olivier. Desde então, trabalhou de forma intermitente: Sherlock Holmes (81, Peter Hunt), para a TV; Sphinx [A Esfinge] (81, Franklin J. Schaffner); como um horrendo vilão em Masters of Universe [Mestres do Universo] (87, Gary Goddard); And God Created Woman [E Deus Criou a Mulher] (88, Roger Vadim); True Identity [Cara de um, Focinho de Outros] (91, Charles Lane). É difícil reunir um bando pior de filmes, mas Langella continou tentando: 1492 - Conquest of Paradise [1492: A Conquista do Paraíso] (92, Ridley Scott); Body of Evidence [Corpo em Evidência] (93, Uli Edel); como o chefe do staff em Dave [Dave, Presidente por um Dia] (93, Ivan Reitman); Brainscan [Brainscan: Jogo Mortal (94, John Flynn); Doomsday Gun [Na Véspera do Extermínio] (94, Robert Young); Junior [Júnior] (94, Reitman); Cutthroat Island [A Ilha da Garganta Cortada] (95, Renny Harlin); Eddie [Eddie, Ninguém Segura Esta Mulher] (96, Steve Rash) - com Woopy Goldberg, que ajuda a terminar o casamento de Langella. 

Uma virada parecia se abrir, e sua grande voz foi revelada em seu Clare Quilty na refilmagem de Lolita (97, Adrian Lyne); The Ninth Gate [O Último Portal] (99, Roman Polanski); Sweet November [Doce Novembro] (01, Pat O'Connor); House of D [Reflexos da Amizade] (04, David Duchovny); Back in the Day [Parceiros no Crime] (05, James Hunter). E então, do nada, interpretou William S. Paley em Good Night, and Good Luck [Boa Noite e Boa Sorte] (05, George Clooney) - ele não era como Paley, mas era como Paley desejava ser, e o resultado foi brilhante.

Foi Perry White em Superman Returns [Superman: O Retorno] (06, Bryan Singer); e então o escritor envelhecido no soberbo Starting Out in the Evening (07, Andrew Wagner) - de longe seu melhor filme. Seguiu-se Frost/Nixon, com uma tonelada de elogios e indicações. Desde então foi um magnífico Arlington Steward, a despeito do bastante tolo The Box [A Caixa] (09, Richard Kelly): Christmas Eve: Alaska (09, Nancy Meyers) (*); Wall Street: Money Never Sleeps [Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme] (10, Oliver Stone); All Good Things [Entre Segredos e Mentiras] (10, Andrew Jarecki); The Miraculous Year (11, Kathryn Bigelow) - para a TV; amigável e letal em Unknown [Desconhecido] (11, Jaume Collett-Serra); caprichoso em Robot & Frank [Frank e o Robô] (12, Jake Schreier); The Time Being (12, Nenad Cicin-Sain); como o Chefe de Justiça em Muhammad Ali's Greatest Fight (13, Stephen Frears); um padre em Grace of Monaco [Grace de Mônaco] (14, Olivier Dahan), sem dúvida contemplando confissões; Draft Day [A Grande Escolha] (14, Ivan Reitman).

Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionary of Film. N. York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 1504-06. 

(*) N. do E: não foram encontradas referências a este filme. 

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