Filme do Dia: O Cavalo Branco (1953), Albert Lamorisse
O Cavalo Branco (Crin Blanc: Le
Cheval Sauvage, França, 1953). Direção: Albert Lamorisse. Rot. Original:
Albert Lamorisse, Denys Colomb Daunant & James Agee. Fotografia: Edmond
Séchan. Música: Maurice Leroux. Montagem: Georges Alépée. Com: Alain Emery,
Laurent Roche, Clan-Clan, Pascal Lamorisse, François Perie, Charles Guillaume.
Garoto se encanta por um cavalo branco selvagem, que
também é objeto de cobiça de um grupo de mal intencionados fazendeiros, para
quem se tornou uma questão de honra capturar o cavalo. Ele conquista a
confiança do cavalo, que se torna seu melhor amigo; porém, a paz logo é rompida
com o retorno dos fazendeiros.
A esplendorosa fotografia em preto&branco é o que
mais chama atenção nesse média metragem de Lamorisse, que acaba criando uma fórmula, que
seria desdobrada no mais bem sucedido O
Balão Vermelho: garoto e seu objeto de estimação (aqui um cavalo, lá um
balão), são ameaçados pelo mundo externo, personificado pela maldade humana, na
sua tocada impureza quase autista que estabelecem com seus objetos de devoção.
O resultado final, mais trágico aqui, ao menos recusa a saída fácil que busca,
mesmo que de modo irrealista, provocar uma compensação diante da perda final.
Tal como nos contos de fada, o filme busca ser uma caixa de eco amplificada
para a relação trágica com a morte, ainda que de um balão, diante de um
público-alvo formado sobretudo por crianças que estão vivenciando suas
primeiras experiências nesse sentido. Em termos formais, o filme parece se
arriscar menos que Balão Vermelho, apelando
para uma narração em terceira pessoa que ofusca qualquer frase pronunciada ao
longo do mesmo. Mesmo que o garoto aqui possua mais carisma que o do filme
posterior, cujo único atributo a seu favor parece ser o filho do realizador e
sendo menos manipulativo emocionalmente, acaba igualmente demosntrando ser
menos interessante e bem conseguido que O
Balão Vermelho (1956). Destaque para o realismo das cenas envolvendo a
“selvageria” do(s) cavalo(s) vários que vivem o protagonista, como as reações
atrevidas contra os cavalos dos homens que o perseguem ou um conflito pelo
poder com outro cavalo selvagem, numa cena por demais extensa. Como em Os Desajustados (1961), de John Huston, igualmente mais memorável pela beleza
de sua fotografia em p&b, a dimensão de selvageria do(s) cavalo(s) é
associada a elementos fora do mundo adulto masculino ou ainda “não
domesticados” de todo como uma mulher ou uma criança, sendo aqui tal
identificação selada ao ponto dele fazer o cabelo do garoto lhe cobrir o olho
tal como a crina do cavalo. Films
Montsouris para L´Alliance Générale de Distribuition Cinématographique. 47 minutos.
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