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Mostrando postagens com o rótulo Cinema Austríaco

Filme do Dia: Eine Moderne Ehe (1907), Johann Schwarzer

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  E ine Moderne Ehe (Áustria, 1907). Direção: Johann Schwarzer. Casal burguês se encontra na mesa apático até o momento em que ele recebe um bilhete o convidando ao clube, para cuidar de “negócios”. A mulher, aproveitando a ocasião, manda um bilhete para o amante e se encontra com o mesmo, enquanto o marido se diverte com uma prostituta. Ainda que o “desmascaramento da moral burguesa” seja um aditivo erótico habitual em alguns filmes de Schwarzer, ao mesmo tempo se observa, pelo padrão narrativo que Griffith logo estaria estabelecendo, surge aqui algo truncado, ao apresentar as situações vividas por marido e esposa de forma algo independente. Trata-se de um dos raros filmes de Schwarzer em que se observa, de fato, uma interação erótica entre um casal (na verdade, dois aqui), ainda que em ambos os casos, todos estejam com roupas, sejam roupas sociais no caso do marido e sua parceira, seja roupas íntimas que não deixam muito o que se ver, no caso da mulher com o amante – como se a situ

Filme do Dia: Das Sandbad (1906), Johann Schwarzer

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  D as Sandbad (Áustria, 1906). Direção: Johann Schwarzer. Homem mais velho leva uma mulher até um terreno arenoso, onde existe uma pequena cova, que ele auxilia a cavar. A mulher, coberta apenas por um véu, aproxima-se então da cova enquanto o homem se afasta dela e a observa de longe, deitar-se e fazer algumas poses na areia. Depois ele volta a se aproximar, cobre-lhe com um pouco de terra e a ajuda a erguer-se e retirar a areia do corpo. O que mais chama a atenção nesse pequeno filme de plano único é o ethos do voyeurismo que marca sua presença, sendo o homem que planeja cuidadosamente o cenário, apenas para observar a mulher de longe, reproduzindo, até certa medida, algo próximo do pretenso espectador masculino a quem tais produções eram dirigidas. Mesmo o pequeno toque que ele empreende à guisa de limpar a areia das pernas da mulher é rapidamente afastado pelas mãos dela. E embora se encontre sem camisa, como nas produções do estúdio em geral, o homem em si não é pensado como el

Filme do Dia: Diana Im Bade (1907), Johann Schwarzer

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  D iana Im Bade (Áustria, 1907). Direção: Johann Schwarzer. Mulher se aproxima de um lago e após apreciar o ambiente, começa a se despir para um banho. Ao contrário de outro filme contemporâneo do realizador, ambientado em local muito similar ( Baden Verboten ), que já inicia com uma cena in media res , de um grupo de mulheres se banhando, o arranjo aqui soa mais perverso, já que centrado no ato de despir – o filme é concluído quando a mulher se encontra próxima de ficar completamente despida. Como no outro filme referido, tira-se proveito da imagem da água refletindo o corpo da mulher. E o ambiente natural parece provocar essa súbita recusa dos trajes tipicamente burgueses (que em nada apontam para sua referência de origem, a deusa romana da caça) sendo “substituídos” pela natural “vestimenta de Eva”. Saturn Film. 1 minuto.

Filme do Dia: Der Angler (1907), Johann Schwarzer

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  D er Angler (Áustria, 1907). Direção: Johann Schwarzer. Duas mulheres se aproximam de um lago. Elas adentram para tomar banho. Um pescador se aproxima do local e lança uma isca que acaba ferindo a criada. Essa reclama com um policial que surge, e os três se afastam do local, enquanto a jovem, sem que os outros percebem, aproxima-se de suas roupas e começa a se vestir. O filme se diferencia da maior parte dos outros dirigidos por Schwarzer no mesmo ano, mesmo que também tenha recorrências evidentes – a maior delas a locação, provavelmente a mesma de outros filmes ambientados em um lago como Diana Im Bade e Baden Verboten , assim como o fato de mulhere ingressarem ou se prepararem para ingressar no mesmo; as diferenças ficam por conta de sua duração, cerca do triplo da habitual e do uso recorrente de movimentos de câmera. Com relação aos últimos, por mais virtuoso que seja o que se designaria posteriormente plano-sequencia, com toda a ação ocorrendo aparentemente sem nenhum corte, a

Filme do Dia: Os Amantes (2004), Johannes Hammel

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  O s Amantes ( Die Liebenden ,   Áustria, 2004). Direção: Johannes Hammel. Curta experimental que explora efeitos semelhantes aos dos vanguardistas de deterioração da película cinematográfica sobre a imagem de um filme pornô em super-8, conseguindo um resultado final   marcante pelo lirismo e beleza extraída a partir de um dos gêneros mais destituídos do mesmo, o pornográfico, mimetizado como que numa evocação da memória de um momento de amor vivido. SixPackFilm. 7 minutos.    

Filme do Dia: Baden Verboten (1906), Johann Schwarzer

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B aden Verboten (Áustria, 1906). Direção: Johann Schwarzer. Três mulheres se divertem despidas em um lago até a chegada de um homem que as adverte. Elas, constrangidas, saem para se vestir. Apesar do catálogo fazer menção ao fato do homem ser um policial, isso não fica evidenciado no plano da imagem, nem tampouco se a situação de reação das mulheres, que menos parece ser de apreensão que de diversão mesmo depois que saem do banho ao lado do homem – insinuação sensual? Embora haja quem comente que o mesmo, vestido com trajes de caçador, as espiava antes do sermão e aparentemente se encontre constrangido com a situação, pretensamente as espiava por entre os galhos das árvores, antes de tomar a iniciativa de as reprimir. Algo que não pode ser comprovado a partir da cópia em questão, onde a distância onde se situa o mesmo e as roupas das mulheres virtualmente impede que seja percebido o que ocorre antes dele partir rumo ao lago. Curiosamente, apesar da admoestação, o homem abandona a

Filme do Dia: Cavalheiro das Rosas (1925), Robert Wiene

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C avalheiro das rosas ( Der Rosenkavalier,  Áustria, 1925). Direção: Robert Wiene. Rot. Adaptado: Louis Nerz, Hugo von Hofmannstahl & Robert Wiene. Fotografia: Hans Androschin, Ludwing Schaschek & Hans Theyer. Dir. de arte e Figurinos: Alfred Roller, Hans Rouc & Stefan Wessely. Com: Michael Bohnen, Huguette Duflos, Paul Hartmann, Jacque Catelain, Elly Felicie Berger, Carmen Cartellieri, Karl Forest, Friedrich Feher. A Princesa Werdenberg (Duflos), encontra-se com seu jovem amante, o   Conde Octavian (Catelain), a quem inicia nas artes do amor. Surpreendida por gritos, ela acredita se tratar de seu marido, mas são do primo falido, o Barão Ochs (Bohnen), que recebeu com exilarante alegria, o convite para se casar com a jovem e bela Sophie (Berger). Como é costume, o Barão deve entregar uma rosa de prata para a pretendente.   Octavian se traveste como Mariandel, para evitar que saibam de sua relação com a Princesa. A Princesa envia a rosa de prata para que seja entregue

Filme do Dia: Sklavenmarkt (1907), Johann Schwarzer

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S klavenmarkt  (Áustria, 1907). Direção: Johann Schwarzer. Mesmo que anteriormente tenha dirigido filmes curtos com mais de um plano, aqui se procede um retorno a um plano único e bastante longo. Um paxá se encontra sentado diante de sua tenda e observa as mulheres que lhe serão servidas serem despidas. Quatro mulheres lhe são ofertadas, a última sendo recusada. Extraordinariamente a nudez e a condição feminina, anteriormente alvo somente de uma admiração distanciada do olhar masculino, progressivamente vão sendo objetos de uma violência (principalmente gozada por antecipação, já que é apresentada apenas enquanto “aperitivo” do que deverá ocorrer posteriormente, ou seja, do estupro em certos casos como o da garota que aparenta grande resistência) como aqui ou em sua variação Skvalenraub , provavelmente filmado no mesmo dia e aproveitando os objetos de cena. A mulher que surge   duas vezes espiando por trás da tenda do paxá, inicialmente sugerindo algum desdobramento dramático, mai

Filme do Dia: Eine Aufregende Jagd (1907), Johann Schwarzer

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E ine Aufregende Jagd (Áustria, 1907). Direção: Johann Schwarzer. A se fiar em algumas filmografias, é curioso observar o quanto a disposição dos filmes de Schwarzer não apresentam necessariamente uma “evolução” em termos da presença mais constante ou menos do corte. Aqui, por exemplo, observa-se um de seus filmes mais complexos até então, senão o mais. O que inicialmente aparenta ser apenas mais uma situação bastante comum em seus filmes – jovem senhora burguesa se despe e entra em lago – torna-se próximo de um filme de perseguição. É curioso observar o quanto a pose burguesa que ostenta certos valores – no caso ela inicia a leitura de um livro – é rapidamente deixada de lado quando se vê só, após a criada se afastar (e literalmente sair para sempre de cena, diga-se de passagem). Não menos curioso é se observar a curta panorâmica que se antecipará ao casal de ciganos, cuja mulher se apropria das vestimentas da senhora burguesa. A partir de então, observa-se a figura de um guarda

Filme do Dia: No Porão (2014), Ulrich Seidl

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N o Porão ( Im Keller , Áustria, 2014). Direção: Ulrich Seidl. Rot. Original: Veronika Franz & Ulrich Seidl.   Fotografia: Martin Gschlacht. Montagem: Christoph Brunner. Documentário que se detém em personagens que realizam atividades “excêntricas” em seus porões: há o grupo de homens de idade avançada que se reúne como banda em um ambiente completamente decorado/devotado ao nazismo; há aquele grupo de senhores que se reúne para praticar tiro e, nas horas vagas, comenta entre uma cerveja e outra sobre a inferioridade racial dos emigrados, como turcos, mesmo já nascendo no país; há aquela que desce para encontrar os seus “bebê”, bonecos de aparência hiper-realista que ela mima e “põe para dormir’; há a mulher que se prostitui sentindo prazer em ser humilhada; há aquela que após vivenciar relações turbulentas com homens, e trabalha no Caritas justamente com mulheres que sofreram ou sofrem agressões, e agora prefere sofrer sessões “controladas” de masoquismo; há o homem que é es

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

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D er Traum des Bildhauers (Áustria, 1907). Direção: Johann Schwarzer. Schwarzer, pioneiro do cinema erótico, tenta aqui brincar com a relação algo onírica que faz menção o título do artista e sua obra, desde o início representado por um trio feminino que se encontra nu e, a determinado momento, quando o artista dorme, sai de seu pedestal e se aproxima dele, uma delas lhe beijando. No estúdio do artista, construção cenográfica bastante marcada como então comum, não poderia faltar a estrela de oito pontos que é o logotipo do estúdio. Saturn Film. 4 minutos.

Filme do Dia: Amor (2012), Michael Haneke

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A mor ( Amour , França/Alemanha/Áustria, 2012). Direção e Rot. Original: Michael Haneke. Fotografia: Darius Khondji. Montagem: Nadine Muse & Monika Willi. Dir. de arte: Jean-Vincent Puzos. Cenografia: Susanne Haneke & Sophie Raynaud. Figurinos: Catherine Leterrier. Com: Jean-Louis Trintignant, Emmanuelle Riva, Isabelle Huppert, Alexandre Tharaud, William Shimell, Ramón Agirre, Rita Blanco, Laurent Capelutto. O octogenário Georges (Trintignant), casado com Anne (Riva), de semelhante idade, acompanha de muito perto o declínio de sua companheira após ter sofrido um derrame e ficar com metade do corpo paralisada. Ele lida com ela sozinho, até o ponto de necessitar da ajuda de enfermeiras. Sua filha (Huppert), visita-o ocasionalmente. Após Anne muito implorar por seu próprio fim, Georges sufoca-a com um travesseiro. Haneke narra com sua austeridade habitual e o fato da narrativa ser praticamente confinada aos interiores do apartamento do casal, somado a ausência de t

Filme do Dia: Violência Gratuita (1997), Michael Haneke

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Violência Gratuita ( Funny Games , Áustria, 1997). Direção e Rot. Original: Michael Haneke. Fotografia: Jürgen Jürges. Montagem: Andreas Prochaska. Dir. de arte: Christoph Kanter. Figurinos: Lisy Christl. Com: Susanne Lothar, Ulrich Mühe, Arno Frisch,  Frank Giering, Stefan Clapczynski, Doris Kunstmann.        O  casal burgues Anna (Lothar) e Georg (Mühe) chegam em sua casa de campo, acompanhados pelo filho pequeno. Enquanto Georg veleja com o filho, Anna recebe a visita de dois jovens, Paul (Frisch) e Peter (Giering), supostos vizinhos que lhe pedem ovos. Indignada com a situação que começa a ficar sem controle, Anna pede que o marido, recém-chegado, os expulse. Quando esse pretende tomar a decisão é vítima da primeira de uma série de violências que a família se tornará refém. Com o celular danificado e sem ter como se comunicar com o mundo exterior, o casal passa a ser vítima de torturas tanto físicas quanto psicológicas, como quando forçam que o marido peça à esposa para

Filme do Dia: Caché (2005), Michael Haneke

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Caché (França/Áustria/Alemanha/Itália, 2005). Direção e Rot. Original: Michael Haneke. Fotografia: Christian Berger. Música: Ralph Rickermann. Montagem: Michael Hendecek & Nadine Muse. Dir. de arte: Emmanuel de Choevigny & Christoph Kanter. Figurinos: Lisy Christl. Com: Daniel Auteil, Juliette Binoche, Maurice Bénichon, Annie Girardot, Bernard Le Coq, Walid Afkin, Lester Makedonsky, Daniel Duval. O bem sucedido casal Georges (Auteil) e Anne Laurent (Binoche) passa a receber vídeos com imagens de gravações diante do apartamento em que moram, assim como desenhos que simulam cenas envolvendo sangue. Posteriormente chega uma fita com imagens da casa em que Georges viveu sua infância. Ele decide visitar sua velha mãe (Girardot) e pergunta a respeito de Majid (Bénichou), argelino que teve os pais massacrados em Paris, em 1961. Como seus pais eram caseiros dos pais de Georges, estes resolveram adotar o garoto, o que acabou não ocorrendo de fato, em grande parte devido ao próprio

Filme do Dia: A Professora de Piano (2001), Michael Haneke

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A Professora de Piano ( La Pianiste , França/Austria, 2001). Direção: Michael Haneke. Rot. Adaptado: Michael Haneke, baseado no romance de Elfried Jalinek. Fotografia: Christian Berger. Montagem: Nadine Muse & Monika Willi. Dir. de arte: Christoph Kanter. Cenografia: Hans Wagner. Figurnos: Annette Beaufays. Com: Isabelle Huppert, Annie Girardot, Benoît Magimel, Susanne Lothar, Udo Samel, Anna Sigalevitch, Cornelia Köndgen, Thomas Weinhappel. Erika (Huppert), professora de piano, é filha de uma mãe (Girardot) extremamente possesiva e órfã de um pai demente, não conseguindo se relacionar afetivamente. Extremamente ríspida com os alunos, é objeto de paixão de um dos rapazes que torna-se seu aluno, Walter (Magimel). Conseguindo prazer sexual apenas como voyeur em salas pornográficas e situações escusas, Erika evita qualquer aproximação de Walter. Com o tempo, no entanto, também torna-se curiosa quanto ao rapaz. Porém, só deseja que ele realize suas bizarras fantasias. Percebendo

Filme do Dia: O Sétimo Continente (1989), Michael Haneke

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O Sétimo Continente ( Der Siebent Kontinent , Áustria, 1989). Direção: Michael Haneke. Rot. Original: Michael Haneke & Johanna Teicht. Fotografia: Anton Peschke. Montagem: Marie Holmolkova. Dir. de arte: Rudolf Czettel. Figurinos: Anna Georgiades. Com: Birgit Doll, Dieter Berner, Leni Tanzer, Udo Samel, Silvia Fenz, Elisabeth Rath, Georg Friedrich, Meat Loaf.          O casal Georg e Anna Schoeber (Berner e Doll) leva uma vida cotidiana banal e repetitiva, juntamente com a pequena filha Evi (Tanzer), embora acabem levando a frente um plano radical. Georg pede para sair do emprego, Anna avisa na escola que Evi não irá em determinado dia. Eles pedem todo o dinheiro que se encontrava no banco, vendem o carro e se trancam em casa, destroem quase todos os bens materiais lá existentes, jogam o dinheiro na latrina e se suicidam.           Muito do que será observado posteriormente, quando de seu reconhecimento internacional, já se encontra presente nessa produção. É o caso da