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Mostrando postagens de janeiro, 2017

Filme do Dia: W.R.- Mistérios do Organismo (1971), Dusan Makavejev

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W.R. – Mistérios do Organismo ( W.R – Misterije Organizma , Iuguslávia/Al. Ocidental, 1971). Direção e Rot. Original: Dusan Makavejev . Fotografia: Aleksander Petkovic & Predrag Popovic. Música: Bojana Marijan. Montagem: Ivana Vukasovic. Dir. de arte: Dragoljub Ostojic. Figurinos: Mirjana Ostojic. Com: Milena Dravic, Ivica Vidovic, Jagoda Kalper, Tuli Kupferberg, Zoran Radmilovic, Jackie Curtis, Miodrag Andric, Zvica Matic. Esse filme, talvez o mais conhecido e polêmico de Makavejev , revela seu talento para a mescla entre ficção e documentário, centrando-se na temática da vanguarda revolucionária e – principalmente – sexual, através da figura emblemática de Wihelm Reich. De sua primeira metade, eminentemente documental, com entrevistas com moradores da pequena cidade em que Reich morou, dados biográficos sobre o autor e entrevistas com sua viúva, pode-se até imaginar um documentário relativamente convencional. Porém, o filme passa a se deter cada vez mais na história de

Filme do Dia: Oh, Minha Bomba! (1964), Kihachi Okamoto

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Oh, Minha Bomba! ( Aa Bakudan , Japão, 1964). Direção: Kihachi Okamoto. Rot. Adaptado: Kihachi Okamoto, baseado no conto de Cornell Woolrich. Fotografia: Shinsaku Uno. Música: Masaru . Montagem: Yoshitami Kuroiwa. Dir. de arte: Iwao Akune. Com: Yûnosuke Ito, Ichirô Nakaya, Ikio Sawamura, Eisei Amamoto, Akemi Kita, Fubuki Koshiji, Hideo Sumazuka. Dois amigos planejam uma caneta-bomba que irá acabar com os planos do candidato a vereador que vende uma imagem de preocupação com a educação e que tem na caneta o principal símbolo de sua campanha mas que, na verdade, é um truculento oportunista e corrupto. Okamoto, à título de experimentação, faz uso de estratégias anti-naturalistas de interpretação, tais como gestos e expressões caricatas e inusitadas intervenções musicais – nos valores de exploração do mundo capitalista selvagem, em uma evidente sátira aos seus similares hollywoodianos, mas que numa mimetização que apenas inverte a coloração ideológica tal e qual os musicais do Les

Filme do Dia: Na Estrada com Duke Ellington (1974), Robert Drew

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Na Estrada com Duke Ellington ( On the Road with Duke Ellington , EUA, 1974). Direção: Robert Drew. Mesmo quando registra um ícone já consagrado como é o caso de Duke Ellington, e abandona parcialmente certas estratégias que ficaram vinculadas ao Cinema Direto, como a pretensão da “câmera invisível” (aqui existem depoimentos do músico e de alguns de seus amigos diretamente para a câmera), Drew não deixa de enfatizar a tensão que parece inerente ao próprio viver. Nesse sentido, a imagem que é sublinhada do músico é menos a de glorificação superficial ou monumentalização do mesmo, que da sua convivência mais ou menos resignada com a necessidade de apresentar inúmeras vezes suas mesmas peças para o público como maneira de sobreviver, embora o que realmente valorize sejam os momentos após as apresentações, quando pode se dedicar ao seu talento como compositor. Assim, mesmo que o filme não deixe de registrar seguidas homenagens a Ellington como o título de Doutor Honoris Causa em d

John Hurt (1940-2017)

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Meu singelo tributo a talvez um dos melhores senão o melhor dos atores de língua inglesa  até então vivos: John Hurt. Semana passada o vi em interpretação irretocável num dos últimos filmes de Jim Jarmusch.  Ontem mesmo, fiquei pensando quão incrível ele é após assistir o fraco "Jackie"...hoje, chocado, descobri que ele era...

Filme do Dia: Sozinho (2013), Marcelo Briem Stamm

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S ozinho ( Solo , Argentina, 2013). Direção e Rot. Original: Marcelo Briem Stamm. Fotografia: Pedro Alvarez. Música: Francisco Bendomir & Mike Zubi. Montagem: Mariano De Rosa. Com: Patricio Ramos, Mario Véron, Carlos Echevarría, Laura Agorreca, Mike Zubi. Manuel (Ramos) gay e carente encontra com outro jovem, Julio (Verón) e possuem uma noite de amor e igualmente de desconfianças mútuas. A primeira tensão entre o casal surge quando Manuel afirma para Julio que se encontra desempregado e sem dinheiro, que ele deverá sair, já que uma amiga dele , Vicky (Agorreca) chegará no começo da manhã e que o final da relação com seu último namorado, Horacío (Echeverría) foi bastante traumática. Sanada a primeira indisposição, com Julio desfazendo a hipótese que Manuel quisera somente gozar e nada além, esse fica crescentemente interessado com a possibilidade de viajar com Manuel com um dinheiro que esse possui guardado no banco. Julio, no entanto, logo descobrirá algo que modificará de

The Film Handbook#112: Josef Von Sternberg

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Josef Von Sternberg Nascimento: 29/05/1894, Viena, Áustria Morte: 22/12/1969, Hollywood, Califórnia, EUA Carreira (como realizador): 1924-1953 M ais conhecido por seus melodramas exóticos e irônicos que realizou com Marlene Dietrich, Jonas Sternberg foi um dos realizadores mais pessoais, ambiciosos e criativos dos primeiros anos dos realizadores do início do cinema. Pouco interessado no naturalismo e fascinado pelo potencial visual do meio, ele revelou repetidamente sua atitude cínica e à parte do mundo, focando sua atenção em relações homem-mulher marcadas pela obsessão sexual, humilhação e traições cruéis e casuais, frequentemente por uma insolente femme fatale . A infância de Sternberg decorreu tanto na Áustria quanto na Ámerica, onde desenvolveu seu interesse por artes gráficas. Seu encontro inicial foi como um assistente menor de montagem até, tendo atraído atenção por seu trabalho em filmes de treinamento do exército durante a I Guerra Mundial, tornar-se assistente de di

Filme do Dia: India:Matri Bhumi (1959), Roberto Rossellini

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I ndia: Matri Bhumi (Itália/França, 1959). Direção: Roberto Rossellini. Rot. Original: Fereydoun Hoveyda, Roberto Rossellini & Sonali Senroy DasGupta, a partir de argumento de Rossellini. Fotografia: Aldo Tonti. Música: Philippe Arthuys. Montagem: Cesare Cavagna. Documentário e drama encenado se confundem nessa aproximação da Índia, onde através de uma moldura mais ampla, observa-se algumas narrativas envolvendo histórias “menores” no interior do país, “mais autêntico” como afirma a voz over, provavelmente do próprio realizador. Acompanha-se tanto o cotidiano de trabalho de um grupo de elefantes e seus guias, passando por um jovem casal, cujo homem trabalhou em uma monumental represa e um velho homem que morre no meio da travessia inóspita para um popular festival religioso, chegando a esse somente seu macaco de estimação e, por fim,  um velho senhor que, não mais podendo trabalhar, orienta as ações dos filhos em sua moradia em meio a floresta. Seu temor, de que uma tigre

Cartas Elizabeth Bishop#2

Mas sempre gostei das histórias a respeito de Shelley, que andava por Oxford olhando para dentro dos carrinhos de bebê; uma vez ele perguntou a uma mulher que levava um bebê no colo: "Minha senhora, seu filho pode nos dizer alguma coisa a respeito da preexistência?" (Carta de Elizabeth Bishop a Robert Lowell, 30/06/1948)

Filme do Dia: Deus é Brasileiro (2003), Cacá Diegues

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D eus é Brasileiro (Brasil, 2003). Direção: Cacá Diegues. Rot. Adaptado: João Ubaldo Ribeiro, João Emanuel Carneiro & Renata de Almeida Magalhães, baseado em contos de Ubaldo Ribeiro. Fotografia: Affonso Beato. Música: Chico Neves, Hermano Viana & Sérgio Mekler. Montagem: Sérgio Mekler. Dir. de arte: Fernando Zagallo, Edu Ramos & Vera Hambúrguer. Com: Antônio Fagundes, Wagner Moura, Paula Duarte, Stepan Nercessian, Hugo Carvana, Bruce Gomlewsky, Castrinho, Chico de Assis, Susana Werner, Toni Garrido.                  Num dia de pesca fraca e fugindo da cobrança de Baudelaire (Nercessian), o simplório malandro Taoca (Moura) encontra Deus (Fagundes), que o leva para uma pequena odisséia em busca de um homem que pretende transformar em santo, para que possa descansar durante um tempo. Junta-se ao grupo a jovem Madá (Duarte). Viajando, primeiro de ônibus, depois caminhando, eles são testemunhas de um casamento e com os dons de Salvador, como Taoca passa a chamar o Inom

Filme do Dia: Sede de Paixões (1949), Ingmar Bergman

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S ede de Paixões ( Törst , Suécia, 1949). Direção: Ingmar Bergman. Rot. Adaptado: Herbert Grevenius, baseado no romance de Birgit Tengroth. Fotografia: Gunnar Fischer. Música: Erik Nordgren. Montagem: Oscar Rosender. Dir. de arte: Nils Svenwal. Com: Eva Renning, Birger Malmsten, Birgit Tengroth, Hasse Ekman, Mimi Nelson, Bengt Eklund, Gaby Stenberg, Naima Wifstrand. Rut (Henning), uma bailarina frustrada e Bertil (Malmsten), um neurótico professor, obcecado por ela, mas com quem vive em eterna briga, viajam pela Europa de trem. Rut relembra o amor que tivera por um homem casado, Raoul (Eklund), que a induz ao aborto que provocaria problemas de saúde que a afastariam de sua carreira Uma viúva emocionalmente instável, Viola (Tengroth) não cede a sedução de uma ex-bailarina lésbica, Valborg (Nelson), assim como de seu psiquiatra, Dr.Rosengren (Ekman). Sétimo filme de Bergman , no qual se cumpre menos se ater a sua confusa e elíptica narrativa entrecortada dos casais do que per

poema anônimo, século XVI

um poema anônimo, do século XVI, referido por Elizabeth Bishop numa de suas cartas: Your eyes are two darkened theatres in which I thought i sour you – sour you! but only played most miserably my doubled self. And can the physician make sick men well? And can the magician a fortune divine? Without lily, germander, and sops-in-wine. With sweet-briar And bon-fire And strawberry wire And columbine. [Teus Olhos, dois teatros escuros onde julguei te ver – te ver! mas só fiz representar muito mal meu duplo eu. Médico não salva ninguém da morte. Mágico algum adivinha a sorte; Sem lírio, sem carvalhinha, sem pão, com vinho. Com rosa amarela. Fogo e panela. Estolho de morango E de aquilégia um ramo.

Filme do Dia: Jean Cocteau: Autoportrait d'un Inconnu (1985), Edgardo Cozarinsky

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J ean Cocteau: Autoportrait d’un Inconnu (França, 1985). Direção: Edgardo Cozarinsky . Se o objetivo do documentário de Cozarinsky , realizador argentino de carreira dividida entre o documentário e a ficção ( Ronda Noturna ) foi o completo apagamento de si diante do seu objeto-tema, conseguiu-o. O filme de fato não apresenta nenhuma pista de sua própria estruturação, centrando-se única e exclusivamente em imagens de arquivo de entrevistas de Cocteau , de algumas aparições públicas suas e de filmes (de Cocteau , baseados nele ou que ele cita). Não é uma obra exatamente criativa, nesse aspecto e bastante prisioneira de seu personagem, o que não seria um problema em se tratando de um autorretrato. Esse é observado a divagar um pouco sobre tudo. Da inocência técnica de O Sangue de um Poeta ao período em que foi mentor daquele que diz ter amado como um filho, o poeta e romancista Raymond Radiguet, morto aos 20 anos. Das ilustrações que acompanham a capela que decorou a talvez mais

Filme do Dia: Harakiri (1962), Masaki Kobayashi

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H arakiri ( Seppuko , Japão, 1962). Direção: Masaki Kobayashi. Rot. Adaptado: Shinobu Hashimoto, baseado em conto de Yasuhiko Takiguchi. Fotografia: Yoshio Miyajima. Música: Tôru Takemitsu. Montagem: Hisashi Sagara. Dir. de arte: Junichi Ozumi & Jusho Toda. Com: Tatsuya Nakadai, Rentaro Mikuni, Shima Iwashita, Akira Ishihama, Masao Mishima, Yoshio Aoki, Ichirô Nakaya, Yoshio Inaba. Japão, meados do século XVII. Após alguns anos de felicidade familiar, Hanshiro Tsugumo (Nakadai) é um ex-samurai economicamente decadente que procura sobreviver a muito custo. Sua filha Miho (Iwashita) e o neto Tango (Mishima) se encontram gravemente enfermos. Desesperado, seu genro Motome (Ishihama) vai a uma casa onde se pratica o ritual tradicional do haraquiri, buscando conseguir alguns proventos pela piedade dos senhores da casa, golpe habitual então praticado. Porém, não recebe o induto de mais alguns dias e é forçado a praticar o haraquiri. Tsugumo, revoltado com a situação e agora criat

Filme do Dia: Sobre Meninos e Lobos (2003), Clint Eastwood

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S obre Meninos e Lobos ( Mystic River , EUA, 2003). Direção: Clint Eastwood. Rot. Adaptado: Brian Helgeland, baseado no romance de Dennis Lehane. Fotografia: Tom Stern. Música: Clint Eastwood. Montagem: Joel Cox. Dir. de arte: Henry Bumstead & Jack G. Taylor Jr. Cenografia: Richard C. Goddard. Figurinos: Deborah Hooper. Com: Sean Penn, Tim Robbins, Kevin Bacon, Laurence Fishburne, Marcia Gay Harden, Laura Linney, Kevin Chapman, Tom Guiry, Spencer Treat Clark, Emmy Rossum.         Boston, Massachussets. Jimmy Markum (Penn), de passado criminoso, tem sua vida completamente conturbada após o assassinato de sua filha de 19 anos Katie (Rossum). Inconformado, jura vingança e promete ao investigador Sean Devine (Bacon), um velho conhecido de infância, que irá fazer justiça com as próprias mãos, se a Polícia não encontrar logo o criminoso. As evidências recaem sobre o pacato, porém estranho,  Dave Boyle (Robbins), casado com Celeste (Gay Harden), próxima da família de Markum, já q

Filme do Dia: A Revolta do Colégio (1936), William Wyler

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A Revolta do Colégio ( These Three , EUA, 1936). Direção: William Wyler. Rot. Adaptado: Lillian Hellman, a partir de sua própria peça. Fotografia: Gregg Toland. Música: Alfred Newman. Montagem: Daniel Mandell. Dir. de arte: Richard Day. Figurinos: Oscar Kiam. Com: Mirian Hopkins, Merle Oberon, Joel McCrea, Catherine Doucet, Alma Kruger, Bonita Granville, Marcia Mae Jones, Margaret Hamilton. As amigas recém-formadas Martha (Hopkins) e Karen (Oberon) compram uma propriedade que pretendem transformar em escola. Ao chegarem ao local, descobrem que ela se encontra em ruínas. Quem as ajuda a erguer o novo local é o solícito médico Joseph “Joe” Cardin (McCrea), que se apaixona por Karen e é correspondido. Quem igualmente as ajuda é a rica senhora Amelia Tilford (Kruger), avó da perversa garota Mary (Granville), que pretende que se torne uma das estudantes do local. Junta-se ao grupo a inconveniente tia de Martha, Lily (Doucet), atriz que faz ás vezes de educadora quando não consegue

The Film Handbook#111: Eric Rohmer

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Eric Rohmer Nascimento: 21/03 (ou 04/04)/1920, Tulle, França Morte: 11/01/2010, Paris, França Carreira (como realizador): 1951-2007 P ermanecendo fiel a seu estilo e preocupações, e resistindo as vicissitudes da moda, Eric Rohmer (nascido Jean-Marie Maurice Scherer) tem construído uma obra única e consistentemente magnífica, talvez sem paralelo em sua perspicácia psicológica. E não deixa de ser irônico que seja através da palavra falada e com uma sensibilidade formal em parte derivada da literatura, que ele tenha se tornado um dos maiores diretores realistas do cinema. Após ensinar literatura ao longo dos anos 40, Rohmer passou a crítica de cinema e eventualmente se tornaria editor do Cahiers du Cinéma . Ao mesmo tempo, começando com Charlotte e Seu Bife / Présentation ou Charlotte et son Steak  (apresentando Godard como seu único ator masculino), passaria a dirigir curtas. Não foi antes de 1959, no entanto, que realizaria seu primeiro longa, O Signo do Leão / Le Signe du L