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Mostrando postagens com o rótulo Elizabeth Bishop

Cartas Elizabeth Bishop#6

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Ouvimos muitos os discos lá na serra. A Joan Sutherland é boa demais, não é? Estou também com um disco maravilhoso de blues - Robert Johnson. Recomendo com entusiasmo - ele foi assassinado aos vinte anos de idade por uma das namoradas dele. Se você gosta de blues , vai adorar, é realmente autêntico. (Carta a Robert Lowell, 11 de outubro de 1963)

Cartas Elizabeth Bishop#5

O pintor ou bombeiro mais miserável que a gente pega aqui sempre troca de roupa no trabalho e toma um banho de chuveiro no banheiro de empregada e põe a roupa de andar na rua antes de sair. Vivem na imundície, o que é inevitável, mas quanto ao asseio pessoal são limpíssimos. Já os ingleses não são. Pessoas formadas em Oxford fedem. Carta a Robert Lowell, 26 de agosto de 1963

Cartas Elizabeth Bishop#4

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Ontem  nos divertimos ouvindo [pelo rádio] a volta da seleção brasileira de futebol da Suécia - eles finalmente ganharam o campeonato mundial e todo o Brasil está em êxtase - até os bancos fecharam. É muito mais importante para eles do que seria um Sputnik. Parece que o time foi apresentado ao rei da Suécia, e um deles perdeu a cabeça e tentou abraçar o rei, à maneira brasileira. Eles são mesmo umas gracinhas - uns homens baixinhos, de todos os tons do negro ao branco, e se abraçam e se beijam e choram de entusiasmo quando fazem um gol, etc. - e correm muitíssimo depressa. A Lota estava  voltando do Rio e levou horas num engarrafamento - foi uma multidão ao aeroporto, e os pobres jogadores não podiam nem mesmo sair do avião - ficaram trancados lá dentro. Doze jatos os acompanharam. Todo mundo acha que isso significa que virão "dias melhores para o Brasil". Deus sabe por que, ou de que modo - e este é um bom exemplo do jeito de ser deste povo tolo porém simpático. Nossa coz

Cartas Elizabeth Bishop#3

O carnaval foi semana passada, e eu estava decidida a assistir às escolas de samba - os grupos maravilhosos de dançarinos negros que desfilam e dançam a noite toda. Conseguimos credenciais na imprensa para ficarmos na tribuna de honra e descemos já bem tarde, armadas de garrafas térmicas com  café gelado e sanduíches de Roquefort. (O samba dura a noite inteira normalmente, e sempre faz muito calor). Era para ter começado às sete, mas na verdade começou às dez, e em vez de ir até as três ou quatro a coisa só foi terminar às onze e meia do dia seguinte. Desistimos bem antes disso, é claro, antes de desfilarem as escolas "boas" deste ano. As pessoas estavam indignadas. As melhores são mesmo magníficas  - centenas de negros cobertos de sedas e cetins - perucas brancas e trajes à Luís XV são muito comuns, ou então do período colonial brasileiro - com baterias maravilhosas. Agora também é comum usar luzes elétricas nas fantasias, e botões luminosos na frente. Mas não conseguimos es

Cartas Elizabeth Bishop#2

Mas sempre gostei das histórias a respeito de Shelley, que andava por Oxford olhando para dentro dos carrinhos de bebê; uma vez ele perguntou a uma mulher que levava um bebê no colo: "Minha senhora, seu filho pode nos dizer alguma coisa a respeito da preexistência?" (Carta de Elizabeth Bishop a Robert Lowell, 30/06/1948)

poema anônimo, século XVI

um poema anônimo, do século XVI, referido por Elizabeth Bishop numa de suas cartas: Your eyes are two darkened theatres in which I thought i sour you – sour you! but only played most miserably my doubled self. And can the physician make sick men well? And can the magician a fortune divine? Without lily, germander, and sops-in-wine. With sweet-briar And bon-fire And strawberry wire And columbine. [Teus Olhos, dois teatros escuros onde julguei te ver – te ver! mas só fiz representar muito mal meu duplo eu. Médico não salva ninguém da morte. Mágico algum adivinha a sorte; Sem lírio, sem carvalhinha, sem pão, com vinho. Com rosa amarela. Fogo e panela. Estolho de morango E de aquilégia um ramo.

Cartas Elizabeth Bishop#1

A livraria daqui é de um inglês e sua mulher, que é uns vinte anos mais velha que ele, mas muito bonita, com cabelos pintados de um tom vivo de rosa. Os dois ficam jogando xadrez no canto e detestam ser interrompidos por um freguês. No outro dia um conhecido meu entrou lá para comprar um livro e o pediu muito timidamente. Hugh, o inglês, disse: "Meu Deus! Será que você não vê que estou prestes a fazer uma jogada?" (em carta de Elizabeth Bishop a Robert Lowell, 1 de janeiro de 1948)

One Art

  by  Elizabeth Bishop The art of losing isn't hard to master; so many things seem filled with the intent to be lost that their loss is no disaster. Lose something every day. Accept the fluster of lost door keys, the hour badly spent. The art of losing isn't hard to master. Then practice losing farther, losing faster: places, and names, and where it was you meant to travel. None of these will bring disaster. I lost my mother's watch. And look! my last, or next-to-last, of three loved houses went. The art of losing isn't hard to master. I lost two cities, lovely ones. And, vaster, some realms I owned, two rivers, a continent. I miss them, but it wasn't a disaster. —Even losing you (the joking voice, a gesture I love) I shan't have lied. It's evident the art of losing's not too hard to master though it may look like ( Write it!) like disaster.
Chemin De Fer Alone on the railroad track I walked with pounding heart. The ties were too close together or maybe too far apart. The scenery was impoverished: scrub-pine and oak; beyond its mingled gray-green foliage I saw the little pond where the dirty old hermit lives, lie like an old tear holding onto its injuries lucidly year after year. The hermit shot off his shot-gun and the tree by his cabin shook. Over the pond went a ripple The pet hen went chook-chook. "Love should be put into action!" screamed the old hermit. Across the pond an echo tried and tried to confirm it.  Elizabeth Bishop