Filme do Dia: Osama (2003), Siddik Barmak
Osama (Afeganistão/Japão/Irlanda, 2003).
Direção e Rot. Original: Siddiq Barmak. Fotografia: Ebrahim Gafori. Música:
Mohammad Reza Darvishi. Montagem: Siddiq Barmak. Dir. de arte: Akbar Meshkini.
Com: Marina Golbahari, Arif Herati, Zubaida Sahar, Gol Rahman Ghorbandi,
Mohamed Haraf Harati, Mohamed Nader Khadjeh, Khwaja Nader, Hamida Refah.
Uma garota
(Golbahari) é obrigada por sua mãe (Sahar) e avó a se personificar como garoto,
para que possa trazer o sustento na sociedade radicalmente machista dos talebãs
afegãos, que não permitem que as mulheres trabalhem. Descoberta por um garoto,
Espandi (Harati), que ameaça
chantageá-la e que se torna seu maior cúmplice, protegendoa-a das situações de
maior risco, ela frequenta algumas particularidades da sociedade restritas aos
meninos como o estudo, as orações e os treinamentos militares. É descoberta e,
salva da pena capital, torna-se mais uma das esposas de um mulá.
Pungente em seu
retrato da dominação masculina e na forma perversa que é o seu desdobramento –
a negação do próprio sexo por parte da protagonista – o filme perde muito de
sua força ao não conseguir o efeito realista que parece pretender almejar. É
evidente a influência do Neo-Realismo – explicitada na cena do hospital, que
reproduz, em chave dramática, o efeito cômico buscado por Rossellini em Roma: Cidade Aberta – ao optar por
dramatizar uma realidade sofrida pouco tempo depois do ocorrido com atores não
profissionais. Porém suas pretensões de um realismo do gênero se chocam com um
certo academicismo tanto visual quanto nas interpretações – a garota
protagonista parece ser mais profissional que muitos atores profissionais –, o
que subverte a lógica inicial e tende mais a espelhar o universo dramático
convencional que a própria realidade que busca retratar. Nesse sentido, mesmo
sua forma semi-documental de apresentar um movimento de mulheres reprimido
pelos talebãs ao início do filme, com a câmera se fazendo passar por um
jornalista que será executado posteriormente, soa pouco convincente quando
comparado, por exemplo, com A Caminho de
Kandahar, de Makhmalbaf, no qual igualmente se percebe um toque autoral
aqui inexistente. Barmak Film/Hubert Balls Fund
of the Rotterdan Film Festival/Le Brocquy Fraser Productions/NHK. 82 minutos.
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