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Mas compreendam-me bem! Entendo por tradição a grande tradição, a história dos estilos. Para amar essa tradição é preciso um grande amor pela vida. A burguesia não ama a vida: ela é proprietária dela. É isso que lhe confere seu cinismo, sua vulgaridade, sua falta de respeito real por uma tradição que ela concebe como tradição dos privilégios e brasões. (...) Às vezes, passeando em Roma, defronto com obras de demolição. Vejo velhas casas serem destruídas, velhos jardins aplainados, para, em seu lugar, se construírem horríveis prédios neocapitalistas.  Pois bem, os promotores da especulação imobiliária em Roma (...) se dizem cristãos e tradicionalistas (...) e assistem sem franzir minimamente a testa aos horríveis danos causados por suas escavadoras. Eu, que sou um subversivo, um inimigo da tradição, segundo eles, quando me encontro, não digo em frente a um monumento célebre, ou a uma bela praça, mas em frente a um velho muro que traz na sua humilde textura, nos poros de seus adornos...
O desejo ansioso e conformista de serem sexualmente liberados transformou os jovens em pobres erotomaníacos neuróticos, eternamente insatisfeitos (precisamente porque sua liberdade sexual não foi conquistada, mas oferecida) e portanto infelizes. (Pier Paolo Pasolini)
A paixão, que tinha assumido a forma de um imenso amor pela literatura e pela vida, se despojou gradualmente do amor pela literatura e se tornou aquilo que ela realmente era: uma paixão pela vida, pela realidade que me cerca, realidade física, sexual, objetiva, existencial. Eis o meu primeiro e único grande amor, e o cinema, num certo sentido, me impeliu a voltar a ele e a exprimir apenas ele. O cinema foi, assim, uma explosão do meu amor pela realidade. (Pier Paolo Pasolini)
Enquanto todas as outras linguagens se exprimem através de sistemas de signos "simbólicos", os signos do cinematógrafo não o são; eles são "iconográficos" (ou icônicos), são signos de "vida", se ouso dizê-lo; dito de outra forma, enquanto todos os outros modos de comunicação exprimem a realidade através de "símbolos", o cinema exprime a realidade através da realidade. (Pier Paolo Pasolini)
Disseram-me que tenho três ídolos: Cristo, Marx e Freud. Isso são apenas fórmulas. De fato,  meu único ídolo é a realidade. (Pier Paolo Pasolini)
“Eles juntaram algumas estatísticas e encontraram essa regra, que ‘aqueles que falam da mesma forma consomem da mesma forma’, portanto todo mundo que fala da mesma  forma se vestirá da mesma forma, se deslocará em carros semelhantes e por aí vai (...) Soube que um homem chorou por isso, aquele que disse que isso significava o fim da humanidade e que se os trabalhadores não erguessem de volta suas bandeiras vermelhas, então nada poderia ser feito (...) porque eles são os únicos que podem dar alguma alma às coisas.” (Fala do corvo em Gaviões e Passarinhos , de Pasolini, que acabou sendo excluída da versão final do filme)