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Filme do Dia: Au Pays Noir (1905), Ferdinand Zecca & Lucien Nonguet

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  A u Pays Noir (França, 1905). Direção Ferdinand Zecca & Lucien Nonguet. Rot. Adaptado a partir do romance de Émile Zola. A descrição da precariedade de uma família mineira a apresenta em situação típica associada ao grupo social, família numerosa, mas também com certa dignidade (não há ninguém vestindo andrajos, existem mais objetos de cena, ilustrando os adereços da casa – inclusive um indefectível quadro religioso na parede – que o habitual em produções da época). As cartelas possuem apresentação típica do estúdio então. Letras garrafais em chamativo vermelho sobre fundo preto. Na cena seguinte, a apresentar a saída para o trabalho do chefe da família, observamos um elaborado trabalho cenográfico, primorosamente realista em contraposição aos pensados por Méliès em seu Viagem à Lua , por mais que facilmente se perceba a tentativa de criar profundidade a partir das telas que a representam, mas das quais se pode observar, inclusive, seu contato com o chão. E o mais incrível é

Filme do Dia: Par le Trou de la Serrure (1901), Ferdinand Zecca

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  P ar le Trou de la Serrure (França, 1901). Direção Ferdinand Zecca. Voyeurismo e cinema são quase sinônimos, seja como metáfora (o ato expectatorial diante de uma obra que não acusa a existência de uma assistência), dispositivo de exibição (sobretudo no caso do quinetoscópio de Edison, observado individualmente) ou enredos mesmo, como é o caso em questão, a simular um homem a observar os arranjos de uma mulher pelo buraco da fechadura. Desnecessário se imaginar o ângulo ideal de observação e a generosidade da fechadura, emulada por uma máscara na imagem. A mulher se maquia, solta o cabelo. Em outro quarto, o homem, um faxineiro de uma provável pensão feminina, observa uma mulher de mais idade que a primeira, tirar um enchimento do corpete (a dimensão erótica está muito associada a estas produções, embora curiosamente na figura da mulher mais velha e não da jovem), os cílios   e tomar sua medicação. Como já se parecia adivinhar, a segunda “mulher” também tira a peruca, demonstrand

Filme do Dia: A Vida e Paixão de Jesus Cristo (1905), Ferdinand Zecca & Lucien Nonguet

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  A   Vida e Paixão de Jesus Cristo ( La Vie et la Passion de Jésus Christ , França, 1905). Direção: Ferdinand Zecca & Lucien Nonguet. Com: Madame Moreau, Monsieur Moreau. Esse filme do célebre realizador Zecca consiste na ampliação de uma realização sua de três anos antes e é tido como o filme mais longo que sobreviveu desse período. De fato, sua duração inusitada para os padrões da época, quando a maior parte dos filmes não ia além dos 5 minutos é digna de nota. Zecca, que não introduz nenhum cartela representando diálogo, dispõe antes das passagens mais célebres e visualmente chamativas da trajetória de Jesus. Assim, revive-se desde o seu nascimento até sua trágica morte, passando pela fuga do Egito e uma representação quase inédita de cenas de sua infância, trabalhando com os pais ou pregando junto aos homens mais velhos, assim como passagens famosas de sua vida adulta. Entre essas últimas o encontro com Maria Madalena, a ressureição de Lázaro, o seu caminhar sobre as ondas d

Filme do Dia: A Diversão de Satã (1907), Segundo de Chomón & Ferdinand Zecca

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A   Diversão de Satã ( L e Spectre Rouge ,   França, 1907). Direção: Segundo de Chomón & Ferdinand Zecca. Rot. Original: Segundo de Chomón. Colorizado artificialmente, como a maior parte das produções de Chomón da época, esse filme é um verdadeiro cortejo de sucessivos efeitos dos mais diversos. Um demônio (personagem habitual desde Méliès como pretexto para as trucagens e utilizado também por Chomón em outras produções) apresenta seus mais diversos poderes, dentre eles apreender várias mulheres numa garrafa, faze-las desaparecer ou levitar. Se as sobreposições espectrais sobre a imagem soam demasiado toscas aos olhos de mais de um século após, os efeitos de miniaturização como o presente no momento da apresentação das garrafas, em que o demônio inclusive se aproxima da câmera – recurso utilizado praticamente como única forma de se ter uma imagem mais próxima, já que embora planos mais aproximados já se fizessem presentes para destacar algum elemento em cena habitualmente desde o