Filme do Dia: Os Legendários Vikings (1964), Jack Cardiff
Os Legendários Vikings (The Long Ships, Reino
Unido/Iuguslávia, 1964). Direção: Jack Cardiff. Rot. Adaptado: Beverly Cross
& Berkely Mather, baseado no romance de Frans G. Bengtsson. Fotografia: Christopher Challis. Música: Dusan
Radic. Montagem: Geoffrey Foot. Dir. de arte: Vlastimir Gavrik & Zoran
Zorcic. Figurinos:
David Ffolkes & Anthony Mendleson. Com: Richard Widmark, Sidney Poitier,
Russ Tamblyn, Rossana Schiaffino, Oskar Homolka, Edward Judd, Lionel Jeffries,
Beba Loncar.
Tendo provocado a ruína de seu velho pai Krok (Homolka) junto ao rei viking, Rolfe
(Widmark) assim como seu grupo de
vikings se vendo as voltas com o rei mouro Ali Mansuh (Poitier), que possui uma
obsessão pelo sino de ouro, Rolfe consegue se apoderar do navio que Krok havia
praticamente entregue sem custos ao rei, por conta das desventuras do filho,
sob o pretexto de procurar o sino. O sino finalmente é encontrado e uma disputa
se dá entre vikings e mouros, sendo que os primeiros ganham os reforços dos
navios vikings. Ali Mansuh é derrotado e morto sob o peso do próprio sino.
Quando os grandes épicos já se encontravam em
seu ocaso, esta produção tenta recriar o
estilo de fantasia que antecessores igualmente produzidos por iugoslavos tais
como Zoltan Korda produziram nos anos 40 (sendo o mais célebre deles O Ladrão de Bagdá, de 1940) em que, ao
contrário dos grandes épicos, o entretenimento era inversamente
proporcional à pretensão. Aqui, ao
contrário dos filmes produzidos por Korda, que ainda possuem certo frescor
ingênuo, sobra apenas o peso de fórmulas desgastadas, assim como flertes
antenados com valores mais apropriados a uma época em que a permissividade
possível se fazia presente, exibindo o que seria considerado sexy em termos de
corpos masculinos e femininos erotizados pelo viés de figurinos menos fiéis a
qualquer autenticidade que não à do filme de gênero. Para não falar do estilo
visual de seus atores, reprodutores involuntários do estilo da década na qual foi produzido e de sua
trilha musical, digna de um seriado de TV (não é à toa que foi co-produzido por
Irwin Allen, que se tornaria mais conhecido por suas séries fantásticas
adaptadas para a TV) e sua vulgar e extravagante produção visual. Seu racismo
subliminar tampouco deixa de ser evidente, mesmo incorporando um dos ícones
negros e militantes em seu auge, como
quando a possibilidade de sexo
inter-racial entre Ali e a musa viking do irmão do herói, Gerda, é
“providencialmente” interrompida, assim como pelo fato das mulheres do harém
serem predominantemente não negras. Widmark, que já conhecera dias melhores nas
mãos de Samuel Fuller e outros, aqui a certo momento parece reincorporar a sua persona de violento no momento em que
esmurra a amada do irmão. Talvez a única coisa que chame a atenção seja o seu
prólogo que apresenta a lenda do sino através de imagens apropriadas ao teor
fantástico, um toque de originalidade concentrado que inexiste, no entanto, em
todo o restante do filme. Cardiff se tornou mais conhecido como fotógrafo de filmes como Sapatinhos Vermelhos, Narciso Negro, Sob o Signo de Capricórnio, Uma Aventura na África ou A Condessa Descalça que propriamente como o realizador bissexto que foi. Avala Film/Warwick Film Prod. para Columbia Pictures.
126 minutos.
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