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Mostrando postagens com o rótulo Cinema Experimental

Filme do Dia: The Garden of Earthly Delights (1981), Stan Brakhage

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  T he Garden of Earthly Delights (EUA, 1981). Direção: Stan Brakhage. Colagem de imagens de plantas sobrepostas em velocidade a se assemelhar por vezes ao registro de imagens em movimento. Embora a colagem tenda a apresentar um parentesco com os filmes abstratos que o realizador efetivou através de experimentações com a própria película, tanto o processo como o resultado final apontam igualmente para as dessemelhanças, inclusive ao apresentar imagens facilmente identificáveis a todo o momento.  E o que inicialmente sugere ser extraído de gravuras (negativos) vai se tornando mais aproximado de uma reprodução mimética mais “fiel” dos motivos em questão. Ao final os motivos mais próximos da gravura (ou da imagem em negativo?) retornam ao padrão observado ao início. 1 minuto e 44 segundos.

Filme do Dia: Unto Us a Child is Born (1966), Bill Morgan & Jerry Strawbridge

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  U nto Us a Child is Born (EUA, 1966). Direção: Bill Morgan & Jerry Strawbridge. Um dos exemplos pioneiros de utilização da técnica de kinestasis , ou seja, utilização expressiva de imagens em foto fixa, através da montagem, uso do zoom e associação com uma trilha sonora que, não raras vezes, como aqui, torna-se o fio condutor do ritmo – o título em questão, refere-se ao prólogo do Messias de Haendel. Fotos de crianças extraídas de contextos diversos são utilizadas e como o título do filme e a canção também sugerem implicitamente, deve-se atentar para que a “criança que nasce entre nós”,   pode não ser tomada assim tão literalmente e se referir ao próprio espectador e seja motivado pelo seu despertar diante da(s) realidade(s) observada(s). Seu trabalho pioneiro, onde se percebe ainda algumas fragilidades técnicas, seria tecnicamente aprimorado por realizadores como Charles Braverman posteriormente ( Kinestasis 60 , American Time Capsule ). 4 minutos e 51 segundos .

Filme do Dia: Crocus (1971), Suzan Pitt

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  C rocus (EUA, 1971). Direção ,    Rot. Original e Montagem Suzan Pitt. Mulher se sente sexualmente estimulado após se olhar no espelho. Um homem surge de outro aposento e tem uma ereção fabulosa. Quando o casal inicia o sexo, o filho da mulher (do casal?) chora por seu nome e ela vai no quarto dele. Após aquietá-lo o casal volta a atividade anterior. Animação aparentemente feita com tiras de papel. Consegue desdobrar o que seria o seu mote narrativo com relativa objetividade. Após a segunda tentativa do sexo entre o casal, o quarto é invadido por vários objetos voadores, numa dimensão simbólica obscura. Permanece um testemunho a mais não apenas dos anos da Revolução Sexual, mas particularmente da emancipação da representação de um desejo feminino mais explícito do que o apresentado em obras de realizadoras de gerações prévias como Maya Deren, como é o caso igualmente de Vera Chytilová, Carolee Schneemann ou Barbara Hammer, para citar algumas. O diferencial de Pitt é trabalhar c

Filme do Dia: Screen Tests (1964-66), Andy Warhol

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  S creen Tests (EUA, 1964-66). Direção: Andy Warhol. Rot. Original: Ronald Tavel. Filmetes curtos (entre 4 e 6 minutos) que Warhol fez das mais diversas celebridades do mundo das artes e da cultura e, particularmente, de amigos próximos que circulavam pela Factory. Na sua instalação museográfica (aparentemente ouve outro formato para sua exibição enquanto filme de 33 minutos) fica ressaltada a dimensão de “retrato”, de longa tradição na história da fotografia, adicionado o movimento, o que torna uma experiência interessante por, entre outros motivos, ressaltar o tempo, ausente da fotografia e por expressar as mais diversas reações à câmera. Nesse último sentido, o próprio Warhol gostava de chamá-los de emotion pictures , e realmente em muitos deles (como em John Palmer) aflora uma intensidade nas faces evocativas dos melhores momentos de Cassavetes (que por sinal possui entre um de seus mais reverenciados filmes um com o título de Faces ). Existem desde pessoas que choram até aque

Filme do Dia: Eu, Eu Mesmo e o Universo (2003), Hajo Schomerus

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E u, Eu Mesmo e o Universo ( Ich und das Universum , Alemanha, 2003). Direção: Hajo Schomerus. Com: Norbert Buhl, Sabine Fortwängler, Volker Kratz, Fritz Waffenschmdit. Efetivando uma narrativa de ficção com laivos de documentarismo experimental, esse curta apresenta o depoimento de quatro profissionais que descrevem pormenorizadamente suas ações no trabalho ou com relação algum aspecto peculiar de sua própria vida pessoal (caso do homem que há muito tempo elabora sua própria lápide). O que o filme pretende provocar é o estranhamento de tais descrições tão pormenorizadas e especializadas em seu choque com as platéias que os assistem, que potencialmente não possuem   ou estão preparadas para escutar o que falam num filme, e que ecoam como o próprio universo. Esse eco é simultaneamente acentuado pelas imagens que evocam os sistema de telas panorâmicas, geralmente associadas no cinema com ações épicas, que entram em contraponto com as ações e narrativas banais levadas a feito pelos prot

Filme do Dia: An American March (1941), Oskar Fischinger

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  A n American March (EUA, 1941). Direção Oskar Fischinger. As formas abstratas de Fischinger aqui se rendem ao patriotismo ufanista dos tempos de guerra, não apenas em termos de motivos visuais, como a presença da bandeira americana, seja de forma unificada ou fragmentada, mas também na escolha da banda sonora do tema Stars and Stripes Forever , de 1896, da autoria de John Philip Sousa. |3 minutos.

Filme do Dia: Guerra$ (2005), Luiz Rosemberg Filho

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  G uerra$ (Brasil, 2005). Direção: Luiz Rosemberg Filho. Rot. Original: Luiz Rosemberg Filho & Sindoval Aguiar. Fotografia: Renaud Leenhardt. Montagem: Sidney Olivetti. Com: Olívia Zisman Bolliger As obsessões desse momento final da carreira do realizador se encontram muito presentes nesse curta (a guerra, o poder, a dificuldade da humanidade de lidar com o gozo) e também se refletem em uma postura estética também com muitas similaridades. Aqui não se faz uso da colagens tão frequentes em sua produção (em Auschwitz e Desobediência , por exemplo), mas se encontra presente uma ruptura ao longo da duração do vídeo, que aqui substitui as imagens de guerras (e da guerra particular brasileira, com tanques do exército nas favelas) americanas no Iraque e Afeganistão, fazendo uso de imagens de arquivo, e ao som da célebre Tocata e Fuga em Ré Menor BWV 565 de Bach a fala de alguém que apresenta um texto. Novamente uma mulher, novamente um texto de colarações nietzscheanas, ainda que sem

Filme do Dia: Sodom (1989), Luther Price

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  S o dom (EUA, 1989). Direção, Rot. Original e Montagem: Luther Price. Curta  em que uma banda sonora com o que aparenta ser um canto gregoriano acompanha cenas em que, quando discerníveis, parecem tomar partido da necessária repetição e ritmo que conformam atos sexuais para construir uma imagética que mescla elementos e “convenções” do cinema experimental com o que seria talvez uma alusão ao seu título bíblico, o que envolve não apenas sua trilha já referida mas também imagens de fogueiras e multidões. A repetição e ritmo do ato sexual, ainda quando solitário ou produto de uma contorção que gera auto-felação são grandemente construídas na própria apresentação das imagens, que prima pela repetição de planos inúmeras vezes, como o de um coito anal seguido pelo plano aproximado do rosto de quem pretensamente está sendo penetrado. Com o avançar de sua metragem – existem fontes que acusam ele possuir 5 minutos a mais em sua versão integral – tanto o ritmo das imagens e das verdadeiras “

Filme do Dia: Manhatta (1921), Charles Sheeler & Paul Strand

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  M anhatta (EUA, 1921). Direção e Fotografia: Charles Sheeler & Paul Strand. Antecipando as “sinfonias urbanas” de alguns anos após, o filme faz uma elegia a Nova York e ao progresso. Nenhum elemento é mais presente em suas imagens do que a fumaça, provocada seja pelos motores a vapor de balsas, locomotiva, chaminés de transatlânticos  ou ainda dos sumidoros do alto dos telhados dos arranha-céus. Esse encantamento com o progresso será visto com uma perspectiva invertida, não menos manipuladora, mas certamente menos poética, décadas após, em Koyaanisqatsi , de Reggio. É tido como o primeiro filme conscientemente vanguardista do cinema norte-americano.  11 minutos.

Filme do Dia: L'idée (1932), Berthold Bartosch

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  L ’idée (França, 1932). Direção: Berthold Bartosch. Rot. Adaptado: a partir do romance de Frans Masereel. Um dos clássicos da animação de vanguarda, menos conhecido que Uma Noite Sobre o Monte Calvo (1933), de Alexander Alexeiff, mas sem dúvida mais radical em suas pretensões do que aquele, sendo o curta de Alexeiff mais poético e inovador em termos de técnica. O produto da imaginação de um homem, uma mulher nua de pequenas proporções, acaba ganhando o mundo e despertando desprezo, admiração ou cobiça nas mais diversas instâncias da sociedade como a justiça, a academia e o mundo artístico. Para acentuar sua dimensão surreal existe a trilha musical, a primeira de música eletrônica jamais composta para um filme. Embora o filme tenha sido sonorizado, não existem diálogos e a única dimensão para além da imagem e do som é a das cartelas na abertura do mesmo. 25 minutos.

Filme do Dia: Deus Ex (1971), Stan Brakhage

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  Deus Ex (EUA, 1971). Direção: Stan Brakhage. A imagem de um algodão que se torna umedecido de sangue que é seguido por uma rosa vermelha a balançar é uma das soluções visuais para esse curta que integra uma trilogia. Aqui, Brakhage abre mão de suas mais conhecidas abstrações construídas a partir de danificações efetuadas na própria película e fez uso de um arsenal de estratégias visuais mais próximas do cinema narrativo como fades , imagem acelerada, zoom, assim como outras que já haviam se tornado comuns do repertório do cinema de vanguarda  da terceira década do século, assim como do cinema moderno contemporâneo, como é o caso da repetição de um mesmo plano. A iluminação (ou a quase ausência dessa) assim como os movimentos de câmera são fundamentais para esse filme que se detém sobre uma cirurgia sendo efetuada por uma equipe, assim como procedimentos e ações efetuadas no ambiente hospital – uma delas observada a partir das sombras deixadas nos ladrilhos do chão. 35 minutos.

Filme do Dia: Le Tombeau de Kafka (2022), Jean-Claude Rosseau

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  L e Tombeau de Kafka (França, 2022). Direção , Rot. Original , Fotografia e Montagem Jean-Claude Rousseau. Com Jean-Claude Rousseau. Série de planos breves de Rousseau em um apartamento em Praga, intercalados por planos em negro, surgindo e desaparecendo através de cortes secos. Do apartamento (quarto de hotel ou pousada) se observa apenas uma janela – da qual se avista telhados próximos - e mobiliário simples. Eventualmente um tema musical ao piano emerge. Em muitos dos planos nos quais se divisa o pequeno ambiente no qual uma mesa, cadeira, poltrona, aquecedor e um quadro na parede o compõe, Rousseau é visto se deslocando para próximo da câmera e subindo uns degraus antes que o corte seja acionado. Noutros, mais prolongados, visto lendo e folheando um livro. Ao final, dois cervos são observados em meio a uma floresta ou parque, do qual havíamos observado com recorrência um mesmo plano ao longo do curta. E aí observamos no copo de Rousseau a pintura de um cervo e dentro dele a

Filme do Dia: Dimensões do Diálogo (1983), Jan Svankmajer

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  D imensões do Diálogo ( Moznosti Dialogu , Tchecoslováquia, 1983). Direção e Rot. Original: Jan Svankmajer. Fotografia: Vladímir Malik. Música: Jan Klusák. Montagem: Helena Lebudosková. Três sketches nessa animação que faz uso sobretudo das técnicas de stop motion e massinha acabam traçando relações satíricas sobre o que seria o diálogo. No primeiro seres que se entredevoram acabam gerando um processo de evolução em sua antropofagia. No segundo, e talvez mais interessante de todos, observa-se a relação de amor e de conflito entre um homem e uma mulher. No terceiro uma parceria de apoio nas ações entre duas cabeças gera as variações mais estapafúrdias. Uma das obras-primas do realizador. Krátký Film Praha. 12  minutos.

Filme do Dia: Jeux des Reflets et de la Vitesse (1925), Henri Chomette

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    J e ux des Reflets et de la Vitesse (França, 1925). Direção e Rot. Original Henri Chomette. Inicialmente observa-se superfícies de vidro rodopiando em efeito caleidoscópico e quase próximo da abstração. Depois tem-se um trem se aproximando de Paris, em velocidade supersônica (provocada pelo efeito de montagem acelerada). A partir de um determinado momento, passa-se para as águas e um barco em velocidade similar, que se aproxima da Cidade-Luz, beira a Catedral de Notre-Dame e passa por baixo de várias de suas pontes. Quando ocorre de passar por uma que passa um trem, voltamos a perspectiva férrea. Mais próximo do final há um efeito de sobreposição de imagens (algumas vezes duplicada) e também de ângulos exóticos ou invertidos. Brincadeira que se iniciará com o trem sobre os trilhos e logo passará a motivos como a Torre Eiffel, que vemos virar de ponta cabeça. As imagens de veículos ferroviários observados de baixo de ângulos incomuns, assim como os próprios efeitos de sobreposiç

Filme do Dia: Fireworks (1947), Kenneth Anger

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  F ireworks (EUA, 1947). Direção, Rot. Original e Montagem: Kenneth Anger. Com: Kenneth Anger, Gordon Gray, Bill Seltzer. Considerado como seu filme de estréia, mesmo que   aparentemente outros tenham sido dirigidos antes e se perdido, Anger já apresenta nesse filme muito do que caracterizará o seu trabalho ao longo das décadas seguintes: um senso de iconclastia visual; uma abordagem precoce do homoerotismo (aqui se trata de um universo onírico onde prazer e dor se confundem); assim como a presença da música, mais do que diálogo, como o mais importante elemento sonoro. Se as sobreimpressões e efeitos ópticos aqui ainda não se encontram presentes e o caráter amador das filmagens são mais acentuados que em seus filmes posteriores, isso se deve igualmente ao fato desse   ter sido realizado num final de semana e com pouquíssimo dinheiro. O fato de buscar representar o universo onírico do próprio Anger dormindo suscita comparações com as obras anteriores de Cocteau e Buñuel , porém um d

Filme do Dia: A Dança dos Paroxismos (1929), Jorge Brum do Canto

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  A   Dança dos Paroxismos (Portugal, 1929). Direção, Rot. Original e Montagem: Jorge Brum do Canto. Fotografia: Manuel Luís Vieira. Com: Machado Correia, Jorge Brum do Canto, Maria de Castro, Maria Emília Vilas, Maria Manuela Varela. Cavalgando há dois dias rumo ao Reino Encantado no qual desposará uma princesa, Galeswithe (Varela) o cavaleiro (Brum do Canto) é acudido por um grupo de camponesas. Ele segue sua jornada, tendo sido alertado para ter cuidado quando atravessasse Elfland, a terra dos elfos. Lá proseia com Banschi (Castro) e é convidado a dançar pelas sílfides, convite que declina. O convite embute várias promessas, para que permaneça no seu reino. Esse não cede a seus encantos e parte, logo a seguir vendo uma imagem de ninguém menos que Galeswithe, que se afirma já ter morrido. Bem mais comedido em suas experimentações formais que a maior parte dos filmes da vanguarda francesa que lhe inspirou – o filme é dedicado a Marcel L’Herbier, embora talvez seja mais próximo, es

Filme do Dia: Comingled Containers (1996), Stan Brakhage

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  C omingled Containers (EUA, 1996). Direção: Stan Brakhage. Se em filmes como Dog Star Man I , evocações abstratas passam a intervir em imagens predominante realistas e mesmo figurativas da tentativa de um homem escalar uma montanha, aqui imagens predominantemente realistas da natureza, motivos envolvendo sobretudo água e os raios solares, acabam ocasionalmente sendo interrompidas pelos habituais efeitos abstracionistas utilizados com experimentação sobre a película, num movimento que parece menos se contrapor do que apresentar uma contiguidade/continuidade entre os dois planos de imagens. 5 minutos.

Filme do Dia: Eclipse (1984), Antônio Moreno

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  E clipse (Brasil, 1984). Direção: Antônio Moreno. Talvez a mais expressiva obra dos 15 curtas dirigidos pelo acadêmico Moreno, autor de livro sobre personagens homossexuais no cinema brasileiro. Fazendo uso de uma tradição experimentalista que remete irremediavelmente a Stan Brakhage, Moreno se afasta igualmente dessa em ao menos duas características e meia. A meia é o uso, aqui bastante saliente, de imagens filmadas de modo convencional, progressivamente ausentes na obra do norte-americano. E as duas outras são a sonorização – os filmes de Brakhage são habitualmente mudos – e, relacionado diretamente a essa, um discurso político-libertário que remete ao apagão vivido na democracia do país desde a ditadura de 64, a partir de um viés glauberiano. Visionário, portanto crítico do autoritarismo, mas também do populismo de esquerda, sempre claudicante em enfrentar o primeiro. Há referências à política internacional, que vão do endeusamento do mito Guevara à crítica ao castrismo, como ou

Filme do Dia: An American Time Capsule (1969), Charles Braverman

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  A n American Time Capsule (EUA, 1969). Direção: Charles Braverman. Braverman, que utilizou o recurso da kinestasia sobretudo para documentar, através da forma da colagem de efeito algo pop – não é à toa, nesse sentido, que ele próprio tenha sido um dos responsáveis pela disseminação da técnica em produtos midiáticos de maior apelo comercial, onde foram devidamente neutralizados de seus aspectos mais “inconvenientes”, como é o caso da abertura de No Mundo de 2020 (1973) – aqui desloca o que havia estruturado em termos de algo como uma retrospectiva do ano de 1968 ou a própria década de 60 (em Kinestasis 60 ) para a própria história norte-americana como um todo. Portanto, boa parte das fotos fixas apresentadas são menos reproduções de fotografias que de gravuras históricas quando a fotografia sequer existia ou era popular o suficiente para documentar eventos históricos. O uso que Braverman faz do recurso, do qual foi um dos mestres a dominar, é bastante convencional, senão em termos

Filme do Dia: Rio de Janeiro - Brasil (1975), Luiz Alphonsus

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R io de Janeiro – Brasil (Brasil, 1975). De Luiz Alphonsus. Um passeio pelo Rio, através das andanças de uma garota hippie e seu amigo negro e marginal, nesse poético filme que apresenta desde um jogo do Flamengo no Maracanã até cenas de Carnaval e de uso de maconha, passsando por uma seqüência em que várias pessoas se emocionam ao aproximarem-se   de uma imagem da Virgem Maria, em tamanho natural, de quem acompanharámos o traslado. Registrando algumas cenas de torcedores em arquibancadas com uma intimidade inédita, apresenta igualmente a imagem dos jogadores constantemente interrompida pela presença de uma grande bandeira do clube. Destaque igualmente para as cenas que vão do involuntariamente cômico (a imagem da virgem deitada em um banco de um carro) ao libertário (a imagem da garota atravessando destemida e sensual as ruas da cidade ao som de Janis Joplin). Apresenta, em certo momento, uma relação entre religiosidade e sexualidade, brincando com os estereótipos tradicionais da mu