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A narrativa nada mais é do que um modo de lidar com essa inevitável e grande perda de um objeto denominado tempo passado , transportando-o imaginariamente, pelo recurso à narração, para o interior do presente. Susana Kampff Lages, Walter Benjamin  - Tradução e Melancolia, p. 128.
Se o sono é o ponto mais alto da distensão física, o tédio é o ponto mais alto da distensão psíquica. O tédio é o pássaro de sonho que choca os ovos da experiência . O menor sussurro nas folhagens o assusta. Seus ninhos - as atividades intimamente associadas ao tédio - já se extinguiram na cidade e estão em vias de extinção no campo. Com isso, desaparece a comunidade dos ouvintes. Contar histórias, sempre foi a arte de contá-las de novo, e ela se perde quando as histórias não são mais conservadas. Ela se perde porque ninguém mais fia ou tece enquanto ouve a história. (grifos meus) Descobri esse lindo trecho de O Narrador através do  trabalho de Susana Kampff Lages, que me incitou a reler o texto de Benjamin, como toda obra que difunde o interesse pelo que admira de forma intensa o faz. Como parece distante do vazio acadêmico burocrático e institucionalizado da maior parte do que se produz na academia nos dias de hoje...A visão do tédio como força necessária para a criação espiritu
Se é preciso ir embora e errar, é porque, excluídos da verdade, somos condenados à exclusão que proíbe toda e qualquer morada? Não será sobretudo porque essa errância significa uma relação nova com o "verdadeiro "? Não será também que esse movimento nômade (em que se inscreve a ideia de partilha e separação ) se afirma, não tanto como eterna privação de um domicílio, mas como uma maneira autêntica de residir, de uma residência que não nos liga à determinação de um lugar , nem à fixação a uma realidade já fundada, segura, permanente? Maurice Blanchot, L'Entretien Infiniti apud Lages, Susana Kampff. Walter Benjamin - Tradução e Melancolia, pp.124 (grifos da autora).