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Mostrando postagens com o rótulo Primeiro Cinema

Filme do Dia: Islands Alting Besøg i København (1906), Peter Elfelt

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  Islands Alting Besøg i København (Dinamarca, 1906). Direção e Fotografia Peter Elfelt. Neste registro de alguns momentos do forte número de islandeses (políticos e diplomatas é de se supor) em Copenhague, com o objetivo de abrir fronteiras para um processo de autonomia política há “quadros” com momentos desta visita, mas que planos e uma noção de continuidade mais sólida – a chegada em um navio, uma recepção concorrida, um grande cortejo de carruagens provavelmente os levando, etc. Com relação a esta última situação há de se frisar um efeito típico do Primeiro Cinema, com o registro da passagem de todas as carruagens, embora aparentemente existam alguns cortes na cena, e o aceno das autoridades direcionados ao que indica a imagem mais para a câmera que para os transeuntes a observarem o cortejo. Há um caráter cíclico no filme, a iniciar e findar com a chegada e partida da comissão em uma embarcação de porte médio. |Peter Elfert. 6 minutos e 43 segundos.

Filme do Dia: Searching Ruins on Broadway, Galveston, for Dead Bodies (1900), Albert E. Smith

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  S earching Ruins on Broadway, Galveston, for Dead Bodies (EUA, 1900). Direção e Fotografia: Albert E. Smith Plano estático de homens vasculhando destroços do furacão que se abateu sobre Galveston, Texas e foi tema de vários outros filmes do mesmo período ( Panoramaof Galveston Power House , Bird´s Eye View of Dock Front, Galveston ). O catálogo da companhia faz menção ao fato de um corpo ter sido encontrado durante o momento da filmagem, menção que tanto pode ter sido inventada para criar um apelo maior para o filme ou efetivamente ter ocorrido e não ter sido registrada ou editada ao final por questões éticas. O fato é que nada sugere algo parecido nas imagens existentes. Edison Manufacturing Co. 54 segundos.  

Filme do Dia: Stanford University, California (1897), W. Bleckyrden

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  S tanford University, California (EUA, 1897). Fotografia: W. Bleckyrden. Registro de um grupo de acadêmicos saindo da referida universidade que dá título ao filme e onde se destaca um  pórtico, que viraria escombro após o terremoto de 1906 e nunca mais voltaria a ser reconstruído. Talvez se torne incomum o fato de lidar com uma coletividade que representa parte da elite americana e não o operariado, que geralmente era motivo de tais registros coletivos, desde os Lumière ( La Sortie de las Usines Lumière ), quando tal elite somente era flagrada em momentos de diversão e lazer.Edison Manufacturing Co. 27 segundos.

Filme do Dia: The Birth of a Flower (1910), F. Percy Smith

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T he Birth of a Flower (Reino Unido, 1910). Direção: F. Percy Smith. Exercício pioneiro de fotografar diversas flores se abrindo pelo naturalista Smith.Talvez menos interessante que as imagens em si, para o espectador de mais de um século após de sua realização, acostumado a cenas do tipo observadas dezenas de vezes em programas de TV, seja o filme fazer uso de um processo pioneiro de cor que não parte da pintura artesanal da película chamado Kinemacolor, que teria vida relativamente breve e fazia uso de filtros nas projeções e filmagens de um original em p&b. Charles Urban Trade Co. 7 minutos.  

Filme do Dia: Au Pays Noir (1905), Ferdinand Zecca & Lucien Nonguet

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  A u Pays Noir (França, 1905). Direção Ferdinand Zecca & Lucien Nonguet. Rot. Adaptado a partir do romance de Émile Zola. A descrição da precariedade de uma família mineira a apresenta em situação típica associada ao grupo social, família numerosa, mas também com certa dignidade (não há ninguém vestindo andrajos, existem mais objetos de cena, ilustrando os adereços da casa – inclusive um indefectível quadro religioso na parede – que o habitual em produções da época). As cartelas possuem apresentação típica do estúdio então. Letras garrafais em chamativo vermelho sobre fundo preto. Na cena seguinte, a apresentar a saída para o trabalho do chefe da família, observamos um elaborado trabalho cenográfico, primorosamente realista em contraposição aos pensados por Méliès em seu Viagem à Lua , por mais que facilmente se perceba a tentativa de criar profundidade a partir das telas que a representam, mas das quais se pode observar, inclusive, seu contato com o chão. E o mais incrível é

Filme do Dia: Astor Battery on Parade (1899), J. Stuart Blackton & Albert E. Smith

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  A stor Battery on Parade (EUA, 1899). Fotografia J. Stuart Blackton & Albert E. Smith. Uma parade é filmada de uma perspective bastante semelhante a presente em Buffalo Police on Parade (1897), ao ponto de se poder questionar, assistindo somente uma vez a ambos, tratar-se do mesmo filme com acréscimos de algumas imagens. Ao contrário da parada de Buffalo, no entanto, a simetria dos que desfilam não chega a ser tão rigorosa, ao menos depois do primeiro pelotão. Assim como um militarismo, inclusive com exibição de armas e movimento delas, é mais patente do que na outra; enqunanto na outra se respira um ar de maior comodidade e comunidade com a sociedade civil. Vai nessa mesma trilha o movimento mais nervoso, agitado e rápido do passe dos militares em relação a tranqüilidade que acompanha os policiais. Edison Manufacturing Co. 47 segundos.

Filme do Dia: The Bitter Bit (1899), James Bamforth

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  T he Bitter Bit (Reino Unido, 1899). Direção James Bamforth. Homem pressiona a mangueira com a mão, impedindo o fluxo de água de circular. O homem que regava o jardim estranha e observa a saída da mangueira, quando o homem retira o pé da mesma, esguinchando água sobre. O brincalhão se encontra escondido atrás de uma árvore e quando o alvo de sua brincadeira percebe tudo vai atrás dele, que utiliza a própria árvore para tentar fugir do outro, mas é capturado pelo mesmo que o molha com a mangueira. Bamforth não parece alguém propriamente criativo. Das três produções sobreviventes de sua autoria, ao menos duas são cópias de filmes alheios – no caso de The Kiss in the Tunnel , de um homônimo com enredo similar. E, pior que isso, consegue piorar seus copiados. No caso deste. Com mais tempo para apresentar sua “história” que o célebre O Regador Regado , de quatro anos antes, dos Lumière, uma boa parte do seu tempo é gasta em uma inverossímil brincadeira no estilo pega-pega entre os do

Filme do Dia: A Victorian Lady in Her Boudoir (1896), Esme Collings

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  A   Victorian Lady in Her Boudoir (Reino Unido, 1896). Fotografia Esme Collings. A composição algo roliça da mulher a se despir é tão testemunho de padrões de beleza distintos dos olhos que observam esta produção com a distância de bem mais de um século, e tão recorrentes nas imagens da época quanto a inescapável função voyeurística do cinema, em termos mais propriamente libidinosos, desde o início das imagens em movimento. Ela se despe em meio a duas cadeiras, que servirão como cabides improvisados onde depositará suas extensas vestes,  e um cenário que busca emular o quarto íntimo ( boudoir para os franceses) da senhora. O fato de ser uma dama da era vitoriana traz um sabor a mais. Como boa stripper , valoriza seu passe, ao sugerir mais que se expor por completo, detendo-se na última peça, uma camisola a qual se pode adivinhar, mais pelos seios que propriamente pelo sexo, que se encontra nua depois deste último obstáculo. A estratégia de se despir, no entanto, emula o naturalis

Filme do Dia: Course en Sacs (1896), Louis Lumière

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  C ourse en Sacs (França, 1896) Direção: Louis Lumière. Uma corrida de sacos, evento comum nos festejos da época. Os competidores (e muito provavelmente a própria assistência que os ladeia) são operários das fábricas dos Lumière. É interessante a idéia progressiva da multidão que se fecha e goza do desastrado último competidor, que tem seu avanço indiscriminado que ameaça a própria câmera que os registra;   alertado pelo realizador, dos quais se observa as mãos gesticulando para que algumas pessoas se desviem da câmera, numa primeira aparição do realizador em seu próprio filme, intervenção que se tornará comum no cinema autoral dos anos 60. Lumière. 35 segundos.

Filme do Dia: Stop, Thief! (1901), James WIlliamson

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  P ega Ladrão ( S top, Thief! , Reino Unido, 1901). Direção: James Williamson. Com: Sam Dalton. Um larápio rouba um homem e sai correndo. O homem o persegue e alguns moradores observam a cena. O larápio pula em um barril atraindo a atenção de cachorros que pulam no mesmo barril. Cada dono de um cachorro vai pegar o seu, e o homem que foi furtado pega o larápio e lhe dá uma surra. Um dos primeiros filmes a fazer uso de uma certa noção de continuidade espacial, continuidade essa elaborada a partir de uma montagem que privilegia o acompanhamento da continuação de uma ação de perseguição – sendo o filme uma espécie de protótipo dos chamados “filmes de perseguição” de anos após. Dalton, que encarna o larápio, colaborou em diversas produções de Williamson, encontrando-se aqui quase irreconhecível quando em comparação ao mais famoso The Big Swallow , realizado no mesmo ano. Williamson Kinematograph Co. 1 minuto e 57 segundos.

Filme do Dia: Parade of Marines, U.S. Cruiser, Brooklyn (1898), William Heise

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  P arade of Marines, U.S. Cruiser, Brooklyn (EUA, 1898). Fotografia: William Heise À descrição de paradas militares, bastante populares em um momento no qual o país se encontra em Guerra (a   Hispano-Americana), que vivencia seu auge esse ano, soma-se a curiosidade de dois elementos “estranhos” ao cortejo, um homem e uma criança que carregam cada um   seu balde (vendedores ambulantes), plano esse que se encontra repetido na cópia em questão e quebra um pouco com a formalidade pomposa do evento. Edison Manufacturing Co. 1 minuto e 36 segundos

Filme do Dia: Marseille, la Canebière (1896), Louis Lumière

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  M arseille, la Canebière (França, 1896). Fotografia Louis Lumière. É incrível a vivacidade e nitidez das imagens de uma rua movimentada da cidade francesa, repleta de postes, anúncios, pessoas e veículos em movimento. Nitidez que pode provocar reações paradoxais no espectador, ao mesmo tempo trazendo um senso táctil e promovendo uma aproximação com um estilo de desenho/animação que se deleita em descrever espaços urbanos. A câmera como quase sempre – a exceção são os “panoramas”, e os travellings a partir de veículos em movimento – se encontra fixa a registrar os elementos imóveis e os móveis, estes últimos cruzando sua objetiva.  |Lumière. 50 segundos.

Filme do Dia: Chien Jouant à la Balle (1905), Alice Guy

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  C hien Jouant à la Balle (França, 1905). Direção: Alice Guy Esse filme que apresenta as peripécias de um homem, um cachorro e um balão curiosamente pouco se importa que seu cenário pintado ao fundo, evocativo de uma iconografia estilizada de Paris que logo se tornará lugar-comum no cinema, não exclusivamente francês, seja evidentemente percebido enquanto tal, pois a ilusão de profundidade proporcionada pela pintura acaba se desfazendo quando se percebe não apenas a sombra do balão sobre a mesma como o próprio choque do balão e do cachorro contra a pintura. Ainda que certas fontes apontem essa produção como sendo de 1905, tanto sua duração como sua temática eminentemente vaudevilliana o aproxima mais dos primeiros anos do século. Societé des Etablissements L. Gaumont. 1 minuto e 13 segundos.

Filme do Dia: Sham Battle at Pan American Exposition (1901)

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  S ham Battle at Pan American Exposition (EUA, 1901). No ultimo dia da Exposição Pan-Americana foi encenada essa batalha que reconstitui a luta de seis tribos norte-americanas contra o Exército. O caráter espetacular do evento tanto é evocativo do teatro melodramático contemporâneo quanto – e ainda mais – sugere uma antecipação das próprias batalhas que seriam reproduzidas pelo cinema posteriormente como as presentes nos filmes de Griffith, com um esmero de produção ainda impossível de ser seguido pelo cinema de então – para efeito comparativo basta se observar, por exemplo, filmes como Advance of Kansas Volunteers at Caloocan , do ano anterior. A grandiosidade do evento certamente foi responsável por uma montagem bastante além dos padrões habituais de então. No prólogo do filme ocorre uma parada dos índios montados em seus cavalos, o que não deixa de ser curioso, no sentido de que não são os cavaleiros que ganharam essa honra ou pelo menos se também o foram não se encontram represe

Filme do Dia: Skirmish with Boers near Kimberly (1900), Joe Rosenthal

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  S kirmish with Boers near Kimberly (Reino Unido, 1900). Fotografia: Joe Rosenthal Essa atualidade reconstituída compartilha, ou melhor, antecipa os mesmos protocolos que serão os do filme de perseguição de poucos anos após. Em seu primeiro e longo plano observa todo um grupo de soldados britânicos montados em seus cavalos até que se passe ao segundo, um recorte menor do primeiro. Dificilmente um espectador contemporâneo, de quase 120 anos após sua realização, dar-se-á conta que tal como naqueles aqui se trata de uma perseguição aos bôeres, se não ler a descrição de cada um dos quadros, pois não vemos o outro grupo em ação. No segundo quadro observamos um grupo apeando de seus cavalos e montando suas metralhadoras. Aliás, mesmo se observando a descrição de cada quadro, ainda parece pouco crível que o terceiro e último seja a descrição de um ataque. Warwick Trading Co. 1 minuto e 35 segundos.    

Filme do Dia: Execution of Czolgosz with Panorama of Auburn Prison (1901), Edwin S. Porter

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  E xecution of Czolgosz with Panorama of Auburn Prison (EUA, 1901). Direção: Edwin S. Porter. Essa dramatização da pena de morte do assassino do presidente americano MacKinley é precedido de uma lenta panorâmica documental que apresenta a prisão real onde ocorreu o evento. O choque entre as imagens documentais e a evidente encenação que se segue não parecia ser problemática à época e a própria natureza mista do filme se apresenta no seu título partilhado. Filmes que apresentavam execuções eram bastante comuns na época (por exemplo, o final de A História de um Crime ), muito deles produzidos igualmente por Edison (como The Execution of Mary, Queen   of Scots ). Edison Manufacturing Co. 4 minutos.

Filme do Dia: Opening the Williamsburg Bridge (1904), G.W. Bitzer

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  O pening the Williamsburg Bridge (EUA, 1904). Fotografia: G.W. Bitzer Flagrante da inauguração formal da famosa ponte, à época a maior ponte suspensa do mundo, e uma das que se tornaria marca registrada da cidade de Nova York, embora longe da fama da sua colega do Brooklyn. Do fllme não se pode deparar grande coisa. Uma tropa de policiais montados à cavalo se segue um pequeno grupo de jornalistas fotográficos e logo quase colados a esses vem a comitiva do prefeito da cidade. Um dos trunfos dessa produção, ao menos para o provável propósito ao qual se adequa, é efetuar uma muito discreta panorâmica à esquerda, fazendo como quase que por encanto deixemos de observar os coadjuvantes do ritual do poder à distância para observarmos a comitiva do prefeito e autoridades de forma bem mais próxima do reconhecimento. O prefeito em questão é Seth Low, que à época do lançamento desse já havia sido derrotado por George McClellan (que pode ser observado em ação no contemporâneo Annual Parade, Ne

Filme do Dia: Transport de la Cloche de l'Indépendence (1896), Gabriel Veyre

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  T ransport de la Cloche de l’Indépendence (França, 1896). Fotografia: Gabriel Veyre. Partindo de um ângulo perpendicular e um pouco mais elevado de onde se encontram os populares, típico da fotogenia das produções do estúdio, tem-se um registro de um trecho da procissão militar que carrega o sino da independência, certamente algo de uma mitologia vinculada a objetos que remetem à sua ascendência sagrada anterior, agora no campo dos rituais republicanos, que como a própria parada e sua assistência atestam, tampouco deixam de lembrar ritos religiosos. Compõe o conjunto de filmes que o operador Veyre efetuou no México e que hoje podem ser tidas como imagens fundacionais da nação mexicana no cinema. Número 346 do Catálogo do estúdio. Lumière. 55 segundos.  

Filme do Dia: A Madame com Desejos (1907), Alice Guy

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  A   Madame com Desejos  (Madame a des Envies , França, 1907). Direção: Alice Guy. Mulher grávida deseja tudo que encontra pelo caminha e não se escusa em simplesmente roubar o pirulito de uma criança ou o cachimbo de um vendedor.  Apesar do filme ser estruturado em planos abertos o suficiente para enquadrar o corpo inteiro dos atores, ocorre cortes abruptos para planos aproximados da protagonista degustando o que havia surrupiado, o que empresta um interessante senso rítmico à narrativa, acentuado pela igual variação da trilha musical que acompanha essa cópia em questão, como demonstra o quanto a montagem se encontrava distante dos princípios do cinema clássico. O caráter de escracho, mais elaborado e discreto que nas produções britânicas do início do século ou mesmo em produções francesas contemporâneas, encontra-se, por exemplo, na barriga propositalmente mal feita que simula a gravidez da personagem. Guy continuaria sua carreira nos EUA. Pathé Frères. 4 minutos.

Filme do Dia: Special Delivery Messenger, U.S.P.O. (1903), A.E. Weed

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  S pecial Delivery Messenger, U.S.P.O (EUA, 1903). Fotografia: A.E. Weed. Encenação de evidente viés documental sobre a chegada de uma carta ou telegrama que é entregue e assinada por uma senhora nesse que é um das dezenas de filmes financiados pelos Correios norte-americanos. Destaque para o recurso, apropriado à exaustão por certos realizadores vinculados ao cinema moderno, como Júlio Bressane no Brasil, do plano iniciar sem nenhum elemento humano e apenas a presença da fachada da casa, ser atravessado pelo carteiro com sua bicicleta e permanecer na fachada da casa após a saída dos dois personagens, elemento comum no cinema da época. American Mutuoscope & Biograph. 40 segundos.