mensagem para Joceny, 05/09/2005

Como vão as coisas? Por aqui tudo indo. Ontem
completei 37 nos couros e talvez o maior presente
tenha sido a exibição de Vilas Volantes na TV Cultura,
embora aqui pegue mal a Cultura e uma saída para o
cinema com Luíza para assistir a um filme maravilhoso
de Amos Gitai, o israelense,  chamado Alila. Não falei
nada para ela, pois apenas queria curtir sua presença,
da maneira mais espontânea possível, sem a menor
sombra de culpa ou felicitações por não saber sobre,
afinal nem tinha a menor obrigação para. Estou
escutando o primeiro disco dos Beatles e me lembrando
da época dos “primeiros amores” na UECE, (...). 
É como minha amiga Luíza,
psicanalista, falava ontem, não há como fugir do
desejo se se quiser viver. Ainda que ele possa fazer
sofrer ou temer. E vão por terra todos os clichês
sobre agressividades vividas em relações. As pessoas
falam tanto de São Paulo como a cidade da solidão e
até foi exibido um Globo Repórter sobre o tema outro
dia, mas paradoxalmente me sinto menos só em minha
solidão aqui que em Fortaleza pois sei que aqui
existem milhares como eu, muitos deles compartilhando
situações semelhantes comigo, o que cria um elo forte,
o que praticamente inexiste, com raras exceções, em
Fortaleza, onde todos parecem tão bem entrincheirados
em suas famílias heteros ou homossexuais. Como não
faço parte de nenhum dessas famílias, prefiro apenas
continuar simplesmente correndo atrás do desejo, nem
que seja na imagem utópica de um  puteiro imaginário
ou real de algum país distante.

Beijos
Cid

ps. Quando vi a tragédia em New Orleans lembrei muito
de vc por conta do jazz e, por minha parte, por ser ao
lado de San Francisco e New York, uma das poucas
cidades americanas que realmente desejaria conhecer.
ps.2 agora que passei da maldição dos 36 (Elis,
Marilyn Monroe, Fassbinder) acho que só vou morrer
velhinho de mãos tremulas e, espero, safado como
sempre.


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