Filme do Dia: À Espera de Turistas (2007), Robert Thalheim
À Espera de Turistas (Am Ende Kommen Touristen, Alemanha, 2007). Direção:
Robert Thalheim. Rot. Original: Robert Thalheim, Hans-Christian Schmid &
Bernd Lange. Fotografia: Yoliswa Gärtig. Música:
Uwe Bossenz. Montagem: Stefan Kobe. Dir. de arte: Michael Galinski & Rita
Hallenkamp. Figurinos: Ewa Krauze. Com: Alexander Fehling, Ryszard Ronczewski,
Barbara Wysocka, Piotr Rogucki, Rainer Sellien, Lena Stolze, Lutz Blochberger,
Willy Rachow.
Sven (Fehling) é um jovem alemão que opta pelo
serviço civil ao invés do militar e parte para Auschwitz, onde sua principal
função é se tornar assistente do idoso Stanislaw (Ronczewski), que tendo sido
prisioneiro do campo de concentração, nunca havia abandonado o local,
trabalhando com palestras para visitantes jovens e reparando malas que haviam
sido de prisioneiros para o museu que funciona no local atualmente. Sven ao
mesmo tempo passa a se relacionar afetivamente com a polonesa Ania (Wysocka). O
rabugento Stanislaw observa, com o tempo, que Sven se encontra efetivamente
preocupado com ele, enquanto Ania tem planos de se mudar para Bruxelas e
iniciar uma nova carreira. Sven, incomodado com ambas as situações – havia
pouco tempo antes ajudado Stanislaw, que havia encontrado caído no chão, mas se
encontrava algo reticente de ir morar com a irmã – decide partir de volta para
Berlim. Quando se encontra próximo de embarcar, volta, tendo como pretexto
auxiliar um grupo de turistas recém-chegados.
Por mais que o filme pretenda se manter
distante do tratamento que o cinema de maior apelo comercial tratou a temática
– e um comentário de Stanislaw parece selar como contraponto A Lista de Schindler, de Spielberg – ele
tampouco se encontra longe de uma já longeva tradição de filmes de maior
pretensão com relação a questões como as apresentadas pelo filme a partir do
filtro das relações pessoais. Mesmo buscando se afastar do sentimentalismo que
a todo momento parece ameaçar pousar de forma incontrovertida sobre a relação
entre o jovem e o velho ou sobre a trivialidade romântica que igualmente
comprometeria a percepção semi-distanciada com que acompanha a aproximação de
Sven de Ania, o filme tenta se evadir de posicionamentos que não são tão
distintos dos trabalhados pelas produções rotineiras que aparentemente pretende
se contrapor. Seu final, por exemplo, é o cúmulo de uma tentativa de negar ao
espectador um retorno mais explícito do personagem a sua figura amada e um
happy end mais convencional como o de O Exótico Hotel Marigold (2011). O que
não necessariamente significa algo tão distante assim. Dito isso, deve-se
reconhecer a forma tocante com que o talentoso Fehling, alter-ego do cineasta
(o filme é baseado numa experiência autobiográfica) consegue expressar a
angústia que o acompanha ao longo de quase todo o filme, com relação as duas situações
que se tornam centrais para ele. Assim como a duplicação da indecisão do homem
mais velho sobre o mais jovem, como a ressaltar a vida enquanto incessante
processo de opções nem sempre fáceis de se tomar. 23/5 Filmproduktion GmbH/Das
Kleinfernsehspiel para Bavaria Film Int. 85 minutos.
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