Meu Caro Diário, 06/05/2004
Vi um cartaz no posto próximo do metrô onde estava escrito “encontrei cão
preto com coleira marrom” e o número do celular. Fiquei imaginando como o bichano
estaria sendo tratado. Com o mesmo desprendimento que são os reféns ricos em
casas de pobres? Ou com o mesmo apreço que o cartaz de letras vermelhas sobre
fundo amarelo havia sido confeccionado? Qual o interesse de quem pôs o anúncio?
Receber uma régia – e o termo me faz lembrar Ismail ontem, afirmando que fora
muito bem pago pela Globo para oferecer palestras no Projac, mas não
“regiamente”, como reproduzira um aluno – recompensa ou apenas ou apenas fazer
o bem ser ver a quem? O bichano teria pose de aristocrata? Agora escuto Chet
Baker no CCSP em uma canção que não reconheço. Esta manhã saí de minha letargia
afásica quando percebi a complicação no qual me vi envolvido com a babaquice de
um termo de contrato da CAPES que não pode reconhecer firma aqui e tive que
importunar o povo lá de casa. Tentei Van Carder e Cris, mas eles ficaram
espertos – (...) - o suficiente para não
atenderem minhas chamadas-apelos. Tudo porque não consegui ligar de telefone
público. Saía uma mensagem com aquele odioso e irritante sotaque paulista.
Quase quebro o telefone público de um shopping. Agora apenas torço que tudo dê
certo. Quero esquecer tudo e imergir no universo fassbinderiano. De qualquer
forma, o ódio e o desespero provocam uma energia e uma sensação de vivacidade e
poder que me é totalmente estranho nas ações cotidianas. Não consegui almoçar
no CCSP pois já havia encerrado quando cheguei. Comi só uma esfirra com um suco
de lata de pêssego. Sinto-me paranóico e abandonado pelos amigos. O idiota do
A. não teve nem a dignidade de me responder os comentários sobre seu
trabalho. Talvez tenha ficado ofendido, porque quisesse apenas confetes. Naza
simplesmente ignorou meu mail alucinado ao som de My Funny Valentine.
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