Filme do Dia: Psicose (1998), Gus Van Sant

Psicose ( Psycho, EUA, 1998). Direção: Gus Van Sant. Rot.Adaptado:  Joseph Stefano, baseado no romance de Robert Bloch.  Fotografia: Christopher Doyle. Música: Bernard Herrmann. Edição:Amy E. Duddleston. Com:  Vince Vaughn, Anne Heche, Julianne Moore,  Viggo Mortensen,  William H. Macy ,   Robert Forster,   Philip Baker Hall.
          Marion Crane (Heche) vê a chance de sair de seu mundinho banal de secretária, quando decide fugir com 400 mil doláres que eram para ser depositados no banco na conta de seu patrão. Ao invés disso, ela pretende fugir e encontrar-se com Sam Loomis (Mortensen), seu namorado que vive em Los Angeles. Vende o seu carro e compra um com a placa da Califórnia e, mesmo despertando as suspeitas de um policial, segue viagem. Após o susto de ser acordada por um policial quando dormia no acostamento da estrada,  decide pernoitar no Bates Motel. É recepcionada por seu estranho proprietário, Norman (Vaughn), que ao lhe oferecer um lanche, desfia todos os problemas do relacionamento que vive com sua mãe inválida e possessiva. Enquanto toma banho, Marion é assassinada. Bates joga seu corpo, com o carro em que viajava, em um pantâno. O detetive Arbogast (Macy) é contratado para investigar o sumiço do dinheiro. Vai até a casa da irmã de Marion, Lila (Moore), que afirma que a irmã se encontra desaparecida. Arbogast consgue chegar até o Bates Motel, porém quando retorna para investigar sobre a mãe de Bates, que não conseguira ter acesso, é assassinado na escada. Lila decide ir com Loomis investigar por conta própria a razão da demora de Arbogast para retornar. Após acordarem o Xerife Chambers (Hall), ficam sabendo que a mãe de Bates já se encontra morta há muito tempo. Fingindo passar por um casal que pretende se hospedar no motel, Lila e Loomis passam a vasculhar pelos quartos e, enquanto Loomis entretém Bates, Lila entra na casa vizinha, para procurar por sua mãe. Loomis é golpeado com um taco de um golfe, enquanto Lila descobre que sua mãe no porão, não passa de um cadáver. Lila quase também se torna vítima de Bates, que é surpreendido quando tentava assassiná-la pela polícia. Dr. Simon (Forster), explica a Lila que Bates, assassinara a mãe, após essa ter passado a morar com um novo companheiro, forjando um assassinato seguido de suicídio e que Bates possuía uma personalidade dividida, fazendo o papel de sua própria mãe. Após o crime, a personalidade da mãe havia ofuscado por completo a noção de si mesmo.
Gus Van Sant se gabou de ter realizado uma refilmagem que procura seguir à risca todos os planos do original. Pode até ter conseguido, o que é uma façanha inédita no cinema, porém o resultado é uma nulidade. Se o Psicose (1960) original, já possuía como atrativo se apoiar nos clichês dos filmes de horror e suspense para descontruí-los, a versão atual parece ser o mais longo exercício de  meta - metacinema sem originalidade que o cinema já proporcionou. Ao vampirizar o filme de Hitchcock, o lado mais interessante do filme, que era justamente o de brincar com alguns valores do cinema clássico americano, assim como a sua sutileza narrativa, acabam se evanescendo, já que suas rupturas hoje não causam mais impacto,  ficando apenas uma longa e estéril referência de um filme a outro, ou ainda a mais longa citação e, por outro lado, tudo de uma forma extremamente redundante. Fica também de pior, o peso do psicologismo hitchcockiano que se já não era muito palatável na época do original, por mais que a crítica francesa da época tenha sublevado, torna-se grotesco nos dias de hoje, presente sobretudo na didática explanação final do psiquiatra. Para piorar tudo, as péssimas interpretações e alguns toques para sugerir que não mais se trata de um filme dos anos 60, como as cores e algumas liberdades extras como a cena pós-coito, na seqüência inicial, onde a nudez masculina ganha prevalência sobre a feminina (mais um sinal dos tempos) e a desnecessária acentuação do caráter de perverso sexual de Bates que chega ao rídiculo e caricato - a cena que ele espia pelo buraco da parede e escutamos sua masturbação. Outra coisa que faz tremenda falta é a da construção de uma atmosfera de suspense, que simplesmente colide com a burocrática reconstituição dos planos (a seqüência do assassinato na escada chega ao ponto de reconstituir a backshot do original). Como ainda alguma possibilidade de suspense diante de uma mera repetição, ainda por cima grandemente inferior? Enfim, menos que uma homenagem ao mestre do suspense, o que o  filme ainda redundantemente propõe no final dos créditos, trata-se antes de um caça-níquel apoiado como nunca no filme original, inclusive porque não foi necessário se pagar por um roteiro ou trilha sonora nova. Universal. 109 minutos.


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