Filme do Dia: Ponto Final (2005), Woody Allen
Ponto Final (Match Point, EUA/Reino Unido/Rússia/Irlanda/Luxemburgo, 2005). Direção e Rot. Original: Woody Allen. Fotografia:
Remi Adefarasin. Montagem: Alisa Lepselter. Dir. de arte: Jim Clay. Cenografia: Carole Smith. Figurinos: Jill Taylor. Com:
Jonathan Rhys Meyers, Scarlett Johansson, Emily Mortimer, Matthew Goode, Brian Cox, Penelope Wilton, Margaret Tyzack,
Steve Pemberton, James Nesbitt.
Chris Wilton
(Meyers) é um charmoso treinador de tênis recém-chegado em Londres que se torna amigo de um dos ricos clientes do clube, Tom Hewett (Goode). A irmã de
Tom, Chloe (Mortimer) apaixona-se por Chris, que sente-se atraído
verdadeiramente desde o primeiro momento por Nola Rice (Johansson), noive de
Tom. Pressionado pela família, Chris passa a trabalhar no escritório do pai de
Chloe, Alec (Cox) e se casa com Chloe. Tido como genro exemplar, Chris
se envolve em um tórrido caso com Nola, agora separada definitivamente
de Tom. Com Nola grávida ligando para seu celular constantemente, Chris passa a
ficar cada vez mais nervoso no trabalho. Ao mesmo tempo Chloe cobra por um
filho, mas não consegue engravidar. A pressão aumenta quando Nola anuncia se
encontrar grávida e ameaçando contar tudo para Chloe. Desesperado, Chris
assassina a vizinha do apartamento de Nola, a Sra. Eastby (Tyzack), matando
Nola quando ela sai do elevador. Levado algumas drogas da vizinha, o crime é dado
por roubo de drogas. A polícia, no entanto, ainda possui dúvidas com relação ao
crime.
Allen consegue
construir um filme de ritmo e atmosfera tensos como nenhum outro de sua
filmografia anterior. Seu assassino calculista, da mesma família de Tom Ripley,
mas com pretensões declaradas da influência de Dostoievski, de quem Allen já
flertara com seu Crimes e Pecados –
a certo momento, ele aparece lendo obras do e sobre o autor, é vivido com
relativa propriedade por Meyers. Não deixa de ser virtuosa a maneira como
descreve a divisão do protagonista entre sua paixão e toda uma vida repleta de
comodidades, dinheiro e reconhecimento profissional. Ou ainda seu paralelo com
o jogo de tênis, a única referência de sobrevivência de Chris antes de conhecer
Chloe, no detalhe que salva sua vida e que é fruto de sua própria filosofia com
relação ao acaso – o anel da vítima jogado por ele acaba não caindo no rio e o
salvando da condenação, reproduzindo a bola do jogo de tênis que pode decidi-lo, dependendo de que lado caia quando bate na rede. Apesar de seu sucesso
e relativa sofisticação enquanto construção narrativa, o filme se ressente
sobretudo por sua falta de marca autoral, algo quase impensável em termos de
Allen. Seus tipos remediados que gravitam em torno do mundo artístico de Nova
York se tornam aristocratas ingleses esnobes em Londres. O jazz é substituído
pela ópera. Tampouco estão presentes seus colaboradores fiéis por trás das câmeras (notadamente
o diretor de arte Santo Loquasto e a montadora Susan E.Morse), algo que provavelmente
influenciou bastante para a sensação de não se assistir a um filme de Allen,
tanto em termos de visual quanto de ritmo, sendo o filme muito mais longo do
que as produções costumeiras do cineasta. BBC/Magic Hour Media/Thema Production/Invicta Capital/BBC Films. 124 minutos.
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