Filme do Dia: Um Caso de Amor ou O Drama de uma Empergada da Compania Telefônica (1967), Dusan Makavejev
Um Caso de Amor ou O Drama de uma Empregada da Companhia Telefônica (Ljubvani Slucaj ili Tragedija Sluzbenice
P.T.T., Iuguslávia, 1967). Direção: Dusan Makavejev. Rot. Original: Dusan
Makavejev & Branko Vucicevic. Fotografia: Aleksandar Petkovic. Montagem:
Katarina Stojanovic. Dir. de arte: Vladislav Lasic. Figurinos: Jelisaveta
Gobecki. Com: Eva Ras, Slobodan Aligrudic, Ruzika Sokic, Miodrag Andric,
Aleksander Kostic, Zivojin Aleksic, Dragan Obradovic, Rade Ljubivasavljevic.
Izabela (Ras) é uma
telefonista que após várias relações inconseqüentes decide se unir ao inspetor
sanitário Ahmed (Aligrudic). A união, que parecia tranqüila, começa a se
deteriorar com os períodos de permanência fora de Ahmed, em que Izabela acaba
mantendo um contato fortuito com um carteiro (Andrig) em seu trabalho. Grávida,
ela busca apoio em Ahmed que a evita e prefere buscar refúgio no álcool. Sua
insistência provoca uma reação violenta de Ahmed, que ao empurrá-la faz com que
caia em um poço profundo.
Narrado no estilo
seco do cinema moderno, esse filme antecipa algumas das incursões menos
esporádicas do realizador com a mescla pós-moderna de materiais ou discursos
diversos que constituirão a matéria-prima de alguns de seus filmes posteriores
(Inocência Desprotegida, W.R. – Os Mistérios do Organismo) com
uma estrutura narrativa mais convencional centrada em uma relação amorosa em
alguns pontos bastante semelhante ao seu filme anterior (O Homem Não é um Pássaro). O resultado final, no entanto, não
consegue ser estimulante e criativo na sua utilização de materiais fílmicos
outros (entre outros, imagens da Sinfonia
Dombassa, de Vertov ou ainda uma montagem que torna paralelos ícones de Mao
e Lênin e da história iuguslava). Nem tampouco poético e envolvente, assim
quanto mais marcadamente alegórico em sua ironia com ditadura iuguslava, mesmo
com uma similar estrutura distanciada, quanto O Homem Não é um Pássaro. Há uma notória ironia na leitura
assimétrica que o realizador faz dos papéis sexuais habitualmente
convencionados no cinema, ou seja, a pretensa estabilidade da relação que
Izabela constrói com seu amante fixo a acaba levando a morte (até nisso
semelhante ao filme anterior, de protagonista bastante semelhante a quem é
resultado o mesmo trágico destino) ao contrário de seus amantes ocasionais. É
evidente a influência da Nouvelle Vague
seja na liberdade com que a câmera na
mão acompanha a protagonista em meio às ruas ou em seu retrato de paixões
ambientadas na baixa classe média evocativo de Entre Amigas (1960), de Chabrol. A narrativa da relação do casal
acaba sendo intercalada pela presença de dois “discursos de autoridade”,
marcados pelo tom científico, o dos policiais que empreendem a investigação,
sobretudo no que diz respeito aos aspectos da necropsia e o de um especialista
em sexualidade. Essa é uma versão com cortes (existe outra com 11 minutos a
mais) que parece ter sido a que foi lançada no mercado americano. Avala Film.
68 minutos.
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