Retrato em Família, 1756

François Hubert-Drouais datou seu informal retrato familiar em tamanho natural no dia 1 de abril de 1756 revelando, desse modo um sentido oculto. No calendário medieval o Ano Novo coincidia com o equinócio primaveril de 25 de março e 1 de abril, que marcava o início da primavera, sendo celebrado com festividades e presentes. Depois do calendário gregoriano de 1582 ter proclamado o 1 de janeiro como Ano Novo, a tradição da troca de presentes no 1 de abril continuou e ainda é celebrada hoje, não obstante de maneira mais derisória como Dia da Mentira. A troca de presentes associada à primavera é desenvolvida de forma elaborada na obra de Drouais: a garotinha presenteia a mãe com flores, o marido lê uma carta ou soneto para sua esposa, e a mulher, enquanto arranja as flores no cabelo da filha, também aponta para a filha enquanto um presente simbólico do marido.

Drouais não proporciona informação suficiente para identificarmos seus retratados, mas nos dá uma visão íntima do boudoir. Nem o marido nem a esposa estão completamente vestidos; ela veste uma bata que previne que o pó suje seu vestido, e ele veste um roupão doméstico bordado com elegantes motivos orientais. Como seu mestre Boucher, Drouais aprecia a exibição de tons contrastantes e cores suntuosas.

Texto: National Gallery of Art. Nova York: Thames & Hudson, 2005, pp. 170.

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