Dicionário Histórico Sul-Americano#3: Félix Monti

Félix Monti - Alchetron, The Free Social Encyclopedia

MONTI, Félix. (Argentina/Brasil, 1938). Vencedor de mais de trinta prêmios por seu trabalho de direção de fotografia e numerosos outros por sua obra no teatro, Félix Monti produziu algumas das mais belas imagens na história do cinema argentino. Nascido no Brasil, seu primeiro crédito como diretor de fotografia foi em 1964, em um curta, Los que Trabajan e seus primeiros esforços em um longa no documentário Juan Carlos Onetti, un Escritor (1973). Levou algum tempo para que Monti fizesse reputação como estilista visual. Sua primeira tarefa em um longa de ficção foi La Civilización está Haciendo Masa y no Deja Oir (1974), mas Monti escolheu não incluir nenhum de seus seis primeiros filmes em sua própria página da internet, escolhendo para citar Espérame Mucho (1983), dirigido por Juan José Lucid, como seu primeiro filme. Seu filme seguinte, La História Oficial [A História Oficial, 1985], que pôs o cinema argentino no mapa ao ganhar o Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, e também Monti seu primeiros prêmios Condor de Bronze da Associação de Críticos de Cinema Argentinos e Kodak, em 1986. Apesar do filme ser essencialmente realista, pode-se notar um uso sutil de iluminação  e movimentos de câmera por Monti para suavemente acentuar as emoções. 

Monti verdadeiramente chegou à forma com Tangos, el Exilio de Gardel [Tangos, o Exílio de Gardel, 1985], e Sur (1988), de Fernando Solanas, nos quais há fumaça e neblina com iluminação de cena, tanto no interior da casa noturna quanto nas ruas à noite, com uma câmera constantemente rastreante a intensificar a melancolia, já associada com os filmes porteños de Buenos Aires e os filmes de tango. Uma composição especial Solanas/Monti que aparece em Tango e é recorrente ao longo de Sur revela uma rua enevoada ou passagem em profundidade, iluminada com uma rica variação de azuis, logo após uma demonstração ou celebração, mas agora quase vazia, com uma ou duas figuras solitárias, com a trilha do bandoneón de Astor Piazolla. Monti repetiu seus prêmios Condor de Prata e Kodak com Tangos, em 1987, e ganhou um Coral de melhor fotografia no Festival Internacional del Nuevo Cine Latino Americano de 1988, em Havana. Escolhendo muito cuidadosamente seus projetos, trabalhou novamente com Puenzo no filme hollywoodiano Old Gringo [Gringo Velho], e em 1990 trouxe seu brilhante controle da iluminação de baixa intensidade e contraste para o modesto convento de Yo, la Peor de Todas, de María Luisa Bemberg. Por essa obra recebeu dois prêmios importantes, seu terceiro Kodak e um segundo Coral (e foi indicado ao Condor de Prata pela quarta vez). 

Esperou dois anos para trabalhar novamente com Solanas, em El Viaje [A Viagem, 1992], um tipo de filme bastante diferente, que atravessa o continente sul-americano, filmado em sua maior parte à luz do dia, mas não parou de ganhar prêmios: O Kodak e o Coral, mais o Grande Prêmio Técnico em Cannes e o prêmio de melhor fotografia no Festival de Cinema de Gramado (Brasil). Trabalhou novamente com Puenzo em La Peste [A Peste, 1992] e com Bemberg em De Eso Non se Habla, com o qual voltou a ganhar prêmios e indicações. Após lidar com a fotografia para duas diretoras, Lisa Stantic e Betty Kaplan, Monti retornou ao país natal, Brasil, para filmar O Quatrilho (1995), para Fábio Barreto e O Que é Isso, Companheiro? (1997), dirigido por Bruno Barreto. Ele continua a trabalhar regularmente no Brasil para os irmãos Barreto e na Argentina, mais notavelmente para Lucrecia Martel  em La Niña Santa [A Menina Santa, 2004) e Juan José Campanella em El Secreto de sus Ojos [O Segredo de Seus Olhos, 2009], pelo qual ganhou o Condor de Prata e os prêmio da Academia Argentina em 2010, dentre outros,  por melhor fotografia. Ganhou então esses dois prêmios prestigiados por seu trabalho em El Mural  (O Mural, 2010), de Héctor Olivera

Texto: Peter H. Rist. Historical Dictionary of South American Cinema. Lanham: Rowman & Littlefield, 2010, pp. 409-10. 

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