Filme do Dia: Terra de Minas (2015), Martin Zandvliet
Terra de Minas (Under Sandet, Dinamarca/Alemanha, 2015).
Direção e Rot. Original: Martin Zandvliet. Fotografia: Camilla Hjelm. Música:
Sune Martin. Montagem: Per Sandholt & Molly Marlene Stensgaard. Dir. de
arte: Gitte Malling & Seth Turner. Cenografia: Kay Anthony. Figurinos:
Stefanie Bieker & Claudia Maria Braun. Com: Roland Moller, Louis Hoffman,
Joel Basman, Mikkel Boe FØlsgard, Laura Bro, Zoe Zandvliet, Mads Riisom, Oskar
Bökelmann, Leon Seidel, Emil Belton, Oskar Belton.
Dentre os
prisioneiros alemães na Dinamarca logo após o final da Segunda Guerra, um grupo
de adolescentes é designado para ficar sob as ordens do tirano e brutal
sargento Carl Rasmussen (Moller), para desarmar minas alemãs que infestam a
costa. Junto deles vive apenas uma mãe (Bro) e sua filha pequena (Zandvliet).
As condições são péssimas, os jovens não são alimentados, exercem uma rotina em
que se defrontam diariamente com a morte ou a morte de um colega próximo e o
sargento os tranca à noite. Certo dia, ele chega com comida para o grupo. Após
o incidente com Wilhelm (Seidel) que tem os dois braços amputados e morre dias
depois, o Sargento, que mente para os garotos, afirmando que ele se encontra à
caminho da Alemanha, passa, gradativamente, a amenizar a disciplina, chegando a
dar um dia de descanso para os garotos e até mesmo jogar futebol na praia com
eles. Uma menina é flagrada pela mãe brincando na praia, numa área repleta de
minas e corre desesperada para chamar os rapazes para salvá-la. Rasmussen, que
se encontrava fora, quando chega, indaga do único jovem que permaneceu na
casa, Ernest (Emil Belton) que desde que perdeu o irmão gêmeo, Werner (Oskar Belton) entrou em estado
de confusão mental, onde os outros se encontram. Quando lá chega, testemunha o
salvamento da criança por dois dos jovens, sendo um deles, a presença
inesperada de Ernest, que anda em meio ao campo minado. A criança é salva mas
Ernest se recusa a voltar pelo caminho seguro e explode em uma mina. Pouco
depois desse incidente vários adolescentes são mortos quando um deles carrega para o
caminhão uma mina que não está completamente desarmada. Sobram apenas quatro
dos quatorze que chegaram e mesmo com ordens de Rasmussen de voltarem para
casa, o tenente Ebbe (FØlsgard) afirma que possui orientações superiores para
que os quatro sejam enviados a uma zona de desarme de minas ainda mais
perigosa, pois não há um mapa que indique a região em que se encontram.
Essa
produção, já tem o seu local assegurado, ao menos por ter conseguido a proeza
de observar os alemães como vítimas de um outro exército, sendo o fato de se
tratar de garotos torna tudo ainda mais pungente. E o filme consegue apresentar
a selvageria de forma renitentemente implacável, como é a conduta do Sargento
Rasmussen. Quando essa fraqueja, e observamos retrospectivamente que desde o
início ele procurara de alguma forma minorar a situação crítica dos jovens,
inclusive salvando outro grupo das humilhações e provável morte nas mãos de
britânicos, o filme também se torna menos interessante e mais convencional. E o
que poderia ser um pretexto para tornar a personagem de seu protagonista como
mais complexa, transforma-se, na verdade, em um bom antídoto contra a
demonização completa da própria Dinamarca que, se por um lado, é observada em
sua política oficial a efetivar absurdos como os descritos pelo filme, por
outro tem seu herói de exceção que, a custa de sua própria posição no exército,
esforça-se a tentar dar um tratamento mais humano aos jovens alemães. Some-se a
isso uma trilha sonora que pune por certo tom a maximizar o emocional e uma
bela fotografia esbranquiçada que consegue tirar excelente partido de suas
belas e imemoriais locações. A pobre criança que vem a ser algo erroneamente
escalada para a cena de tensão na praia vem a ser evidentemente a filha do cineasta. Nordisk Film/Amusement
Park Films/ZDF/Goethe Filmproduktion/Erfttal Film. 100 minutos.
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