O Dicionário Biográfico de Cinema#36: Dean Martin

Dean Martin (Dino Paul Crocetti) (1917-1995), n. Steubenville, Ohio

Dino: Living High in the Dirty Bussiness de Nick Tosche é uma das grandes biografias do showbiz. Sua pesquisa não é somente minuciosa, mas lunática e perversa, pois, claramente, Dean Martin havia levado a vida indiferente às recordações, a precisão ou aos fatos. Dino é brilhante sobre a associação Lewis-Martin, e inspirado em sua evocação da deriva, da obscuridade e, finalmente, da futilidade de ser Dino, ou se encontrar vivo.

Foi em 1946 que o viril cantor, Dean Martin, encontrou Jerry Lewis. Eles despontaram primeiro em clubes noturnos antes de sua estreia no cinema com My Friend Irma [ A Amiga da Onça] (49, George Marshall). Juntos, realizaram dezesseis filmes (a maior parte com Norman Taurog), nos quais Martin apenas cantava as músicas, beijava as protagonistas femininas e geralmente afastava-se de Lewis, como se estivesse ao lado de um idiota em uma fila: At War With the Army [O Palhaço do Batalhão] (51); That's My Boy [O Filhinho de Papai] (52); The Caddy [Sofrendo da Bola] (52); Scared Stiff [Morrendo de Medo] (53); Living it Up [A Farra dos Malandros] (54); Artists and Models [Artistas e Modelos] (55); Pardners [O Rei do Laço] (56); e Hollywood or Bust [Ou Vai ou Racha] (56).

Quando romperam, Martin se dividiu entre ser um cantor - Ten Thousand Bedrooms [Dez Mil Alcovas] (57, Richard Thorpe) - e ator sério - The Young Lions [Os Deuses Vencidos] (58, Edward Dmytryk). Na realidade, foi ambos, como seu Dude em Rio Bravo  [Onde Começa o Inferno] (59), de Hawks, demonstrou. Seu bêbado reabilitado nesse filme, adaptado perfeitamente aos diálogos de duplo sentido, deve-se ter em mente sempre que ele assuma ares de estupor. Também está bem como jogador em Some Came Running [Deus Sabe Quanto Amei] (59), de Minnelli, e em outro musical do diretor, Bells Are Ringing [Essa Loira Vale um Milhão] (60).

Porém, ao encontrar Sinatra, foi capturado  pela panelinha (e abandonou seus próprios laços com o submundo de Ohio): Ocean's 11 [Onze Homens e um Segredo] (60, Lewis Milestone), Sergent's Three [Os Três Sargentos] (62, John Sturges), Four for Texas [4 Heróis do Texas] (63, Robert Aldrich), e Robin and the Seven Hoods [Robin Hood de Chicago] (64, Gordon Douglas); a westerns rotineiros: The Sons of Katie Elder [Os Filhos de Katie Elder] (65, Henry Hathaway), Texas Across the River [Dois Contra o Oeste] (66, Michael Gordon), Rough Night in Jericho [A Noite dos Pistoleiros] (67, Arnold Laven), e Five Car Stud [Pôquer de Sangue] (68, Henry Hathaway); às comédias sexy: Who Was That Lady? [Quem era Aquela Pequena?] (60, George Sidney), Who's Got the Action? [Ela Topou a Parada] (62, Daniel Mann), e Who's Been Sleeping in My Bed? [Quem Anda Dormindo em Minha Cama?] (63, Mann); e as aventuras de Matt Helm: The Silencers [O Agente Secreto Matt Helm] (66, Phil Karlson), Murder's Row [Matt Helm Contra o Mundo do Crime] (66, Henry Levin), The Ambushers [Emboscada para Matt Helm] (67, Levin) e The Wrecking Crew [Arma Secreta contra Matt Helm] (68, Karlson).

Sempre que solicitado a atuar ele virou bobo - como em Career [Calvário da Glória] (59, Joseph Anthony); Ada (61, Mann); Toyns in the Attic [Na Voragem das Paixões]  (63, George Roy Hill); e Aiport [Aeroporto] (70, George Seaton). Mas a breve explosão de excelência, 1958-60, foi renovada uma vez só - em Kiss Me, Stupid [Beija-me, Idiota] (64) - notável pela forma que explorou o próprio retrato de si. Na TV, o Dean Martin Show (1965-74) foi um clássico.

Algum tipo de aborrecimento ou descrédito o afastou do show business, mas pode ser visto brevemente em dois filmes tolos - The Cannonball Run [ Quem Não Corre, Voa] (81, Hal Needham) e The Cannonball Run II [Um Rally Muito Louco] (83, Needham). O resto é silêncio, inércia ou algum estado alterado entre o coma e o desaparecimento - o segredo pode ser obtido no magnífico livro de Nick Tosche, um estudo de tão brilhante nulidade que sozinho já justificaria a ocupação de ser Dean Martin.

Texto: Thomson, David. The Biographical Dictionary of Film. Londres: Knopf, 2010: pp. 6364-70.