Filme do Dia: Destination Earth (1956), Carl Urbano


Destination Earth (EUA, 1956). Direção: Carl Urbano. Rot. Original: Bill Scott, Michael Amestoy & George Gordon. Dir. de arte: Victor Haboush & Tom Oreb.
Diante de um estádio lotado e ao lado do seu ditador, um marciano faz uma exposição sobre o que aprendeu da principal fonte de energia e matéria-prima fundamental para o desenvolvimento do progresso em sua missão espacial à Terra: o petróleo.
Em tudo e por tudo esse curta de animação, de tiradas bastante criativas e realizada pelo maior “cavador” de animações documentais institucionais do período, remete ao universo da Guerra Fria. Seja na figura totêmica de seu ditador, referido em nomes e cartazes luminosos em todos os lugares ou na apresentação de multidões ordenamente sentadas em gigantescos ambientes bastante evocativos daqueles em que se realizavam os congressos comunistas. Ou ainda na reprodução da imposição autoritária sobre as vontades individuais se transformando literalmente na mesma face para todos os marcianos e – o que ainda é mais estranho – o mesmo sexo, masculino. A ironia é extraída entre as pretensões do discurso oficial e sua contrapartida, seja uma evidente mentira – na extrema objetividade que o astronauta afirma ter sido delegada à missão extraterrestre, observamos o ditador aleatoriamente fixar seu dedo sobre a Terra, nas caras de insatisfação dos marcianos quando invocados pelo telão a aplaudirem calarosamente, etc. curiosamente, mesmo tendo a tecnologia para uma viagem tripulada à Terra, e uma capacidade de assimilação de conteúdos presentes nos livros de forma muito mais veloz que qualquer terráqueo, os marcianos não conseguem desenvolver uma limusine tal como esses. Somente adentra nas questões mais específicas para as quais certamente foi criado com mais da metade de sua curta extensão ocorrida e se pode perceber o descompasso entre esse momento e o que o antecede, pelo acúmulo de informações de cunho documental e por um crescente tom sério que não mais admite tentativas de humor como antes. Finda com um recado algo tosco que a posse de petróleo e o livre mercado, que passa a ser praticado automaticamente, são fontes de um destino ilimitado, em mais um recado para o contole estatal do regime soviético e seus satélites. Os traços do desenho traem a influência inescapável do “estilo UPA”, antecipando algumas representações de futuras naves espaciais de posteriores séries televisivas como Os Jetsons. De estrutura muito similar a outros do gênero como o contemporâneo Working Dollars, dirigido pelo mesmo Urbano, que se detém dessa vez sobre o mercado financeiro.  John Sutherland Prod. 13 minutos e 36 segundos.


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