Filme do Dia: Niaye (1964), Ousmane Sembene


Niaye (Senegal, 1964). Direção e Rot. Original: Ousmane Sembene.

Numa comunidade, família rapidamente se desintegra, após a matriarca, tida por si própria como de ascendência real, descobrir desgostosa que sua filha foi engravidada pelo próprio marido e que o filho, que havia ido combater junto ao exército francês na Indochina, retorna desequilibrado e sem sequer falar com ela. A velha se suicida. O filho mata o pai, enquanto a filha é relegada a atravessar o deserto apenas com seu filho, a quem ameaça abandonar ao solo árido, voltando atrás ao perceber as aves de rapina que sobrevoam o local.

Terceiro curta do realizador, realizado após o primoroso O Carroceiro, e comungando com aquele de um uso da banda sonora em que uma sonorização posterior traduz o que teriam sido os diálogos. Mas apesar desse elemento técnico-estético em comum, o filme se distancia bastante do anterior ao fazer uso de uma narrativa que ocorre no interior de um espaço comunal (mesmo que a relação submissa aos colonizadores não deixe de se encontrar presente), de longe mais complexa e obscura, e também de elementos que parecem dialogar mais fortemente com uma modernidade cinematográfica internacional, como é o caso da representação do filho louco completamente desnaturalizada no limite da caricatura. Existe aparentemente uma versão seis minutos mais longa. Films Domireew. 29 minutos.


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