O Dicionário Biográfico de Cinema#79: Alan (Sidney Patrick) Rickman


 Alan (Sidney Patrick) Rickman, n. Londres, 1946 (**)

Nascido no conselho do Oeste de Londres, de pais galeses e irlandeses, Rickman iniciou sua vida profissional no universo do desenho gráfico e não foi antes de seus vinte e tantos que decidiu tentar o RADA (*). Portanto, começou um pouco tarde e foi talvez lânguido por não escondê-lo. Veio da classe operária, embora sua primeira grande cartada tenha sido como Valmont nas produções de Ligações Perigosas em Londres e na Broadway. Não conseguiu o papel no filme (foi para John Malkovich, que o fez muito bem), mas foi talvez o que permitiu o pequeno desdém que invade o rosto de Rickman. Então poderia ter sido um ator inglês de bastante renome, se não arrogante, negando belos protagonistas, mas pronto para articulações inescrupulosas. Não importa. Se você se encontrar em uma sala de espera com mulheres silenciosas (lembrem de El Ángel Exterminador/O Anjo Exterminador) você somente tem que cochichar "Alan Rickman" e o lugar ficará agitado no tempo que se leva a acender um fósforo. Ele é erva de gato, e mesmo que interprete Severus Snape até o fim dos tempos (pode ser sentido assim), não deterá uma única admiradora mulher, e menos que todas J.K. Rowling - que fez poucas exigências de elenco para o filme - exceto que desejava Rickman. 

Iniciou na televisão britânica: foi Obadiah Slope em The Barchester Chronicles (82, David Giles). Mas passou a ser inesquecível como o Hans Gruber em Die Hard [Duro de Matar] (88, John McTiernan), onde ele e Bruce Willis eram como um tiro de Laphroaig e um galão de cerveja caseira e uma boa fuinha de um Eamon De Valera em Michael Collins (96, Neil Jordan). Foi diretor e co-roteirista de The Winter Guest [Momento de Afeto] (97), que já havia feito nos palcos; um detetive em Judas Kiss [O Beijo da Traição] (98, Sebastian Gutierrez); Dogma (99, Kevin Smith); The Search for John Gissing [A Busca por John Gissing] (01, Mike Binder). No mesmo ano Rowling e Potter cruzaram seu caminho: ele faria todos os oito filmes, como um homem que não vê razão em questionar o elenco e que sabe ser Snape de igual estatura de Valmont, Jamie e Gruber.

Está em Love Actually [Simplesmente Amor] (03, Richard Curtiss), como um distraído trapaceiro traindo Emma Thompson com Heike Makatsch; Perfume [Perfume: A História de um Assassino] (06, Tom Twyker; como o Juiz Turpin em Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street [Sweeney Todd, o Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet] (07, Tim Burton); Gambit [Um Golpe Perfeito] (12, Michael Hoffman). Então, foi Ronald Reagan em The Butler [O Mordomo da Casa Branca] (13, Lee Daniels) e um amante em A Promise [Uma Promessa] (13, Patrice Leconte); CBGB [CBGB: O Berço do Punk Rock] (13, Randall Miller); e como Luís XIV, em um filme que está dirigindo, A Little Chaos [Um Pouco de Caos] (14), sobre jardinagem. Permaneceu fiel ao teatro: houve aclamadas produções de Antony and Cleopatra (com Helen Mirren); Private Lives [Vidas Privadas] de Noël Coward (com Lindsay Duncan), John Gabriel Borkman de Ibsen e Os Credores, de Strindberg. Na verdade, deverá vir mais: Ricky e Bill Nighy como Holmes e Watson, com os papéis indo e voltando. Ou Rickman como a figura de Fernando Rey em Esse Obscuro Objeto do Desejo ambientado em Hampstead? Essa oportunidade pode não chegar, mas haverá um grande filme esperando por seu ácido sorriso.

Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionary of Film. Nova York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 2335-37. 

(*) N.do. E: Acrônimo em inglês para Academia Real de Arte Dramática, a mais tradicional das escolas de interpretação nacional. 

(**) N. do E: Rickman faleceu em 2016.

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