Filme do Dia: Tudo Que o Céu Permite (1955), Douglas Sirk

 


Tudo Que o Céu Permite (All That Heaven Allows, EUA, 1955). Direção: Douglas Sirk. Rot. Original: Peg Fenwick, baseado no argumento de Edna  & Harry Lee. Fotografia: Russell Metty. Música: Frank Skinner. Montagem: Fred Baratta &  Frank Gross. Dir. de arte: Alexander Golitzen & Eric Orbom. Cenografia: Russell A. Gausman &  Julia Heron. Figurinos: Bill Thomas. Com: Jane Wyman, Rock Hudson, Agnes Moorehead, Conrad Nagel, Virginia Grey, Gloria Talbott, William Reynolds, Charles Drake, Hayden Rorke, Jacqueline deWit.

Cary Scott (Wyman) enviuva ainda relativamente jovem e torna-se objeto dos comentários sobre o próximo esposo, no ambiente provinciano da classe média alta em que vive. Todos pensam que o escolhido será Harvey (Nagel), porém qual não é a surpresa ao descobrirem que ela prefere o jardineiro Ron Kirby (Hudson), bem mais jovem que ela. A aceitação recebida no meio dos amigos de Kirby, um entusiasta do estilo de vida primitivo a la Thoreau, não ocorre em seu próprio. Mesmo contra a indignação dos filhos Kay (Talbott) e Ned (Reynolds) e as fofocas de Mona (deWitt), Cary aceita o convite da amiga Sara (Moorehead), para apresentá-lo ao meio social em que convive, tornando-se a curiosidade da noite. Ao perceber que, além da desintegração da própria família, Cary ainda tem que lidar com seus próprios medos e a pouca compreensão de Ron, decide romper o relacionamento. Porém o que recebe em troca é a solidão, já que Ned resolve construir sua carreira fora do país e a filha decide se casar. Sentindo-se doente, Cary recebe o conselho do Dr. Hennessy (Rorke), de que ela não possui nenhuma doença e que deveria retornar para Ron. Ela procura-o, mas não o avista de cima do morro, de onde ele cai e sofre uma concusão. Sua recuperação, no entanto, será assistida por Cary.

Esse melodrama impecavelmente belo, tanto em termos visuais – com destaque para a exuberante fotografia e a virtuosidade dos enquadramentos e do trabalho de câmera – quanto dramáticos, encontra-se entre um dos melhores trabalhos de Sirk. Explorando como poucos as viscissitudes do universo daqueles que se encontram mais diretamente vinculados ao chamado Sonho Americano, Sirk aponta a solidão e a hipocrisia como chagas que obstruem a concretização do mesmo. A televisão aparece como o símbolo-mor do conformismo: indicada pela amiga Sara, que acredita que Cary não pode ficar sem um aparelho em casa; ou ainda na mais interessante seqüência do filme, quando comprada pelo filho, enquadrando (da mesma forma que a sociedade deseja enquadrar) em sua tela uma Cary patética e sem vida, sentada em seu sofá. As seqüências do casal na janela da casa de Ron, como muitas outras,  são de uma beleza plástica de tirar o fôlego. Foi refilmado por Fassbinder como O Medo Devora a Alma (1974).  Recebeu o National Film Registry em 1995. Universal Pictures. 89 minutos.                       

 

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