Filme do Dia: Somewhere in Dreamland (1936), Dave Fleischer

 


Somewhere in Dreamland (EUA, 1936). Direção: Dave Fleischer.

Casal de irmãos pequenos que passam o dia em árdua tarefa de juntar restos de madeira das ruas e que ocasionalmente se encantam com as belezas gastronômicas oferecidas pela vitrine de uma padaria, ao chegarem em casa, no entanto, a parca comida não os sacia da fome, provocando o choro da mãe. Sonham à noite com um mundo encantado, em que todas suas fantasias se realizam. E acordam diante da mesma realidade distante do sonho, porém nem tanto assim...

Acordes da tradicional My Bonnie Lies Over the Ocean e, sobretudo, de um tema clássico bastante conhecido dão a tônica dessa visão da pobreza um tanto dickensiana (ou se quisermos nos ater ao cinema, chapliniana) em sua sentimentalidade. Quando se ingressa no mais que tradicional universo onírico como passaporte para fantasias coloridas musicadas que eram o cerne da animação da década, fica-se a indagar se o filme findará no próprio universo de fantasia ou retornará à dura realidade dos viventes. Ele retorna, e a solução encontrada, inverossímil, perversa, mas provavelmente a única encontrada para  uma busca de pungência herdeira, algo suavizada, do célebre conto de Andersen tantas vezes adaptado para a animação (e não apenas!), de A Pequena Vendedora de Fósforos, é a de um verdadeiro banquete – quanto ao dia seguinte, quem saberá, pois o que importa é a imagem final. Sem dúvida, possui um apelo acima da média das produções de Fleischer e isso se deve não apenas a movimentação dos desenhos mas também suas cores e uso da música, e a forma como é utilizada – no caso da canção título, cantada de forma conscientemente ocasionalmente desafinada pelas crianças. Que a dupla de crianças seja branca, remete ao momento em que as representações do negro na animação norte-americana (assim como no cinema de ação ao vivo) são praticamente restritas às figuras folclóricas e não propriamente dramáticas. Fleischer Studios para Paramount Pictures. 9 minutos.

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