Filme do Dia: Amor Até as Cinzas (2018), Jia Zhang-ke

 


Amor Até as Cinzas (Jiang Hu er nü, China/França/Japão, 2018). Direção e Rot. Original: Jia Zhang-ke. Fotografia: Eric Gautier. Música: Giong Lim. Montagem: Matthieu Laclau. Dir. de arte: Weixin Liu. Com: Zhao Tao, Liao Fan, Li Xuan, Casper Liang, Ding Jiali, Xu Zheng, Diao Yi’nan, Feng Xiaogang.

2001. Qiao (Tao) se vê profundamente vinculada ao namorado Bin (Fan), que é envolvido com a máfia local e que, após se encontrar com um chefão de mais idade e respeitado por ele, fica sabendo pouco após do assassinato do mesmo. Sua viagem ao local para prestar solidariedade resulta em mais violência, inclusive contra ele e em sua defesa, em vias de ser morto por linchamento por uma gangue de homens mais jovens, Qiao saca o revólver que carregam no carro, e que não possui licença, sendo ambos presos e afastados um do outro.  Qiao não recebe nenhum visita, quando presa, de Bin, e o mesmo se dá quando é solta da prisão, 5 anos após. Ela tenta, sem sucesso, estabelecer algum tipo de vínculo com outros homens, sendo sabotados por ela própria. 2017. Qiao mora com Bin que, vitimado por um derrame, é uma pálida sombra do que fora. A relação do casal é marcada por contantes tensões, e o passado constantemente evocado. Agora a situação se inverte. Qiao faz parte da máfia e Bin não.

Acrescentando pitadas de filmes policiais às suas habituais preocupações (amor, memória, passado, a destruição dos valores tradicionais de forma avassaladora por uma modernidade de face pouco humana e deslumbrada com o Ocidente, e dentro dessa última, o desaparecimento de boa parte de Fengjie, pelas ágaus de uma represa, tema já observado pelo cineasta). Fica-se com a desconfortável impressão de se assistir algo derivativo, inclusive diante do longa imediatamente anterior do realizador, As Montanhas se Separam que conseguia um equilíbrio bem mais tocante entre o dramático e o irônico na história de amor retratada e, inclusive, tirando de longe melhor partido da canção ocidental para efeito dramático (lá Go West com uma versão dos Pet Shop Boys de Village People, aqui com o maior sucesso desse, Y.M.C.A.). E se o filme, após algum tempo, desconstrói qualquer expectativa de ser um thriller e transformar a violência em seu cavalo de batalha, tampouco consegue ser efetivo em apresentar a vida de Qiao sem Bin, desconstruindo igualmente qualquer expectativa de amour fou ao estilo Camille Claudel e, nesse quesito, não indo além da superfície do afeto e ressentimento que une o casal ao final. Arte France Cinéma/Beijing Runjin Investment/Huanxi Media Group/MK2 Prod./Office Kitano/Shanghai Film Group/Xstream Pictures. 136 minutos.

 

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