Filme do Dia: Lola Montès (1955), Max Ophüls
Lola Montès (França/Alemanha, 1955).
Direção: Max Ophüls. Rot. Adaptado: Anette Wademant, Max Ophüls & Jacques
Natanson, baseado em La Vie
Extraordinaire de Lola Montès, de Cécil Saint-Laurent. Fotografia:
Christian Matras. Música: Georges Auric. Montagem: Madeleine Gug. Dir. de arte:
Jacques Guth, Jean D´Eaubonne & Willy Schatz. Cenografia: Robert
Christidès. Figurinos: Georges Annenkov, Marcel Escoffier & Monique Plotin.
Com: Martine Carol, Peter Ustinov, Anton Walbrook, Henri Guisol, Lisa Delamare,
Paulette Dubost, Oskar Werner, Jean Galland.
A trajetória de Lola Montés (Carol),
mulher ambiciosa que encanta homens poderosos é contada do ápice de sua
carreira de sedutora, quando seduz ninguém menos que Ludwig I (Walbrook), Rei
da Baviera até sua atual condição, sobrevivendo como chamariz sensacionalista em
um circo, onde sua vida é narrada por um mestre de cerimônias (Ustinov). Após
tornar-se amante do rei, Lola tem que abandonar o castelo que este lhe doou sob
a ameaça de uma revolta popular, partindo da Baviera com o mesmo estudante
(Werner) a quem dera carona quando chegara ao país.
Considerada a obra-prima de Ophüls,
além de seu filme mais famoso e o último (o cineasta morreria após ver uma
versão remontada pelo estúdio), não possui, no entanto, a vitalidade de outras
produções menos pretensiosas como O
Prazer, Werther e Carta de uma Desconhecida. Seu intenso
distanciamento emocional do que narra, que poderia arrancar aplausos de
admiradores de Brecht, torna-se aqui um empecilho, tornando-o excessivamente
anêmico e desinteressante. Produzido com um fausto inédito entre os filmes
anteriores do cineasta, que se encontra presente desde a direção de arte e
figurinos até a exuberante fotografia em Cinemascope.
Sua visão sutilmente cúmplice da falta de escrúpulos da heroína e das relações
de poder em que a mulher ganha o controle, herdeira de O Anjo Azul (1930) de Sternberg, exerceria enorme influência em
cineastas como Jacques Demy e
Fassbinder, que também realizariam filmes com o mesmo título da protagonista de
Ophüls. Ao contrário de uma impassível Carol, no entanto, tanto Dietrich no
filme de Sternberg, quanto Sukowa em Lola
(1981), de Fassbinder, demonstram uma expressividade fundamental para ambos
os filmes. A original narração, através
de uma apresentação circense, serviu de modelo para filmes como Cabaret (1973) de Fosse e,
principalmente, Moulin Rouge (2001),
de Baz Luhrman. Florida Films/Gamma Film/Oska Films. 140 minutos.
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