Filme do Dia: O Triunfo da Vontade (1935), Leni Riefensthal
O Triunfo da Vontade (Triumph des Willens, Alemanha, 1935).
Direção: Leni Riefensthal. Rot. Original: Leni Riefensthal & Walter
Ruttmann. Fotografia: Sepp Allgeier, Karl Attenberger & Werner Bohne.
Música: Herbert Windt.
O registro do VI Congresso do Partido
Nacional Socialista tornou-se um documentário célebre, seja como exemplo de
propaganda ideológica, seja como precursor do poder midiático, no sentido de
que o evento parece, muitas vezes, dobrar-se as exigências da produção – como
na seqüência em que os porta-estandartes, em dupla, tomam rumos opostos para
desviar-se da câmera. Exercícios de simetria e monumentalidade compõem a pompa
necessária para o desfile diante de todas as altas personalidades nazistas como
Martin Borman, Otto Dietrich, Josef Goebbels, Hermann Göring, Rudolf Hess – com
participação proeminente nos discursos e quem apresenta o führer – Heinrich Himmler e o próprio Hitler. Ainda que a
virtuosidade dos movimentos de câmera e dos ângulos, assim como sua relativa
independência da voz humana (um longo prólogo é movido basicamente por música e
imagens) sugiram o talento da cineasta (e também produtora) o resultado final é
francamente tedioso em sua calculada assepsia e negação da individualidade
humana. Raramente se detendo nos rostos que formavam a multidão, o filme
enfatiza o impacto emocional das manifestações, sobretudo junto à juventude, ao
mesmo tempo que afirma o poder das tradições, ao apresentar um único grupo não
militarizado, que desfila com trajes típicos. Entre os momentos de destaque a
chegada de Hitler de avião, como ser supraterreno e mítico, acima das nuvens
que cobrem e o discurso inflamado do
ditador ao final – satirizado por Chaplin em O Grande Ditador (1940) – assim como os verdadeiros “blocos
geométricos” formados pela multidão de soldados. Desnecessário afirmar a
influência que o filme provocou na propagação da estética nazi (ressaltada pelo
documentário Arquitetura da Destruição),
assim como sua posterior evocação pelo cinema de ficção, tendo também suas imagens se tornado praticamente indispensáveis,
de forma ainda mais recorrente, no cinema documentário que se aproximou da
temática. Uma comparação curisosa pode ser efetivada com Busby Berkeley, outro
cineasta que se utilizava de grupos de pessoas
para fins somente ornamentais, ainda que sua motivação não possuísse as
pretensões ideológicas da cineasta alemã. Leni Riefensthal Studio Film/NSDAP.
110 minutos.
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