Filme do Dia: Trip to Mars (1924), Dave Fleischer
Trip to Mars
(EUA, 1924). Direção: Dave Fleischer.
Esse curta envereda por uma saudável e
tresloucada fantasia, dando destaque e
reelaborando de modo mais sofisticado um dos temas que sempre acompanhou o
universo da animação desde os seus primórdios, o da relação entre o animador e
a animação que ganha vida própria e interage, podendo inclusive se voltar
contra o seu próprio criador. Fleischer faz referência ao universo da criação
desde o início, quando surge em sua prancheta criando traços de modo espontâneo
e desarticulado. Aos poucos, no entanto, surge a figura do palhaço Koko,
personagem recorrente de sua produção na época e que ele acredita que possui
pertinência o suficiente para acompanhar o restante da trajetória. A partir de
uma cartela que explica o fascínio de Fleischer pela astronomia, ele resolve
enviar seu pequeno ser ao espaço, contra a vontade desse. Koko, para se vingar, coloca dinamite ao pé
da escrivaninha do criador que acaba voando até marte por conta da explosão. Há
um momento de virtuosismo nessa mescla entre animação e ação ao vivo
particularmente notável, quando Fleischer segura seu palhaço e o coloca dentro
do foguete que o levará à Marte. É
evidente que tal aventura espacial é referência notória ao já clássico Viagem à Lua (1902), de Méliès, que
inclusive ganhou o mesmo título da animação em sua versão americana. Pouco
importa se as aventuras da dupla em Marte quase nada possuem de estruturadas
enquanto uma narrativa de padrão mais clássico, algo que o final abrupto deixa
patente, pois elas se encontram num patamar de experimentação e criatividade
que deixa a maior parte da produção posterior do realizador em cores e
sonorizada como anêmica e lugar-comum. Out of the Inkwell Films para Red Seal
Pictures. 6 minutos e 34 segundos.
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