Filme do Dia: Ensaio de um Crime (1955), Luis Buñuel

 


 

Ensaio de un Crime (Ensayo de un Crimen, Espanha, 1955). Direção: Luis Buñuel. Rot. Original: Luis Buñuel, Eduardo Ugarte & Rodolfo Usigli. Fotografia: Agustín Jiménez. Música: José Pérez. Montagem: Jorge Bustos & Pablo Gómez. Dir. de arte: Jesús Bracho. Cenografia: Manoel Ladrón de Guevara. Com: Ernesto Alonso, Miroslava Stern, Rita Macedo, Ariadna Welter, Rodolfo Landa, Andrea Palma, Carlos Riquelme, Leonor Llausás.

Quando criança, Archibaldo de la Cruz (Alonso), filho de uma distinta e rica família, recebeu uma caixa de música com uma bailarina. Era época da Guerra Civil hispânica e sua preceptora quando se aproxima da janela, é morta por um tiro. A partir desse momento, Archibaldo acreditará que possui o poder de matar as pessoas e seu desejo de morte associado ao erotismo, ocorrerá quando volta a escutar a canção da caixa de música, que reencontra em um antiquário. Internado em um hospital, provoca a morte de uma freira, quando essa foge de suas mãos. Conhece a frívola Carlota (Welter), amante do rico Alejandro Rivas (Landa) e, quando se encontra disposto a mata-la, é supreendido pela chegada dele. Carlota se suicidará. Com Patrícia (Macedo), pretende se casar, sonhando em assassina-la na noite de núpcias, mas seu desejo é cumprido pelo ex-namorado de sua noiva. Mesmo se assumindo como assassino de todas as vítimas, o delegado o libera pois, se comprovado seu instinto assassino, não existe o menor indício de sua participação nos crimes. Liberto, joga fora sua caixa de música.

Narrado em  flashback, o filme é uma divertida comédia de humor negro com a presença de um personagem obsessivo e fetichista, tipicamente buñuelesco em sua bizarrice, porém menos cômico que o mais exagerado Córdova de Él. Sua obsessão por corpos fragmentados, sobretudo pernas, retornará em Tristana.Ao final, o protagonista encontra um gafanhoto e o observa atentamente, tocando-o com sua bengala. Trata-se da própria estratégia que o cineasta reivindicava em sua aproximação dos personagens, como um verdadeiro entomologista. Psicopatas de mulheres renderam boas comédias de estilo semelhante como Monsieur Verdeux (1947), de Chaplin e O Homem que Amava as Mulheres (1977) e Uma Garota Bonita como Eu (1972), de Truffaut, sendo que as duas últimas possuem um tipo de humor apoiado no bizarro e nos costumes mínimos do cotidiano bem semelhantes ao humor de Buñuel, que igualmente influenciará o universo de seu conterrâneo, Pedro Almodóvar.  Alianza Cinematográfica Española. 89 minutos.

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