Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#40: Aries Cinematográfica Argentina

 

ARIES CINEMATOGRÁFICA ARGENTINA. Talvez a mais significativa produtora de cinema argentina do final dos anos 50 aos anos 90 e, certamente, a mais bem sucedida comercialmente, a Aries Cinematográfica foi fundada pelos realizadores Fernando Ayala e Héctor Olivera, em 1956, em um momento bastante difícil da história do país. O governo militar que chegou ao poder em 1955 virtualmente desmontou à indústria cinematográfica argentina - a produção declinou de 43 longas em 1955 para 15 em 1957. Nesse ano, uma nova legislação cinematográfica foi introduzida, e um instituto nacional de cinema foi criado para financiar às produções. A nova companhia Aries foi capaz de tirar vantagem disso ao realizar um filme baseado na obra do escritor argentino David Viñas, El Jefe (1958), dirigido por Ayala. A Aries foi lentamente se ajustando, realizando somente dois longas nos quatro anos seguintes, mas pelo final dos anos 60, um padrão foi se desenvolvendo, através do qual os filmes "sérios" de Olivera e Ayala se tornaram possíveis pela realização de comédias e filmes de aventura comerciais, tais como Los Caballeros de la Cama Redonda (1973), dirigido por Gerardo Sofovich, que um comentarista rotolou como "quatro vendedores de sapatos em busca de casos extra-conjugais." Este filme foi o primeiro dos 25 estrelados pelo duo (Alberto) Omedo & (Jorge) Porcel, apresentando continuadas comédias sexistas, um arranjo enormemente bem sucedido que findou com a súbita morte de Olmedo, em 1988. 

No final dos anos 70, a Aries contabilizou por quase um quarto da produção cinematográfica argentina - 5 dos 33 filmes em 1979, 7 dos 34 em 1980, 6 de 24 em 1981, 4 de 17 em 1982, e 6 de 17 em 1983. Em 1991, a Aries praticamente interrompeu suas atividades produtivas, exceto pelos filmes dirigidos por Olivera, ainda que continuasse, como sempre, a distribuir seus filmes. Retrospectivamente, a Aries teve um recorde notável, não somente para filmes comerciais argentinos, mas também por realizar obras socialmente conscientes que foram comercialmente bem sucedidas na Argentina, tais como La Patagonia Rebelde (1974); dois filmes de Adolfo Aristarain, Tiempo de Revancha [Tempo de Revanche] (1981) e Últimos Días de la Víctima (1982); e No Habrá Más Penas ni Olvido (1983), que foi um filme de arte surpreendentemente bem sucedido, lançado na América do Norte em 1986.

Texto: Rist, Peter H. Historical Dictionary of South American Cinema. Plymouth: Rowman & Littlefield, pp. 54-5.

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