Filme do Dia: Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro (2010), José Padilha

 


Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro (Brasil, 2010). Direção: José Padilha. Rot. Original: Bráulio Mantovani, José Padilha & Rodrigo Pimentel, a partir do argumento dos dois primeiros. Fotografia: Lula Carvalho. Música: Pedro  Bromfman. Montagem: Daniel Rezende. Cenografia: Odair Zani. Figurinos: Cláudia Kopke. Com: Wagner Moura, Irhandir Santos, Tainá Müller, Seu Jorge, André Ramiro, Milhem Cortaz, Sandro Rocha, Maria Ribeiro, André Mattos, Rod Carvalho, Pedro Van-Held.

2006. O agora Tenente-Coronel Nascimento (Moura) se torna um dos homens mais influentes no serviço de espionagem da polícia carioca. Aos poucos o que ele havia percebido como sendo um importante elemento na eliminação do tráfico de drogas e da violência no Rio,  diretamente aliado ao poder político. Nascimento percebe então que deu vida a um monstro que acabou alijando e posteriormente assassinando um de seus melhores amigos, André Matias (Ramiro), assim como a jornalista Clara (Müller) e ameaça a vida do atual marido de sua ex-mulher, Rosane (Ribeiro), o deputado estadual Fraga (Santos). Indignado com a morte de André, Nascimento se vê completamente disposto a enfrentar o “sistema” que mora ao lado, nas próprias dependências da polícia, após o próprio filho, Rafael (Van-Held). ter sido ferido em um atentado preparado para matar Fraga. Conseguindo reagir bem a um atentado planejado contra si, Nascimento decide revelar tudo o que sabe em uma CPI, comandada por Fraga. Suas denúncias levam a prisão de muitos políticos e a morte de muitos policiais corruptos, porém o sistema dá mostras de voltar a se estruturar, inclusive com a reeleição do governador.

Provavelmente a partir das ressalvas feitas ao primeiro filme, lançado três anos antes, essa produção resolveu mudar o foco, sendo agora o alvo não mais os traficantes, mas os próprios elementos corruptos da polícia, que passam a atuar sob a forma de milícias e sua promiscuidade com o poder público, incluindo o próprio governador. Seu ritmo vertiginoso e sua violência gráfica, apresentando dezenas de mortes violentas, é sem dúvida devedora de Cidade de Deus, que também contou com um de seus co-roteiristas, Mantovani, assim como a narração over que pontua toda a narrativa. O filme ganha em dramaticidade somente a partir do envolvimento emocional de Nascimento com a execução de André e talvez se detenha em demasia na descrição de tipos óbvios, como o governador corrupto e o apresentador sensacionalista e hipócrita de um programa de TV. A crescente articulação melodramática entre sentimentos pessoais, presentes num arremedo de tensão na relação entre pai e filho e ação profissional sugere, inclusive, um Nascimento-Rambo disposto a fazer justiça com suas próprias mãos. E é justamente aí que o filme surpreende, ao apresentar sua opção pela denúncia pública-política, apontando os limites do herói e de sua possibilidade de ação dentro de toda a engrenagem. O final deixa em aberto a possibilidade de um terceiro filme. Zazen Prod. para Rio Filmes. 115 minutos.

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