The Film Handbook#133: Billy Wilder

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Billy Wilder
Nascimento: 22/06/1906/Sucha, Áustria
Morte: 27/03/2002, West Los Angeles, Califórnia, EUA
Carreira (como diretor): 1933-1981

Embora frequentemente bem sucedido comercial e criticamente, os filmes de Samuel Wilder tem sido ocasionalmente acusados de mau gosto e vulgaridade. Mais pertinente, no entanto, para ma apreciação mais apropriada de sua carreira é que sua obra foi excessivamente dependente dos diálogos para produzir efeito e que seu muito aclamado cinismo é frequentemente erodido por uma ainda mais controversa sentimentalidade lacrimosa.

Tendo sido jornalista em Viena e Berlim, Wilder se aproximou do cinema como roteirista para a UFA, seu primeiro crédito de nota sendo para Gente no Domingo de Siodmak. Em 1933 a ascensão de Hitler o forçou a abandonar a Alemanha por Paris, onde co-dirigiu seu primeiro longa, Semente do Mal/Mauvaise Graine. Ele emigrou então para Hollywood onde por um período seu trabalho como roteirista foi prejudicado pelo seu conhecimento mínimo do inglês. Somente em 1937, quando assinou contrato com a Paramount e iniciou uma colaboração de treze anos com Charles Brackett, sua carreira  deslancharia, a dupla revelando um talento especial pela comédia romântica em filmes como A Oitava Esposa de Barba Azul/Bluebeard's Eight Wife e Ninotchka (para Lubitsch), Meia-Noite/Meia-Noite, Levanta-te, Meu Amor/Arise, My Love e A Porta de Ouro/Hold Back the Dawn (para Leisen) e Bola de Fogo/Ball of Fire (para Hawks). Finalmente, em 1942, Wilder realizou sua estreia na direção com A Incrivel Suzana/The Major and the Minor, uma farsa cujo malicioso enredo, a respeito de um oficial do exército surpreendido por seu interesse por uma garota de 12 anos que ele não sabe ser já uma mulher madura, talvez tenha assegurado o seu sucesso.

Os primeiros filmes de Wilder chamaram mais atenção por seus diálogos sarcásticos, engenhosos e cínicos e uma visão desencantada das fragilidades e vícios de uma humanidade sórdida: após o semi-cômico thriller de guerra Cinco Covas no Egito/Five Graves to Cairo, Pacto de Sangue/Double Indemnity>1 vinculou um assassinato à ganância, dolo e lascívia adultéra; enquanto em Farrapo Humano/The Lost Weekend, um escritor alcóolatra é tão atormentado por seu desejo de beber ao ponto de mentir para seus entes queridos. Em ambos os filmes, a dependência de Wilder das convenções sombrias do cinema noir tendeu a mascarar sua fundamental ausência de interesse na capacidade do cinema para elaborar sentido através da visualidade, enquanto obras posteriores como A Valsa do Imperador/The Emperor's Waltz e A Mundana/A Foreign Affair seu estilo orientado para os diálogos e essencialmente acadêmico foi mais evidente.

Crepúsculo dos Deuses/Sunset Boulevard>2, uma sátira ácida sobre Hollywood, apresentava uma relação de mútua exploração entre alguém que fora uma rainha do cinema silencioso, que sonha com um retorno e um roteirista sem um tostão que se torna seu gigolô, pode ter sido uma narrativa mais penetrante da desilusão e do fracasso, com Wilder permitindo a seus personagens um pouco mais de dignidade. De fato, tão frequentemente suas criações foram meramente porta-vozes para sua escrita irritada e venenosa (mas que seres humanos redondos que respiram e vivem), que seu cinismo aparenta ser grandemente raso. Seu primeiro filme após o fim da pareceria com Brackett, A Montanha dos Sete Abutres/Ace in the Hole (The Big Carnival)>3 é uma exceção, tão vasta é sua visão corrosiva da humanidade. Não apenas o ambicioso repórter do tabloide que deliberadamente retarda o salvamento de um homem preso em uma caverna como forma de alavancar sua carreira, mas a maior parte do público que desce como abutres excitados para a tragédia que se anuncia, são vítimas do desprezo implacável de Wilder. Porém, filmes posteriores - Inferno 17 (sobre uma história de cão comendo cão em um campo de concentração), Sabrina (um perverso triângulo amoroso), O Pecado Mora ao Lado/The Seven Year Itch (uma fantasia masculina impregnada de lubricidade misógina de meia-idade) e Amor na Tarde/Love in the Afternoon (um romance entre um casal de idades bastante distantes e o primeiro filme de Wilder de uma longa parceria com seu co-roteirista I.A.L. Diamond) combinava uma visão supostamente escabrosa das relações sexuais com um romantismo hesitante que resultaram em finais felizes nada convincentes e, por vezes, piegas.

Embora Quanto Mais Quente Melhor/Some Like It Hot>4, tenha sido certamente o mais divertido dos filmes dos anos 50 de Wilder, sua agradável paródia frenética dos filmes de gangster (após testemunharem o Massacre de St. Valentine's Day, dois músicos se travestem e se escondem em meio a uma banda de jazz exclusivamente feminina) sofreu com os ofensivos estereótipos femininos. Marilyn Monroe  é somente um objeto ingênuo e acéfalo do lascivo olhar masculino, enquanto a personificação feminina de Jack Lemmon, particularmente, é uma visão grotesca da feminilidade. De todo melhor, apesar de outro final evasivo, Se Meu Apartamento Falasse/The Apartment>5 de fato reconhece a existência de uma dor emocional quando um empregado de escritório ambicioso (que sonha com uma promoção, permite que seu nome seja usado por seus superiores para uma ilícita garçoniere) se apaixona pela amante de seu chefe; o humor negro em relação as práticas de trabalho em escritório foram consideravelmente aprofundadas por esse raro interesse no sentimento humano. Desde então, no entanto, os anos 60 testemunharam um retorno de Wilder a simples zombaria: vívido somente pela presença de James Cagney, Cupido Não Tem Bandeira/One, Two, Three lida com clichês sobre a Guerra Fria; supostamente audaciosos em seu marcado interesse pelo sexo, Irma La Douce e Beija-me Idiota/Kiss Me, Stupid foram ao mesmo tempo grosseiros, tímidos e complacentes; e Uma Loura por um Milhão/The Fortune Cookie (Meet Whiplash Willie) foi uma sátira simplória sobre advogados charlatães, raramente indo além do banal contraste entre o oportunista calculista de Walter Matthau e o atônito inocente de Lemmon.

Wilder iniciou os anos 70 promissor com dois de seus melhores filmes, ambos os quais deram vazão por completo ao romantismo que havia sido debilitado por suas sátiras cínicas. Em A Vida Íntima de Sherlock Holmes/The Private Life of Sherlock Holmes>6, seu tom foi tanto respeitoso quanto afetuosamente paródico  dos livros originais de Conan Doyle, enquanto uma trama criativa, complexa e elegíaca serviu não somente para confrontar a notória misoginia do detetive quanto para sugerir razões para que tenha se transformado em uma fria e detalhista máquina de pensar. Avanti!...Amantes a Italiana/Avanti!>7 foi não menos lírico, a despeito de sua história potencialmente desastrosa sobre um casal de meia-idade que se junta após a morte de seus respectivos pais, eles próprios amantes secretos que aguardam ser enterrados na Itália; novamente, a natureza farsesca da situação é ofuscada pelo evidente compromisso de Wilder com as vidas emocionais sutilmente descritas de seus personagens. Seus últimos três filmes, no entanto, marcam um evidente declínio: A Primeira Página/The Front Page foi uma lamentavelmente impetuosa e desnecessária refilmagem da clássica comédia de Hecht-MacArthur; Fedora, um afetado retorno aos temas de Crepúsculo dos Deuses e Amigos, Amigos, Negócios à Parte/Buddy Buddy (sobre um suicida sempre se intrometendo com um assassino) uma redundante e nada divertida refilmagem da farsa de humor negro Fuja Enquanto é Tempo/L'Emmerdeur, de Edouard Molinaro.

Desde então, Wilder parece ter se retirado do trabalho de realizador. A prioridade que ele deu a escrita sobre a direção resultou que a maior parte de seus filmes é tão frustrante (em suas insinuações do que poderiam ter sido) quanto imperfeita. Sem dúvida, ele é um grande roteirista, mas somente quando dá vazão completa tanto ao seu cinismo quanto ao seu romantismo, faz com que seus personagens pareçam ganhar vida.

Cronologia
Wilder pode ser comparado com Lubitsch e com outros roteiristas tornado diretores predominante cômicos como Preston Sturges, Mankiewicz, Mazursky, Levinson e James L. Brooks.

Leituras Futuras
Billy Wilder (Londres, 1969), de Axel Madsen, The Hollywood Professionals Vol.7 (Londres, 1980), de Leland Poague. Billy Wilder in Hollywood  (Nova York, 1977), de Maurice Zolotow, é biográfico.

Destaques
1. Pacto de Sangue, EUA, 1944 c/Barbara Stanwyck, Fred MacMurray, Edward G. Robinson

2. Crepúsculo dos Deuses, EUA, 1950 c/Gloria Swanson, William Holden, Erich von Stroheim

3. A Montanha dos Sete Abutres, EUA, 1953 c/Kirk Douglas, Jan Sterling, Bob Arthur

4. Quanto Mais Quente Melhor, EUA, 1959, c/Jack Lemmon, Tony Curtis, Marilyn Monroe

5. Se Meu Apartamento Falasse, EUA, 1960 c/Jack Lemmon, Shirley MacLaine, Fred MacMurray

6. A Vida Íntima de Sherlock Holmes, Reino Unido, 1970 c/Robert Stephens, Colin Blakely, Geneviève Page

7. Avanti...Amantes à Italiana, EUA-Itália, 1972 c/Jack Lemmon, Juliet Mills, Clive Revill

Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989, 317-9,


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