Filme do Dia: The Lesser Evil (1912), D.W. Griffith
Lesser Evil (EUA, 1912). Direção: D.W. Griffith. Rot.
Original: George Hennessy. Fotografia: G.W. Bitzer. Com: Blanche Sweet, Edwin
August, Mae Marsh, Alfred Paget, Charles Hill Mailes, Charles West, Robert
Harron, Harry Hide.
Jovem garota (Sweet), apaixonada por
um pescador (August) simples e de bom coração é raptada por um grupo
de contrabandistas quando involuntariamente flagra suas atividades e carregada
junto para o barco pesqueiro. O pescador percebe o rapto e imediatamente vai em
busca de socorro da guarda costeira. Enquanto isso, no barco, o capitão
(Paget), sob o risco de sua própria vida, protege a jovem de uma turba incontrolada
que a quer em suas mãos, chegando inclusive a assassinar um dos homens. Quando
a situação se encontra em vias de ser dominada pelo grupo de contrabandistas, a
guarda costeira faz a abordagem e a jovem permite que o capitão consiga fugir
pulando no mar.
Esse filme, que segue tipicamente as
estratégias do realizador com relação a apresentação de narrativas sobre a
“inocência desprotegida” de garotas também ambientadas no Oeste Selvagem (tais
como The Lonedale Operator e The Girl and Her Trust), conta com uma
montagem bem mais dinâmica que os primeiros filmes realizados para o mesmo
estúdio, quatro anos antes. A montagem aqui evidentemente tem como função
acentuar o caráter de suspense e ganha uma dimensão de cruzamento triplo em que
cenas do capitão protegendo a garota em sua cabine se contrapõe a dos
malfeitores à espreita e ambas ao barco da guarda costeira que se aproxima para
o salvamento final. Há um retrato particularmente nuançado do capitão do barco,
inicialmente apresentado somente como grosseiro, rude e desumano no tratamento
de seus subordinados e, posteriormente, ainda que tal característica se
perpetue, também demonstrará ser um zeloso protetor da honra da jovem ameaçada,
chegando inclusive em cogitar atirar na cabeça da jovem para salvá-la do risco
da humilhação e do estupro coletivo – cenas em que a opção entre honra e vida
são comuns na filmografia de Griffith, por vezes sendo a primeira a escolhida,
como em célebre sequência de O
Nascimento de uma Nação (1914). Perceber que mesmo ambientadas ambas no
litoral, existe uma diferença entre o retrato mais poético que se faz da vida
de uma comunidade de pescadores em O Mar Imutável, em que o ambiente se torna fundamental para a construção da
narrativa e a utilização meramente como pano de fundo para que uma ação
motivadora do suspense ocorra, como aqui, representações típicas de dois dos
modelos básicos da narrativa griffithneana no período. Aqui, igualmente, a
função da elaboração sofisticadas dos ângulos e da profundidade de campo, um
dos pontos altos de O Mar Imutável (1910) se
faz menos necessário que o do dinamismo proporcionado pela montagem paralela.
Biograph. 17 minutos.
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