Filme do Dia: O Sétimo Véu (1945), Compton Bennett

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O Sétimo Véu (The Sevent Veil, Reino Unido, 1945) Direção: Compton Bennett. Rot.Original: Muriel Box & Sidney Box. Fotografia: Reginald H. Wyer. Música: Benjamin Frankel. Montagem: Gordon Hales. Com:James Mason, Ann Todd, Herbert Lom, Hugh McDermott, Albert Lieven, Yvonne Owen, Muir Mathieson.
          Francesca Cunningham (Todd), jovem pianista de sucesso, foge da clínica onde se encontra internada e tenta o suicídio pulando de uma ponte. Um psicanalista, dr. Larsen (Lom), acredita que pode realizar um tratamento que a levará a cura. Trata-se, afirma o doutor, de um equivalente a retirada dos véus da dança dos véus. Todas as pessoas, ainda que no grau mais elevado de intimidade, só conseguir ir até o sexto véu; o tratamento pretende, como Salomé, ir até o sétimo. Após conseguir sedá-la com uma injeção, ele inicia uma sessão de hipnose onde Francesca lhe revela toda sua vida. A perda do pai aos 14 anos leva-a a morar com um primo de segundo grau, o seco Nicholas (Mason), em uma mansão com ninguém de sua idade ou sexo. Traumatizado com a partida da mãe com um aventureiro, Nicholas é um renitente misógino e sente-se enojado quando Francesca beija-o e abraça-o espontaneamente, após saber que ele a havia matriculado em uma escola de música - sua grande paixão frustrada fora a música, mas no dia em que iria receber uma bolsa de estudos da escola, leva palmatória no lugar de sua amiga Susan Brook (Owen), a mentora de um passeio no horário da aula e faz uma péssima apresentação. Investindo na carreira de Francesca, quando Nicholas percebe que esta se encontra apaixonada por Peter Gay (McDermott), saxofonista que toca em boates, e procurando se libertar de sua opressão tirânica, leva-a por uma estadia de sete anos em diversos países como a Itália e a França. Após retornar a Inglaterra, procura por Peter, mas resiste a falar sobre o que acontecera na noite do reencontro. Nicholas convida um celébre pintor, Maxwell Leyden (Lieven), a realizar um retrato de Francesca. Ambos se apaixonam. Leyden convida Francesca a passar uma temporada com ele na Itália. Quando conta tudo a Nicholas, Francesca, que tocava uma peça de Schubert ao piano sofre com a reação irada de Nicholas que fere sua mãos com sua bengala. Transtornada, Francesca abandona a casa com Leyden, que acabara de chegar. Porém, no caminho para a Itália, o carro choca-se com outro e Francesca fica com as mãos feridas. Ela acredita que nunca mais poderá voltar a tocar. Buscando entrar em contato com os três homens que foram referenciais na sua vida, o tratamento do dr. Larsen culmina em uma noite de rememoração a partir de músicas que haviam marcado a vida afetiva de Francesca como a peça de Schubert e uma valsa que costumava dançar com Peter, com a presença dos três homens. O doutor afirma que ela se encontra curada, porém como agora já não desenvolve laços de dependência afetiva como antigamente, sua reação poderá ser inesperada e chocar aqueles que a conheceram anteriormente. Francesca quando desce  escolhe ficar com Nicholas.

Drama psicológico viciado pela usual apresentação simplória e esquemática dos tratamentos psicanalíticos pelo cinema, que eram lugar comum na produção americana (e esse filme, nada fica há dever em sua estrutura, ao cinema americano médio de sua época, inclusive levando o prêmio da Academia de roteiro) de então, dos mais ilustres desconhecidos até Quando Fala o Coração (1945) de Hitchcock. Sua estrutura acadêmica e convencional apenas reforça a sensação de deja vú. De interessante a forte interpretação de Mason - Kubrick certamente deve ter visto o filme e provavelmente não será coincidência que o ator vivencie uma relação semelhantemente ambígua com uma jovem em Lolita (1962)  - e não muito mais. Influência subliminar de Dickens (até no nome do personagem de Mason). Não há como não fugir de um rídiculo involuntário com a facilidade da “cura” da jovem ou a seqüência em que os três homens esperam ansiosos por quem afinal ela irá decidir ficar. Ortus Films. 90 minutos.

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